Por Claudio Prandoni
Legend of Zelda: Skyward Sword é, sem sombra de dúvidas ou falsa humildade, o melhor jogo para Wii em 2011. Pudera, praticamente não tem competição: a Nintendona pisou feio no tomate nesta temporada e gastou mais tempo patinando com o 3DS e esqueceu do videogame branquinho.
Em minha opinião, porém, não se trata do melhor Zelda de todos os tempos, como pintaram a Edge, a Famitsu e um bocado de publicações a reboque pelo resto do mundo. De fato, não acho nem que seja um dos três melhores episódios desta longeva e sensacional franquia, mas ainda assim é um título decisivo, fulminante, que sintetiza o legado de 25 anos, celebrados nesta temporada e sela o destino da grife: daqui em diante tudo vai ser diferente.
Mais do que isso, PRECISA ser diferente.
Caso você não tenha jogado ainda e esteja preocupado com spoilers, vai na fé: nesta primeira parte vou procurar fazer minha análise sem entrar em detalhes que estraguem a brincadeira. Depois do salto interdimensional, porém (que será bem sinalizado, prometo), descasco sem dó a cebola, o que ajudará também a ilustrar minha tese de como Zelda: Skyward Sword fecha a conta, passa a régua e fecha uma longa cadeia de ciclos e tradições. Vamos lá!
Skyward Sword não renova, mas inova de monte nos controles. Zelda sempre foi sobre a experiência de interagir e mudar o mundo com suas ações e ferramentas, algo vivenciado de forma única e íntima por aqui.
Com o poder do MotionPlus e a experiência de cinco anos de estripulias com o Wii Remote, a Nintendo concebeu uma experiência ímpar: quase tudo que o jogador faz é feito igualzinho pelo herói Link e versa-vice. O golpe da espada é o mesmo balanço do jogador com o controle. Jogar a bomba ou rolar como bola de boliche? Tudo uma questão de escolha de movimento.
Manejar um chicote, girar artefatos, tocar uma harpa. Tudo é feito tal qual o herói na tela e isso gera uma satisfação enorme. Pessoalmente, associo muitos dos momentos marcantes do game a uma memória como a música do momento, a roupa que estou vestindo ou coisa do tipo. Skyward Sword consegue criar uma relação sem igual, em que a memória é exatamente igual – ou quase, vá lá – daquilo que o herói faz na tela.
Mas fico triste em dizer que para por aí a grande novidade brilhante de Skyward Sword. De resto é a mesma boa e velha fórmula de Legend of Zelda que, apesar de boa, já está velha e mostra sinais de idade. O game até tenta mascarar um pouco isso com uma engenhosa série de vai-e-vens por três áreas distintas que, sempre acometidas por novidades, mudam e transformam o desafio. Prova de game design inteligente e tal, mas confesso que fiquei de saco cheio e senti falta de maior variedade. O que era para ser uma verdadeira jornada épica acaba virando a maior treta do bairro, com Link fazendo pequenas quests de um lado para o outro.
Por outro lado, os controles também pecam com alguns excessos, como nos momentos de controlar um pássaro como meio de transporte ou nadar. Nestas ocasiões o uso do sensor de movimento do Wii Remote fica tão intuitivo quanto usá-lo como volante em Mario Kart, mas vem ao custo da precisão que acostumamos a ter nos direcionais e alavancas dos controles. Talvez, a inclusão da opção de escolha de controle em alguns momentos pudesse ter resolvido o problema.
Ainda há outros velhos clichês que teimam em não evoluir: a verborragia absoluta durante toda a aventura, com personagens entoando explicação atrás da explicação (às vezes até para coisas que você já sabe fazer!) e um sem número de diálogos vazios que só fazem aumentar o tempo de jogo – e nada mais. O visual parece sofrer crise de identidade também, ficando num meio termo do estilo realista de Twilight Princess, mas com o colorido absoluto à la desenho animado de Wind Waker. Na dúvida entre um e outro, ficou no meio do caminho e não me agradou. Prefiro a convicção sombria e exótica do Twilight ou a animação vibrante de Wind Waker.
Enfim, de maneira geral, Skyward Sword soa como um remake de uma velha e agradável experiência: tudo soa muito familiar, a sucessão de fatos é pra lá de previsível, mas com controles bem mais bacanas e uma ou outra firula inútil – como os sistemas de upgrades de armas e criação de poções, os quais não usei em nenhum momento para terminar o game.
Bom, paro por aqui de destilar minha tristeza e agonia com Skyward Sword. Vale o bordão: não é um jogo ruim, pelo contrário, é uma excelente produção. Contudo, frente a outros peso-pesados como Ocarina of Time, A Link to the Past, Twilight Princess e Wind Waker faltou feijão para este aqui fazer mais bonito e marcar mais época.
Daqui em diante vou entrar em spoilers super spoilerentos que podem zoar totalmente sua experiência caso você leia sem querer. Então, se você já terminou Skyward Sword ou não se importar em saber mais sobre sua história vá em frente – caso contrário marque aí na sua agenda para ler o resto do post depois que zerar o jogo!
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