Por Alexei Barros
O que pretendo com esse vídeo de uma música que já teve seu momento de brilho nos concertos de games antes de se tornar um dos segmentos mais mastigados de todos os tempos? Bom, não iria comentar se fosse qualquer performance…
Antes, sinto a necessidade de contextualizar a história por trás da “Metal Gear Solid Main Theme”, apesar de ser relativamente conhecida. Composto por Tappy Iwase, baterista da banda de jazz fusion Kukeiha Club da Konami e que depois seguiu como instrumentista em diferentes bandas e artistas de jazz, o tema foi usado na divulgação do primeiro Metal Gear Solid, mas no jogo em si a faixa está meio escondida. Para ouvi-la, é necessário terminar o jogo duas vezes e, na terceira, a “Metal Gear Solid Main Theme” toca no encerramento em vez da “The Best Is Yet To Come”. A popularidade da música aumentou com o arranjo “Metal Gear Solid Main Theme” de Harry Gregson-Williams que toca na abertura de Metal Gear Solid 2: Sons of Liberty. O mesmo motivo foi aproveitado em um pungente solo de violão na “Metal Gear Solid Main Theme MGS 3 Version”. Mas então…
O Hideo Kojima foi alertado sobre a notória semelhança da música com os segmentos “Troika” e “Winter Road” da suíte Snow Storm criada em 1975 pelo compositor russo Georgy Sviridov (1915-1998). Embora nunca tenha visto alguma declaração do Tappy sobre isso, a Konami preferiu abandonar o tema e, desde o Metal Gear Solid 4: Guns of the Patriots, ele não é mais utilizado. A sucessora “Metal Gear Saga” desse jogo aproveita o motivo da “Metal Gear Solid Main Theme MGS 3 Version”.
Lamentável que isso tenha acontecido, considerando que a música na versão do Metal Gear Solid 2 ficou bastante icônica, especialmente por ter sido tocada em diversos concertos pelo mundo. Se não me equivoco, isso aconteceu pela primeira vez no Second Symphonic Game Music Concert (2004) na Alemanha, e essa mesma partitura foi tocada nas apresentações da turnê PLAY! A Video Game Symphony, com arranjo do Fabian Del Priore e orquestração do Nic Raine. Essa versão e a que foi executada no Press Start 2006, que tem arranjo do Kousuke Yamashita, são totalmente acústicas, substituindo a bateria eletrônica da original pela bateria física, em diferentes níveis de participação. A única partitura que usa o playback para reproduzir a percussão eletrônica é a arranjada pelo Lennie Moore para o Video Games Live, que também se distingue das demais por interromper o tema principal com uma aparição bem inserida da “Encounter” do primeiro Metal Gear Solid.
Dito tudo isso, por que trago este vídeo do Games in Concert: Greatest Hits? O concerto holandês tocou a música logo em seu concerto de estreia, em 2006, e não existia nenhum registro decente da performance. E mesmo se houvesse, na ocasião ela tinha a dispensável participação do Eboman (lembra-se de como ele arruinou a execução de Shenmue?). Felizmente, essa reprise não conta com o rapaz.
Além do mais, a Metropole Orchestra arrebentou aqui mais uma vez. Somente no começo há o uso dos efeitos eletrônicos, mas depois a performance conta com a bateria física em uma atuação espetacular. Talvez ela tenha ficado apenas um pouquinho acima dos demais instrumentos que o ideal (lembrando que essa é uma gravação amadora), porém me surpreendeu os comentários no YouTube que achincalharam o baterista holandês Joost Kroon. De maneira alguma ele acoberta o resto da orquestra da forma como li – dá para ouvir muito bem as cordas.
Mas não acaba na bateria. Um diferencial em relação a todas as outras versões é que, além do baixo elétrico (que nem dá para ouvir tanto), a guitarra desempenha um papel fundamental – não há esse instrumento na faixa original. No início, o guitarrista usa até um slide durante o uso dos efeitos eletrônicos, então ele se junta à orquestra para depois despontar no clímax em um solo arrebatador. Coisa que só a Metropole Orchestra consegue fazer.
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