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Distant Worlds music from Final Fantasy 2023: um sonho distante que enfim virou realidade no Brasil

O nome da turnê é uma referência à música homônima “Distant Worlds”, tema de encerramento da expansão Chains of Promathia de Final Fantasy XI cantado originalmente por Izumi Masuda – Foto: Rafael Strabelli

Por Alexei Barros

Iniciada em 2007 por ocasião do aniversário de 20 anos da série Final Fantasy, a turnê Distant Worlds produzida pelo maestro Arnie Roth enfim aterrissou em território brasileiro em 2023 com uma apresentação em São Paulo no dia 28 de setembro e outra no Rio de Janeiro em 1 de outubro. Por muitos anos, eu achava que isso seria quase impossível, mas comecei a ficar mais otimista a partir do Piano Opera 2016 por causa da inacreditável vinda de Nobuo Uematsu ao Brasil. Foram mais sete anos para virar realidade – 16 anos de espera no total!

Por mais que o país tenha milhares de jogadores e o mercado nacional esteja cada vez mais consolidado, o fato de o Brasil ser subdesenvolvido parecia ser um elemento determinante para ficar fora da rota dessas apresentações que costumam acontecer na América do Norte, Europa, Ásia e Oceania. Afinal de contas, devem ser levados em conta custos elevados de produção, viabilidade comercial para todos os envolvidos, espaço na agenda das casas de espetáculo, datas para ensaios da orquestra local etc. Porém, no caso do Distant Worlds, havia um agravante: a turnê já tinha visitado dois países da América do Sul na década passada: Argentina em 2013 e Chile em 2014. Para completar, o Brasil, mais especificamente São Paulo, teve em 2018 o Kingdom Hearts: Orchestra e, em 2019, o Kingdom Hearts Orchestra – World of Tres- (este com presença da Yoko Shimomura!). Ou seja, se havia público brasileiro para concertos tão específicos assim de uma série da Square Enix – ainda que com o apelo turbinado pela popularidade dos filmes da Disney –, como era possível a turnê da mais famosa franquia da gigante dos RPGs nunca ter vindo ao país? Ao menos, vontade não faltava. “Na verdade, temos tentado trazer o Distant Worlds para o Brasil há anos! Estou muito feliz por finalmente estarmos nos apresentando no Brasil!”, afirma Arnie Roth em declaração ao site Final Fantasy Brasil. Sergio Murilo Carvalho, diretor da Conexão Cultural, empresa que viabilizou a visita da turnê, revelou em entrevista para o IGN Brasil que as negociações começaram em 2016 ou 2017, mas a agenda apertada do Distant Worlds dificultou o processo. Era claro que havia uma demanda enorme para isso, pois o anúncio dos espetáculos no país aconteceu no dia 6 de julho, e dois meses depois os ingressos do Espaço Unimed em São Paulo quase esgotaram – apesar de que no Jeunesse Arena no Rio de Janeiro deu para ver muitos assentos vazios. Belo Horizonte e outras praças chegaram a ser discutidas, mas não puderam por falta de datas livres da turnê, que tem um concerto marcado em Singapura para o dia 6 de outubro.

Antes da récita, ao conferir o site oficial do Distant Worlds, eu fiquei cético com um aspecto: “O vencedor do Grammy, Arnie Roth, conduz a Orquestra Sinfônica Villa Lobos e coro – mais de 100 músicos no palco tocando as amadas músicas de Nobuo Uematsu, Masayoshi Soken e muitos mais”. O site do Cine in Concert foi mais específico, falando em “90 músicos e 32 coralistas”. O motivo da preocupação: a Villa Lobos era justamente a orquestra que tocou na maioria das apresentações do Video Games Live no Brasil, incluindo o VGL 2009 (na qual eu contabilizei cerca de 25 instrumentistas e 15 coristas), além do já citado Kingdom Hearts Orchestra – World of Tres- (que eu não pude comparecer). Felizmente, meu pessimismo foi embora ao visualizar várias fileiras de cadeiras em cada lado do palco e seis contrabaixos apoiados no chão, sendo possível constatar que a Villa Lobos estava em sua formação completa ou então foi reforçada para a ocasião. Se não foram exatamente 90 instrumentistas, provavelmente foi um número perto disso. E devo dizer que a performance da Villa Lobos foi muito competente. Posicionado à esquerda do palco, o Coral Lírico Villa Lobos (cujo nome eu só ouvi no anúncio de Arnie Roth na apresentação e não vi no material de divulgação), foi bem ensaiado e estava em bom número (30 pessoas), mas não tinha uma potência vocal avassaladora, o que é esperado pela faixa etária mais jovial dos coristas que foram selecionados dentre mais de mil candidatos.

Como não se tratava de uma sala de concerto com tratamento acústico, os instrumentos e coristas foram microfonados. Eu ouvi alguns leves esbarrões nos microfones em dados momentos, mas nada que comprometesse a performance que, diferentemente do VGL que usa playback como suporte, foi 100% realizada ao vivo. Considerando que as partituras que foram tocadas não são extremamente desafiadoras e não exigem virtuoses (como seria, por exemplo, o pianista da “Final Battle” do FFX), bastava que os números fossem devidamente ensaiados por esses músicos – em cada cidade, quem comprou o ingresso podia assistir ao ensaio final realizado horas antes da apresentação sem custos adicionais.

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The Orchestral SaGa -Legend of Music-: à espera de um álbum lendário

The Orchestral SaGa_003

A FILMharmonic Orchestra Prague é conhecida por um longo histórico de performances em concertos e trilhas de games


Por Alexei Barros

Apesar da qualidade e da excelência musical da série SaGa, a franquia tem uma representatividade muito pequena em arranjos orquestrais, seja em concertos ou álbuns. Mais isso vai mudar um pouco com o lançamento do CD duplo The Orchestral SaGa -Legend of Music-, que acontece hoje, dia 23 de março no Japão.

Gravado no Rudolfinum’s Dvořák Hall com a FILMharmonic Orchestra Prague na cidade de Praga na República Tcheca, o primeiro disco contém dez faixas em formatos de medleys. As seleções percorrem músicas de todos os compositores da série, desde o início com Nobuo Uematsu e Kenji Ito, até a era impressionista de Masashi Hamauzu, passando pelas faixas de Ryuji Sasai e Chihiro Fujioka em Jikuu no Hasha: SaGa 3.

A melhor decisão que podiam tomar é deixar os arranjos sob os auspícios de Kousuke Yamashita. Já pude ouvir diferentes trilhas de games, animes, J-dramas e tokusatsus e é impressionante o talento do japonês com músicas orquestrais. Entre tantos arranjos para os concertos de Monster Hunter, ele também arranjou e regeu o Nobunaga no Yabou 30th Anniversary Concert. Curiosamente, é a primeira colaboração de Yamashita com a Square Enix.

Na página oficial do The Orchestral SaGa -Legend of Music-, é possível ouvir diversos samples. Destaco a surpreendente aparição da “Battle Theme I” do Unlimited Saga na faixa 1, a “Decisive Battle! Saruin” do Romancing SaGa na faixa 5 e a “Feldschlacht I” do Saga Frontier II na faixa 9.

O segundo CD, por sua vez, traz apenas quatro faixas e foi gravado no Japão. Pelo que entendi nesta entrevista que Kenji Ito concedeu ao 4Gamer.net, na verdade são arranjos originalmente preparados para o Imperial SaGa, jogo da série para browser, mas acabaram ficando de fora. As releituras desse disco foram feitas pela Natsumi Kameoka e se diferem por terem bateria, baixo elétrico e guitarra. Chamo a atenção para a “Seven Heroes Battle” do Romancing Saga 2 e a “Four Demon Nobles Battle 1” do Romancing SaGa 3 na faixa 4 desse disco.

Claro que nem tudo é perfeito: ainda vou ficar sonhando com a “Searching for the Secret Treasure” do SaGa 2 Hihou Densetsu, a “Battle #1” do SaGa Frontier e a “Battle 1” do Romancing SaGa orquestradas. Já posso imaginar outro álbum nesse formato?

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O compositor Kenji Ito e o arranjador Kousuke Yamashita foram até Praga para supervisionar a gravação das partituras

[via 4Gamer.net e Square Enix]

Final Fantasy Orchestral Album: tudo por um medley

Por Alexei Barros

Ouvir as 23 faixas do Final Fantasy Orchestra Album me deixa um sentimento duvidoso: ao mesmo tempo em que o álbum traz coisas que vinha pedindo desde o início da turnê Distant Worlds (mais faixas da era 16-bit, uma faixinha do FXII que fosse), essas novidades se diluem em arranjos já tocados, repetidos e exaustivamente gravados (alguns há uma década).

Essa sensação já estava presente no Distant Worlds: music from Final Fantasy (2007) e depois Distant Worlds II: more music from Final Fantasy (2010). A desculpa era: “agora os arranjos vão receber gravações definitivas em estúdio, sem qualquer interferência da plateia”. Daí veio o Distant Worlds: music from Final Fantasy Returning Home. A desculpa foi: “gravação de concerto no Japão, desde 2006 não acontecia nada lá”.  E agora com o Final Fantasy Orchestral Album (mesmo que o álbum não seja da turnê, é dos mesmos produtores) passou a ser: “todas as músicas vão estar em uma qualidade superior, em Blu-ray de áudio”. Eu me pergunto se em 2013 haverá outro lançamento requentado – porque as desculpas, com todo o respeito, já acabaram. Se for levada adiante a tradição de publicações anuais de álbuns, não deve fugir muito disso.

Para completar, a produção fez um expediente que eu considero ainda pior que é incluir as músicas orquestradas já presentes nas trilhas originais ou álbuns arranjos antigos, tendo como subterfúgio a qualidade 24bit/96kHz. É o que acontece com oito faixas do álbum, como a “Memory of the Wind ~Legend of the Eternal Wind~” do Final Fantasy III Original Soundtrack ou a a “Fang’s Theme” do Final Fantasy XIII Original Soundtrack. Os créditos não deixam enganar que são as mesmas gravações dos álbuns citados, mas em qualidade superior. Misturar essas faixas com as novas não é algo que considero digno de um álbum de aniversário de 25 anos da série.

Com isso passado a limpo, finalmente me sinto mais confortável para falar dos novos segmentos gravados pela FILMharmonic Orchestra Prague no Rudolfinum, Dvorak Hall, na República Tcheca. Não todos, porque outra leva se resume a novas gravações de arranjos já conhecidos, como o “Medley 2002”. Espremendo a laranja, temos isto de arranjos seminovos ou inéditos (alguns eu já comentei em posts passados nas apresentações do Distant Worlds):

04 – “The Dreadful Fight” (Final Fantasy IV)
Original: “The Dreadful Fight”

Composição: Nobuo Uematsu
Arranjo: Rika Ishige

Final Fantasy IV? Tô dentro. Todo o impacto, a emoção e o sentimento de perigo deste tema de batalha contra chefes do primeiro episódio da série para SNES está aqui, traduzido para as nuances da orquestra. Como já havia afirmado, a faixa original é bastante curta e isso permite variações um pouco mais ousadas na interpretação. A novata Rika Ishige fez isso, explorando a percussão, o naipe de cordas e as alternâncias de metais. Um estouro. Não achei que viveria para ouvir mais FFIV orquestrado em pleno 2013 – não preciso contar de novo o quanto o jogo foi negligenciado através desses anos, preciso?

08 – “Opera “Maria and Draco” Full Version” (Final Fantasy VI)
Originais: “Overture” ~ “Aria Di Mezzo Carattere” ~ “The Wedding Waltz ~ Duel” ~ “Aria Di Mezzo Carattere”

Composição: Nobuo Uematsu
Arranjo: Shiro Hamaguchi e Tsutomu Narita
Solistas: Etsuya Ota (mezzo soprano), Tomoaki Watanabe (tenor), Tetsuya Odagawa (baixo)
Coral: Taeko Saito, Eri Ichikawa, Saeco Suzuki, Maiko Tachibana
Narração: Masao Koori

Este número está intitulado “Full Version” porque à versão arranjada por Shiro Hamaguchi que estreou no Tour de Japon, foram acrescentadas as novidades implementadas no arranjo “Darkness and Starlight”, presente no último álbum da finada banda The Black Mages: narração (cadê o balde para eu vomitar?) e um novo excerto que não existia no jogo e inclui a participação do coral. Basicamente, essa parte que só conhecíamos por meio das guitarras e pelo coro formado pelos integrantes do Black Mages foi orquestrada pelo Tsutomu Narita – é um tema de batalha bastante empolgante. Talvez pelo fato de agora serem coristas profissionais e não os próprios músicos dos Black Mages e, justiça seja feita, a narração, na companhia da orquestra, não soar tão deslocada quanto com a banda, o resultado foi melhor. Porém, ainda fico com a épica, avassaladora e paradigmática versão “The Dream Oath ‘Maria and Draco'” de 23 minutos do Orchestral Game Concert 4, única de todas a incluir a “Grand Finale?” (da batalha contra o Ultros), mesmo que não exista um consenso de que essa música faz parte da ópera.

09 – “The Mystic Forest” (Final Fantasy VI)
Original: “The Mystic Forest”

Composição: Nobuo Uematsu
Arranjo: Hiroyuki Nakayama

Posso fazer uma confissão: por mais que o FFVI seja o meu favorito e não exista, na minha opinião, uma faixa ruim desse jogo, eu não morro de amores pela “The Mystic Forest” a ponto de querer que ela fosse orquestradas antes de tantas outras. Mas, tudo bem, não há o que reclamar se este é um arranjo novo da era 16-bit. Mesmo que a versão do Symphonic Fantasies soe mais misteriosa pelo coral, esta tem o seu valor. O trecho na flauta é uma pintura e as cordas nos levam de volta às florestas labirínticas do FFVI.

13 – “Eyes On Me” (Final Fantasy VIII)
Original: “Eyes On Me”

Composição: Nobuo Uematsu
Arranjo: Shiro Hamaguchi e Tsutomu Narita
Vocal: Crystal Kay

Chega a ser inacreditável que uma das mais famosas composições do Nobuo Uematsu não vinha sendo tocada nos concertos da série. A única vez em que isso aconteceu, acredite, foi no Voices (2006), em uma interpretação voz e piano da Angela Aki. Versão orquestrada? Jamais executada ao vivo, incrivelmente. A canção original já tinha cordas e banda, e agora o Tsutomu Narita deu uma leve enriquecida na orquestração (agora tem umas trompas bem inseridas) e, como sempre acontece nos concertos de Final Fantasy, limando a bateria, o baixo e a guitarra. A graciosa voz da Crystal Kay combinou bem com a música, talvez deixando menos melosa do que com a Faye Wong.

17 – “Unfulfilled Feelings” (Final Fantasy IX)
Original: “Unfulfilled Feelings”

Composição: Nobuo Uematsu
Arranjo: Hiroyuki Nakayama

Tamanha a minha satisfação com os novos arranjos da era 16-bit, eu quase passei despercebido por este segmento. A música introspectiva e sintetizada com timbres que remetem ao cravo ganhou novas dimensões no arranjo do Nakayama, soando até bombástica e grandiosa em alguns momentos. Boa releitura, mas não me comoveu tanto.

21 – “The Dalmasca Estersand” (Final Fantasy XII)
Original: “The Dalmasca Estersand”

Composição: Hitoshi Sakimoto
Arranjo: Arnie Roth e Eric Roth

Neste momento ímpar, enfim temos o registro oficial da música orquestrada que foi originalmente assinada pelo Hitoshi Sakimoto. Ainda que não seja pelas mãos de um arranjador de excelência como o Hayato Matsuo, que tanto sabe lidar com o estilo do Sakimoto, a dupla de pai e filho Roth fez um bom trabalho arroz e feijão, isto é, um arranjo literal da faixa sintetizada (uma ótima escolha, aliás). Que a turnê Distant Worlds explore mais o mundo de Ivallice.

23 – “Battle Medley 2012” (Final Fantasy I~XIV)
Originais: “Prelude” ~ “Battle Scene” (Final Fantasy) ~ “Battle 1” (Final Fantasy II) ~ “Battle 2” (Final Fantasy III) ~ “Fight 2” (Final Fantasy IV) ~ “The Last Battle” (Final Fantasy V) ~ “The Decisive Battle” (Final Fantasy VI) ~ “Those Who Fight” (Final Fantasy VII) ~ “Force Your Way” (Final Fantasy VIII) ~ “Battle 1” (Final Fantasy IX) ~ “Otherworld” (Final Fantasy X) ~ “Awakening” (Final Fantasy XI) ~ “Boss Battle” (Final Fantasy XII) ~ “Blinded by Light” (Final Fantasy XIII) ~ “Prelude” (Final Fantasy)

Composição: Nobuo Uematsu, Kumi Tanioka, Hitoshi Sakimoto e Masashi Hamauzu
Arranjo: Hiroyuki Nakayama

Todo e qualquer aborrecimento se dissipou com a magnitude deste medley de temas de combate. Isso é algo que sempre me perguntei. As músicas de batalha são as que o jogador vai ouvir por mais vezes durante o jogo. Por que então a maioria delas nunca sequer foi arranjada oficialmente?

Por mais que a “Prelude” seja um início clichê para qualquer medley de diferentes jogos da série, o negócio vai esquentando até culminar em explosões de nostalgia. A “Battle Scene”, tema convencional das batalhas do primeiro FF, ficou estrondosa, e logo passa o bastão para a “Battle 1” do FFII, outro tema de batalha normal, que, com as mesmas alternâncias entre flautas e metais, cativa principalmente quem tem na memória os temas em versão 8-bit. No crescendo, a faixa alterna para a “Battle 2” do FFIII, desta vez um tema de chefe que me faz repensar em todos os milagres que o Uematsu concebia no NES. A música dá uma acalmada, mas só para enganar, indo para a geração 16-bit, com a caótica “Fight 2” (FFIV), mais um tema de chefe… Nessa, devo confessar que quase vim a falecer. O que é aquela tuba, penetrando as memórias, atravessando as emoções?

Mas pode ficar melhor na passagem para a “The Last Battle” (FFV), que toca na segunda metade da última batalha. Os metais se destacam no trecho mais fantástico da melodia, enquanto as cordas começam a tocar a… “The Decisive Battle” do FFVI! Há até um solo de piano, posteriormente acompanhado pela flauta, quando os metais voltam a tomar conta. Eis que surge…

A “Those Who Fight”, tema de combate normal do FFVII, já foi arranjada várias vezes, inclusive em versões melhores do que esta (como nas rendições com coral no Symphonic Fantasies e Symphonic Odysseys), mas o que importa? É arrepio atrás de arrepio. Depois de tanta empolgação, o medley dá uma esfriada com uma versão anticlimática da “Force Your Way”, tema de batalha de chefe do FFVIII, que começa no solo de piano e ganha o acompanhamento da orquestra e ficou… calmo demais. Em vez de entrar a 200 km/h e aproveitar o piano para tocar a introdução, essa parte começa a 20 km/h e termina a uns 50 km/h. Soa tão fora da rota que a seguinte já recupera a empolgação: a “Battle 1”, dos combates normais do FFIX. Daí a seguinte, meu amigo, foi um choque equiparável ao ouvir os temas 16-bit: a “Otherworld” do FFX! As guitarras e o vocal da canção heavy metal adaptadas para os metais da orquestra. Verdadeiramente chocante.

Mais uma nova desaceleração acontece com a “Awakening” do FFXI, que adquire mais empolgação com a entrada da percussão e as cordas afiadas. Na sequência, temos a redenção de Hitoshi Sakimoto com a “Boss Battle” do FFXII, mas, infelizmente, esse trecho não pega o tema por inteiro, deixando a parte que considero a melhor, de fora, para privilegiar a transição para a “Blinded by Light” do FFXIII, que não impacta como as demais por já ser orquestrada na trilha original, embora tenha uma ênfase maior nos metais.

O que deveria vir agora é um tema do FFXIV, certo? Só que de maneira picareta, pelo que li no fórum do VGMdb, essa repetição da “Prelude” é considerada a homenagem ao FFXIV. Aparece o logo de cada jogo em cada tema quando o Blu-ray é reproduzido, e nessa hora aparece o logo do MMORPG. Esses grandes momentos compensam os pontos baixos do medley e, por que não do álbum todo, deixando a impressão geral positiva.

Distant Worlds: music from Final Fantasy Returning Home: casa renovada para os próximos anos


Por Alexei Barros

Desfrutando das excelentes partituras preparadas para os concertos de Final Fantasy desde 2002, o Distant Worlds vem crescendo cada vez mais, revigorando o repertório com frequência. A Square Enix, satisfeita com o sucesso e recepção dos fãs, renovou o contrato por três anos, conforme divulgado na visita a Nova York.

Após dois CDs gravados em estúdio, foi lançado o primeiro produto ao vivo da turnê, Distant Worlds: music from Final Fantasy: Returning Home, pacote com um DVD e dois CDs lançado em 19 de janeiro no Japão e 1º de abril nos EUA cobrindo, em sua integridade, as duas apresentações realizadas em Tóquio ano passado, 6 e 7 de novembro, com a Kanagawa Philharmonic Orchestra e o Wagner Society Male and Female Choir. Execução excelente. Faço apenas uma ressalva à reverberação além do que considero ideal, não no nível estratosférico do Press Start The 5th Anniversary, é bom que se diga.

Muitas reprises, números requentados e algumas novidades interessantes, correspondentes aos recentes Final Fantasy XIII e Final Fantay XIV. Tomei a liberdade de abordar apenas os segmentos inéditos ou seminovos nos comentários. Você não espera que eu comente outra vez “One-Winged Angel”, espera?
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Concerto germânico terá arranjos inéditos de Zelda e Super Mario Galaxy

Por Alexei Barros

E não para! Apenas pelas recentes apresentações da WDR Radio Orchestra a Alemanha tem uma quantidade generosa de concertos de games – ombreando com a Suécia e atrás do Japão –, agora então a conta só aumenta.

Dia 7 de junho a Bayer Philharmoniker (daquela mesma Bayer dos analgésicos e do time Bayer Leverkusen) tocará no Bayer Kulturhaus uma récita centrada na game music japonesa, especificamente Square Enix e Nintendo. Três números da série Kingdom Hearts serão executados, aqueles mesmos arranjos da Natsumi Kameoka do álbum drammatica e do Sinfonia Drammatica e mais quatro partituras do Shiro Hamaguchi de faixas conhecidas de Final Fantasy – ainda assim, destas somente a “One-Winged Angel” foi tocada anteriormente em solo alemão no Fourth Symphonic Game Music Concert (2006).

A melhor parte é a da Big N: quatro segmentos de Zelda e três de Mario inéditos preparados pelo talentoso Roger Wanamo, o autor das suítes “Super Mario Bros. (Retro Suite)” e “Super Mario Galaxy (Galactic Suite)” do Symphonic Legends. Desde já conclamo pela boa vontade do público em compartilhar essas maravilhas no YouTube. A icônica “Kakariko Village” sempre achei uma tremenda injustiça ser tão pouco lembrada… e o que dizer da “The Legend of Zelda – A Link to the Past Suite”? Imagina se tiver a “Dark Mountain Forest”?

Abaixo o set list completo, sendo que os arranjos novos estão com as músicas originais, evidentemente.

Kingdom Hearts
“Destati” (Kingdom Hearts)
“The Other Promise” (Kingdom Hearts II)
“The 13th Anthology” (Kingdom Hearts I, II e Chain of Memories)

The Legend of Zelda
“Death Mountain”
“Hyrule Field”
“Kakariko Village”
– “The Legend of Zelda – A Link to the Past Suite”

Super Mario Galaxy
– “Luma & The Star Festival
“Rosalina in the Observatory”
– “Egg Planet & Wind Garden

Final Fantasy
“Zanarkand” (Final Fantasy X)
“Don’t be Afraid”  (Final Fantasy VIII)
“Theme of Love” (Final Fantasy IV)
“One-Winged Angel” (Final Fantasy VII)

[via Bayer Kultur]

Benyamin Nuss Plays Uematsu: quando o prodígio encontra o mestre


Por Alexei Barros

É raro um pianista atuar simultaneamente em orquestras e bandas de jazz. Ainda por cima tão jovem. Quanto mais gamer! Benyamin Nuss é tudo isso com somente 21 anos de idade e logo em seu álbum de estreia homenageia um dos mais afamados compositores de jogos com a missão ambiciosa de introduzir game music aos apreciadores de música erudita.

Filho do trombonista Ludwig Nuss e irmão do pianista Hubert Nuss, ambos compositores e jazzistas internacionalmente conhecidos, Benyamin iniciou o aprendizado de piano com seis anos de idade, e a partir de então iniciou uma trajetória de sucesso sendo agraciado com diversos prêmios, ao mesmo tempo em que buscava se inspirar na técnica e interpretação de pianistas clássicos, como Sviatoslav Richter e Vladimir Horowitz, e na capacidade de improvisação de pianistas jazzísticos, como Chick Corea e Herbie Hancock.

Até aí pouca relação com jogos eletrônicos na música, ainda que tivesse crescido jogando videogames. Foi então que o administrador da WDR Radio Orchestra, Winfried Fechner, conversou com ele sobre o concerto Symphonic Shades, e Benyamin compartilhou a admiração por game music. Dias depois recebeu uma ligação para gravar a “Turrican 3 – Payment Day (Piano Suite)”, na versão que acabou registrada no CD por se aproximar do intento original do compositor Chris Huelsbeck. Tratava-se de uma interpretação mais incisiva que a versão suave da “Turrican 3 – Payment Day (Piano Suite)” tocada pelo Jari Salmela na apresentação.

Mais famoso entre os fãs de game music Benyamin ficou no sucessor Symphonic Fantasies em 2009, desta vez participando do espetáculo ao vivo, na suíte de 15 minutos “Fantasy I: Kingdom Hearts”, em que o piano ganhou um destaque especial no arranjo de Jonne Valtonen. Em 2010, no Symphonic Legends, demonstrou incrível entrosamento com o violinista Juraj Cizmarovic na “Donkey Kong Country (Aquatic Ambiance)” arranjada por Masashi Hamauzu, e também tocou no bis “Encore (Currendo. Saltando. Ludendo)”.

A notoriedade na Alemanha também em breve se estenderá ao Japão. Em 30 de outubro o pianista participará do evento Shinzo Kukaigi 5 e nos dias 6 e 7 de novembro do Distant Worlds music from Final Fantasy Returning Home, todos a acontecer em Tóquio, também para promover o lançamento japonês do disco, que se dará dia 27 de outubro. Isso que de setembro a novembro Benyamin Nuss excursiona por diversas cidades da Alemanha e Luxemburgo com performances do álbum de debute.

Publicado pela renomada Deutsche Grammophon (Universal Music), o disco Benyamin Nuss plays Uematsu foi produzido por Thilo Berg, baterista alemão, líder de big bands e administrador do pianista, com consultoria de Thomas Boecker, produtor executivo dos concertos Shades, Fantasies e Legends. São 15 faixas no total, gravadas nos dias 1, 2 e 4 de maio de 2010 no SWR Studio na cidade de Kaiserslautern. A seleção visitou Final Fantasy, Blue Dragon e Lost Odyssey, e contou com arranjadores de renome na game music e fora dela.

Shiro Hamaguchi é o arranjador da Piano Collections Final Fantasy VII, Piano Collections Final Fantasy VIII e Piano Collections Final Fantasy IX, e ficou encarregado de Lost Odyssey. Jonne Valtonen, autor do supramencionado arranjo de Turrican 3, de Blue Dragon. E Final Fantasy foi divido entre os menos versados em game music: Bill Dobbins, jazzista americano que dirigiu a WDR Big Band de 1994 a 2002, Torsten Rasch, alemão modernista que arranjou a ousada “Super Metroid (Suite: Samus Aran – Galactic Warrior)” do Symphonic Legends, e o russo Alexander Rosenblatt, compositor de piano. Para completar, Benyamin Nuss escreveu uma faixa em homenagem a Nobuo Uematsu e vice-versa. O encarte do álbum merece ser elogiado. Traz um breve comentário de Uematsu de cada uma das 15 faixas em japonês, alemão e inglês. Serviço completo.

Uma pena que o “Rad Racer Medley” de 10 minutos e meio de duração não coube no CD, que possui 68 minutos, e está disponível exclusivamente em formato digital na iTunes. Como é um jogo de corrida, proporcionaria variedade à supremacia de RPGs. O sample é promissor, ainda mais sabendo que o medley é arranjado por Francesco Tristano Schlimé, pianista luxemburguês que gosta de experimentações. Não bastasse a restrição, por enquanto, aos residentes na Alemanha por conta da limitação da loja virtual da Apple, o medley não pode ser comprado separadamente. Ou seja, quem adquiriu o álbum físico e quiser comprar a “Rad Racer Medley”, é obrigado a pagar os 9,99 dólares por todas as músicas.

Diante de tudo isso, finalmente os comentários faixa por faixa depois do Hadouken.
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Symphonic Legends: o melhor presente de aniversário para uma produtora lendária


Por Alexei Barros

A Nintendo é paradoxal. Ao mesmo tempo em que a abrangência se manifesta ao atingir novos horizontes nesta geração com o Nintendo Wii, a restrição com as músicas é imensa. Por conta da baixa vendagem dos álbuns nos últimos anos, os lançamentos das trilhas originais são escassos e das arranjadas inexistentes. Quando ocorrem, visam a promover o jogo, não as composições, como os CDs promocionais da Club Nintendo. Se um concerto obtém a licença para executar faixas de direitos autorais da produtora e cria novos arranjos, a performance não pode acontecer sem prévia aprovação das partituras. Tal cuidado se justifica pela supremacia das franquias da Nintendo, é claro, e pelo que as trilhas representam no imaginário de videogames, com melodias incrustadas na memória graças ao vasto repertório musical criado por muitos compositores geniais em quase 30 anos.

A Nintendo foi introduzida aos concertos na série Orchestral Game Concert (1991-1995), citada tantas vezes por aqui não por acaso, porque exerce influência até hoje. Os tempos eram outros, e as cinco apresentações foram publicadas em CD. Depois disso, arranjos inéditos surgiram com maior visibilidade nas séries Symphonic Game Music Concert (2003-2007) e Press Start (de 2006 em diante), a primeira sem álbuns oficias e a outra sem nada da Nintendo no primeiro disco, Press Start The 5th Anniversary. Fora esses, alguns casos raros no Games in Concert e PLAY! A Video Game Symphony. A única iniciativa recente que gerou um álbum foi o Dairantou Smash Brothers DX Orchestra Concert (2002), concerto com músicas orquestradas do Super Smash Bros. Melee, ou seja, com muitas franquias da produtora.

Toda esta introdução para dizer que: sendo a Nintendo tão restrita e as músicas tão raras em apresentações, parece uma lenda que uma récita caprichada como o Symphonic Legends – music from Nintendo tenha ficado à livre apreciação no dia 23 de setembro de 2010, data em que a produtora completou 121 anos de fundação. E que presente de aniversário!

Ainda sem nome e nem temática, o concerto foi anunciado previamente em 24 de setembro de 2009 para exatamente um ano depois, graças à excelente recepção do Symphonic Fantasies. A data foi antecipada para o dia 23 de setembro, e o nome revelado: Symphonic Legends. Em março deste ano ocorreu a confirmação de que a Nintendo seria a homenageada. Detalhe: antes que as pessoas soubessem disso, 90% dos ingressos estavam esgotados. Posteriormente, foi comunicado que o formato seria uma mescla das inovações implementadas pelos concertos antecessores, trazendo arranjadores convidados de primeiríssimo nível, para mais tarde sabermos que jogo cada um foi incumbido.

Dois japoneses, dois alemães, dois finlandeses. Compositor de trilhas de animes como One Piece e Ah! My Goddess, Shiro Hamaguchi é conhecido nos videogames pelos principais arranjos de Final Fantasy nos concertos recentes da série. Hayato Matsuo, um dos discípulos de Koichi Sugiyama e compositor de Ogre Battle, orquestrou os temas de abertura e encerramento de Final Fantasy XII, entre outros arranjos, como do Shenmue Orchestra Version. Ambos do estúdio Imagine, recentemente participaram do Monster Hunter 5th Anniversary Orchestra Concert e do A Night in Fantasia 2009.

Nascido em Munique, Masashi Hamauzu, compositor de jogos como Unlimited SaGa, Sigma Harmonics e Final Fantasy XIII, foi a maior surpresa entre os convidados, já que é raro vê-lo arranjar músicas que não são de autoria dele, e quando aconteceram foram para solos de piano, não orquestrados. Também da Alemanha, mas da cidade de Dresden, Torsten Rasch é um compositor de música erudita contemporânea que morou 15 anos no Japão criando trilhas de filmes. No mundo dos games, fez um arranjo para o obscuro álbum Psychic Detective Series – The Best (1991) e mais recentemente a releitura para piano da “A Place to Call Home” do Benyamin Nuss Plays Uematsu.

Da Finlândia, Jonne Valtonen, o principal arranjador do Symphonic Shades e Symphonic Fantasies, desta vez dedicou-se exclusivamente ao poema sinfônico de Zelda. Por último, o conterrâneo Roger Wanamo, o mais jovem dos seis, tendo nascido em 1981, que foi quem mais me impressionou. Sua inventividade pôde ser mostrada já na “Fantasy III: Chrono Trigger/Chrono Cross”, em que foi coarranjador, com o uso constante de polifonias, transições fluidas e minúcias que exigem muita atenção para serem percebidas. Desta vez, Wanamo se superou com os dois segmentos de Mario, o que não é pouca coisa pelas composições serem do Koji Kondo, e pelo Encore, que é um emaranhado de faixas de diversos jogos da Nintendo.

Arranjadores de grande envergadura pedem por intérpretes igualmente competentes. O maestro sueco Niklas Willén conduziu mais de 125 pessoas: cerca de 80 integrantes da WDR Radio Orchestra, e mais 45 do coral State Choir Latvija. Como de praxe, Benyamin Nuss no piano e Rony Barrak na percussão foram os instrumentistas-solo. Diferentemente dos anos anteriores, não houve convidados japoneses para autógrafos, não que isso faça muita diferença para quem não esteve no Cologne Philharmonic Hall.

A ideia do produtor Thomas Boecker era apresentar as músicas da Nintendo com arranjos criativos. Para tal, foi dada total liberdade aos arranjadores. “É interessante ver como eles usaram essa liberdade. Porque há um momento em que é melhor trabalhar de maneira fiel à música original, e há um momento em que você pode introduzir diversas ideias próprias”, afirmou ao SEMO. Sou favorável à iniciativa de arranjos orquestrados que tragam uma nova ideia, desde que as músicas ainda possam ser reconhecidas. E isso aconteceu? É o que veremos adiante.

Antes de comentar individualmente segmento, vale destacar a escolha de jogos do repertório. Levando em conta que o Press Start é o único na atualidade a tocar arranjos novos da Nintendo, o programa do Symphonic Legends é uma benção pelas novidades, visto que Star Fox, F-Zero, Pikmin, Donkey Kong e Metroid jamais foram executados na série japonesa (Star Fox não em um segmento exclusivo). Há quem tenha sentido falta de outras franquias, como Fire Emblem, Mother, Kirby e Pokémon. Além de serem necessárias mais algumas horas de apresentação para poder incluir tudo, nem todas são populares na Europa, leve isso em conta. Dentre as ausências, só lamentei que Hirokazu Tanaka não fora representado pela importância que tem na história musical da Nintendo, ainda que a maioria dos jogos 8-bits seja difícil de imaginar com um número próprio.

Infelizmente, o streaming de vídeo não funcionou na hora do concerto conforme prometido anteriormente, e acabou restrito aos residentes na Alemanha. Mas todo o espetáculo pôde ser conferido de qualquer parte do mundo pelo rádio ao vivo, o que me trouxe boas lembranças do Symphonic Shades em 2008. Poucas horas depois sete dos dez segmentos podiam (e ainda podem) ser vistos no YouTube.

Depois do Hadouken muito mais sobre o Symphonic Legends, com links para os vídeos do YouTube e do Goear (a referência para quando mencionar a numeração de trechos específicos). Sobre o poema sinfônico do Zelda, ficarei devendo as faixas originais detalhadas (algumas foram citadas no texto), já que há muitos temas sobrepostos e variações, o que dificultou a listagem precisa.
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A Night in Fantasia 2009: eminente só no mundo da fantasia


Por Alexei Barros

Parece até um milagre hoje em dia: o lançamento da gravação de um concerto com arranjos inéditos e exclusivos em meio ao oceano de restrições de direitos autorais que aterrorizam as apresentações de game music, a maioria com versões recicladas. Mas minha empolgação é contida. Serei franco: ainda que o currículo da Eminence seja respeitável, eles ainda têm muito o que aprender com a produção, organização e divulgação, áreas que resistem em permanecer com um pé no amadorismo. Por exemplo, o que aconteceu com Valkyria Chronicles e Diablo III no set list e o Hitoshi Sakimoto na plateia, que chegaram a ser anunciados no site oficial?

Vou além. Mesmo a performance, sempre exaltada, não é tão exímia quanto deveria. Isso me leva a questionar as autopropagandas e o hype exagerado  no site oficial, Facebook e Twitter – na maioria das vezes dispensáveis, como aqui –, e os elogios exacerbados do grande séquito de fanboys espalhados pelo mundo. Eu me incluía no grupo de admiradores (ainda me mantenho, com ressalvas) mais extasiado pelas exclusividades do set list (Final Fantasy XII e The Legend of Zelda: Twilight Princess especialmente) do que pela primazia ou arrojo da execução, muito porque os registros são escassos.

O CD duplo do A Night in Fantasia 2009, que foi oficialmente anunciado para sair no dia 8 de janeiro de 2010, atrasou um pouco, nada digno de nota. Uns dois meses. Quem comprou por pré-venda no site da Eminence recebeu o álbum no final de março e início de abril. Considerando que a apresentação ocorreu dia 26 de setembro de 2009, seis meses é um tempo habitual que separa o concerto do lançamento do CD, então por que anunciar a data de maneira tão precoce? Além disso, em um primeiro momento a gravação seria feita em estúdio, não ao vivo – felizmente a qualidade de áudio é elogiável, com alguns aplausos mais efusivos no final de determinadas performances.

Como fiz na ocasião do concerto, quando comentei sobre as músicas de uma gravação amadora, falarei sobre cada faixa do disco 1 intitulado “Symphonic selection from Video Games” – seleção porque Command and Conquer: Red Alert 3, Darksiders, God of War II, Dragon Age: Origins e Metal Gear Solid 2 / 3 não entraram no CD. O disco 2 traz os segmentos de animes que tomei a liberdade de passar batido. É uma mistura interessante de quatro seleções de jogos japoneses e duas de ocidentais, sendo que estas nunca foram lembradas em outra oportunidade.

Pelo título do post, alguns podem pensar que o CD é um desastre. Claro que não é assim. Tem pontos positivos e negativos. É bom, mas não é tão eminente como comento depois do Hadouken.

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Ressonância curta, mas eminente

Soulcalibur Suite - The Resonance of Souls and Swords
Por Alexei Barros

De todos os trabalhos da australiana Eminence Symphony Orchestra (Odin Sphere, Valkyria Chronicles etc.), muito possivelmente Soulcalibur IV seja o jogo mais proeminente. Porém, a parceria entre o compositor Junichi Nakatsuru e a Eminence não acabou aí e foi estendida com o lançamento de Soulcalibur Suite – The Resonance of Souls and Swords, um EP de três faixas – embora a duração de cerca de 14 minutos pareça curta demais para classificá-lo como Extended Play –, vendido somente digitalmente na iTunes dos EUA e Japão, ou seja, disponível apenas para os residentes nesses países.

A trinca recebeu arranjos inéditos sob a batuta de Shiro Hamaguchi, simplesmente o principal nome nas orquestrações de trilhas e concertos de Final Fantasy. Promissor. Produzida e dirigida pelo spalla Hiroaki Yura, a gravação foi feita no Trackdown Scoring Stage, e utilizou o método Source-Connect, que permitiu uma conexão de áudio direta entre o estúdio na Austrália e os produtores e músicos no Japão.

Abaixo, a tracklist. O EP inteiro custa 2,97 dólares, e cada faixa pode ser comprada individualmente por 0,99 dólares.

01 Bearer of Fate
02 Voice of the Wind
03 Decisive Souls

[via Eminence Online]

“Proof of a Hero” – Monster Hunter (Monster Hunter 5th Anniversary Orchestra Concert)

Por Alexei Barros

Os mesmos solidários que desembolsaram 9440 ienes (por volta de 184 reais, sem impostos nem nada) para adquirir a versão limitada de Monster Hunter Tri fizeram o grandessíssimo favor de subir todos os 13 segmentos do Monster Hunter 5th Anniversary Orchestra Concert no YouTube, lembrando que o DVD está disponível somente nesse pacote e não será vendido, pelo menos por enquanto, separadamente.

Fico me perguntando porque a Suleputer (publicadora dos álbuns da Capcom) não o faz, uma vez que a gravação do concerto está excepcional, com diversos ângulos de câmera – melhor até do que o Gyakuten Meets Orchestra. Você sabe como é difícil as apresentações de games serem registradas profissionalmente, quanto mais as japonesas, por isso não poderia deixar passar a oportunidade em branco, mesmo sendo pouco familiarizado com as trilhas musicais da série Monster Hunter.

Também por somente ouvir ou então ver fotografias (quando muito), acabo não tomando as reais dimensões dos concertos. Aqui, em especial, é de ficar maravilhado com a grandiosidade e a competência da Tokyo Philharmonic Orchestra e a magnitude do Tokyo Art Metropolitan Space.

O vídeo que separei é o mais icônico tema da série, “Proof of a Hero”, o décimo número da apresentação, típico de música de cinema, arranjado por Shiro Hamaguchi (principal arranjador dos concertos de Final Fantasy) que fora executado anteriormente no Press Start 2006 e 2008. Por enquanto vai só esse, mas dá vontade de publicar todos os restantes (claro que com bastante intervalo de tempo entre um e outro).


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