Archive for the 'Gran Turismo' Category

T-Square 45th Anniversary Celebration Concert: o inconcebível retorno de Masato Honda

Além dos integrantes atuais e ex-instrumentistas, o show teve dois guitarristas convidados e uma big band das mais encorpadas

Por Alexei Barros

É simplesmente inacreditável: o show de 45 anos do T-Square, realizado no Tokyo International Forum Hall A neste 21 de outubro de 2023, contou com a performance de Masato Honda. O talentoso saxofonista que participou da banda de 1991 a 1998 e tocou na apresentação de 20 anos, nunca mais tinha dado as caras em espetáculos do T-Square, ausentando-se das celebrações de 25, 30, 35 e 40 anos. Parece até mentira…

Mas, na verdade, isso era algo que estava esperando com bastante expectativa diante dos últimos acontecimentos. Depois da saída de Masahiro Andoh e do falecimento de Hirotaka Izumi em 2021, o futuro do T-Square não parecia dos mais promissores com apenas dois integrantes: Takeshi Itoh (sax e EWI) e Satoshi Bandoh (bateria), formando a banda que passou a ser conhecida por T-Square alpha. Eis que algo completamente inesperado aconteceu logo no álbum Wish (2022): Masato Honda voltou a colaborar com o T-Square, arranjando e tocando em três faixas. Esse disco também contou com a performance de Keiji Matsumoto (teclado), que chegou a ser integrante do grupo em 1999 e 2000 e nunca mais tinha aparecido. Posteriormente, Honda voltou a participar das apresentações do T-Square, tornando-se uma espécie de integrante honorário, já que com ele a banda é intitulada T-Square alpha X (o “X” é de “double saX”). Para celebrar esse retorno, foi realizado o show Welcome Back! Masato Honda lançado em Blu-ray em abril deste ano. Não bastasse isso, Honda compôs duas faixas inéditas para o álbum seguinte, Vento de Felicidade (2023). Por sinal, o disco conta com a participação de vários ex-integrantes como é de praxe nos CDs comemorativos. Além da “Stratosphere”, composição de Keiji Matsumoto já presente em seu álbum solo The Winds Of Spring, o disco conta com “Rooms With A View”, música póstuma de Hirotaka Izumi finalizada por Yuji Toriyama; e “Climax”, faixa assinada por Keizoh Kawano que é nada mais, nada menos do que música-tema do filme de Gran Turismo.

Dito isso, eu não consegui encontrar uma explicação minimamente plausível para o afastamento de Masato Honda durante todos esses anos. O regresso de Honda imediatamente após a saída de Andoh leva à óbvia conclusão de que havia um desentendimento entre os dois, mas para adicionar mais um ingrediente nesse mistério, Masahiro Andoh participou do show de 60 anos de vida do Masato Honda como se nada tivesse acontecido. Vai entender.

Falando especificamente do show de 45 anos, além da inevitável e sentida ausência de Hirotaka Izumi, não compareceram três figuras recorrentes: Junko Miyagi, a única mulher da banda e que tocou piano e teclado nos shows de 20, 30, 35 e 40 anos; Michael S. Kawai, primeiro baterista que esteve nas apresentações de 20, 25, 30 e 40 anos; e simplesmente Hiroyuki Noritake, um dos bateristas mais conhecidos do T-Square e que esteve em todos os espetáculos anteriores de aniversário. Sobre este último, especulou-se em comentários no YouTube que o conflito de agendas impossibilitou a sua participação, visto que ele costuma tocar com outros artistas, o que me parece plausível – espero que seja só isso mesmo. Dessa vez, não houve um piano acústico de cauda como nos tempos de Hirotaka Izumi. Em shows após o seu falecimento, os tecladistas Yudai Sato e Akito Shirai se revezaram ao piano, mas eles não participaram da apresentação de 45 anos. Com isso, foram estes os instrumentistas.

Guitarra e violão: Masahiro Andoh, Yuhji Mikuriya, Kazuma Sotozono, Kazumi Watanabe, Yuji Toriyama
Saxofone e EWI: Takeshi Itoh, Masato Honda, Takahiro Miyazaki
Teclado: Keiji Matsumoto, Keizoh Kawano, Daisaku Kume
Baixo: Toyoyuki Tanaka, Mitsuru Sutoh, Shingo Tanaka
Bateria e percussão: Kiyohiko Semba, Tohru Hasebe, Satoshi Bandoh

Trompete: Chihiro Yamazaki

Além de Kazuma Sotozono, um dos guitarristas que vêm substituindo Andoh nos shows mais recentes, os guitarristas Kazumi Watanabe e Yuji Toriyama foram convidados, tocando as mesmas músicas que eles participaram das gravações originais: “Freaky Rats” e “Climax” no caso de Watanabe e “Stratosphere” e “Rooms With A View” no que se refere ao Toriyama.

Falando mais sobre o set list, não achei que sobreviveria ver a impactante “Stiff Nails” ser tocada na abertura com três saxofones assim como no show de 20 anos. Apesar de toda a empolgação, eu ainda fico com a versão de 1998 por alguns fatores: aquela entrada sequencial das três baterias e os solos dos três saxofones no final não estão presentes nessa performance de 2023. Outra coisa que me incomodou é que, fora a “Stiff Nails”, a “Japanese Soul Brothers” e a “Truth” foram as únicas com três saxofones (na terceira, dois EWIs de Itoh e Miyazaki e um NuRAD de Honda) e todos os instrumentistas (exceção aos convidados Kazumi Watanabe e Yuji Toriyama que não participaram dessas músicas). As demais faixas buscam reunir os integrantes de determinadas épocas dentro das possibilidades e sem muitas surpresas (como os três baixos na “Sunnyside Cruise” do show de 35 anos).

Os meros retornos de Keiji Matsumoto e Masato Honda garantiram um frescor ao set list com músicas que nem sempre são lembradas – curiosamente, Kazuma Sotozono foi quem tocou a guitarra nessas faixas e não Masahiro Andoh. O trio “A Dream in A Daydream”, “Dali’s Boogie” e “Taking Mountain” corresponde ao período quase esquecido dos anos 1999 e 2000 em que Matsumoto era integrante. Já os anos áureos de Masato Honda foram relembrados no bloco “Ciao!!!”, “Little League Star”, “Natsu no Shinkirou” , “Theme for BBS” (que nem faz parte da discografia do T-Square e é da época de carreira solo do saxofonista), “Rise” e “Megalith”, com direito à participação nas quatro primeiras de uma big band, cujos integrantes apareceram em vários solos. Aliás, estranho as duas últimas também não terem big band, pois as originais contavam com metais. E ainda vou ficar sonhando com “Splash!” e “Samurai Metropolis”… No entanto, eu também senti falta dos metais em músicas que originalmente não tinham esses instrumentos, como ocorreu na “Celebration” do show de 25 anos ou na “Rondo” na apresentação de 35 anos.

Pude comentar minhas impressões sem muita demora porque o espetáculo foi transmitido e milagrosamente disponibilizado no Bilibili – não sei por quanto tempo. Trata-se de uma apresentação espetacular graças especialmente ao retorno de Masato Honda, mas sempre fica a sensação de que poderia ser ainda melhor, considerando tudo o que o T-Square já fez em 45 anos de história.

O fim da era Masahiro Andoh no T-Square

Por Alexei Barros

Masahiro Andoh, líder do T-Square, atualmente com 66 anos, anunciou que se aposentará da banda ao final da turnê do próximo álbum ainda a ser revelado. Eu já o mencionei várias vezes por aqui pelo fato de ele ser um dos principais compositores da série Gran Turismo, em especial nos jogos para PlayStation e PlayStation 2.

Em 42 anos como guitarrista do T-Square, Andoh colecionou vários obras-primas além da “Moon Over the Castle” de Gran Turismo. Entre músicas mais ou menos famosas, destaco: “Truth”, “Dans sa Chambre”, “Faces”, “Prime”, “Sailing the Ocean”, “Hawaii e Ikitai”, “Crown and Roses”, “Morning Star”, “Daisy Field”, “Big City”, “Yoake no Venus”, “Love for Spy”, “Kaze no Shonen”, “Full Circle”, “Crisis”, “Naughty Boy”… A lista vai longe.

Apesar da saída do fundador do grupo, isso não significa que o T-Square vai acabar: os integrantes remanescentes Takeshi Itoh (EWI e sax) e Satoshi Bandoh (bateria) vão seguir tocando com a banda que passa a ser conhecida como T-Square alpha. O T-Square já estava desfalcado de Keizoh Kawano (teclado), que anunciou sua saída no final do ano passado para se dedicar à recuperação de sua saúde. Em 2019, ele sofreu um AVC hemorrágico que limitou os movimentos do lado esquerdo do corpo, comprometendo sua atuação como instrumentista. Ele chegou a compor músicas inéditas para o álbum de 2020 intitulado AI Factory e até apareceu em algumas apresentações tocando teclado apenas com a mão direita, enquanto o novato Akito Shirai ficou responsável pela parte principal do teclado.

Andoh afirmou que não se aposentou como músico e eventualmente poderá participar das performances do T-Square alpha. Pelo que entendi no texto que comunicou sobre a sua saída, ele sentia o ano ficar cada vez menor conforme envelhecia com a rotina de produzir um álbum por ano e sair em turnê para tocar as músicas novas.

O futuro da banda é uma certa incógnita para mim, visto que o Takeshi Itoh raramente compõe, embora tenha músicas interessantes no currículo, como “Islet Beauty” e “Giant Side Steps”, deixando tudo nas costas de Satoshi Bandoh, que vinha assinando seis faixas por disco e se revelou ser ótimo compositor, que o diga “Sky Drive” e “Bb Freeway” (esta é do seu álbum solo Step By Step!). De qualquer forma, a saída de Masahiro Andoh pode abrir as portas para uma renovação na banda, sem esquecer do imenso legado musical de mais de 40 anos do T-Square.

[via T-Square]

Gran Turismo 5: Original Game Soundtrack: fusão maravilhosamente suave

Por Alexei Barros

O post deveria sair antes, mas o que é o atraso quando se fala de Gran Turismo 5? Adiante. O que sempre me cativou nas trilhas é a porção fusion, seja na variante jazz fusion, mais suave, ou rock fusion, mais poderosa. Fora essas, passo batido pelas licenciadas que infestam nas versões ocidentais e acho as músicas do daiki kasho, me desculpe, intragáveis.

Dito isso, logo de cara lamento pela ausência do compositor Isamu Ohira, que criava faixas jazzy de duração reduzida (se chegavam a três minutos era muito) para os menus, como “Mr. 4WD” (GT1), “Turning Point” (GT1) e “Light Velocity” (GT3). Quase que não dava vontade de começar as corridas.

Em compensação, o outro responsável pela sonoridade fusion, Masahiro Andoh, líder do T-Square e mencionado diversas vezes por aqui, está presente, tocando guitarra na “Moon Over The Castle GT5 Version”. Como novidade, vários instrumentistas e compositores da cena J-fusion, entre eles muitos ex-integrantes do T-Square. Masanori Mine, autor de três músicas excepcionais do Gran Turismo de PSP, não participou como desejava.

Sendo assim, comentarei brevemente as minhas preferidas na Gran Turismo 5: Original Game Soundtrack, levando em conta que o álbum duplo não inclui todas as músicas escutadas no jogo – basta comparar com o sound test do GT5 que possui mais do que as 36 faixas registradas nos dois CDs.

Adianto que se a sua praia é lotada por guitarras na última potência é melhor nem se aventurar com muita expectativa. O fusion do GT5 é primordialmente suave e quem não se simpatiza com o gênero deverá achar as composições soníferas, exceção feita ao tema de abertura.

101 – “Moon Over The Castle GT5 Version”

Com arranjo do atual tecladista do T-Square, Keizoh Kawano, o tema da série ganhou uma iteração que não procura ousar muito, sustentando-se na guitarra brilhante e afiada de Masahiro Andoh, com solos ocasionais de teclado. Como curiosidade, vale mencionar que pela primeira vez a “Moon Over the Castle” foi interpretada por 100% de instrumentistas do T-Square, ainda que não esteja creditada como banda, já que as versões anteriores foram tocadas por Andoh acompanhados por musicistas ocidentais – Nick Menza, ex-Megadeth, por exemplo, tocou bateria na “Moon Over the Castle” do GT1. Além de Satoshi Bandoh (bateria), a banda foi completada por Mitsuru Sutoh (baixo), que, apesar de ter saído do T-Square em 2000, é figura frequente nos shows de aniversário.

108 – “Smoker’s Lament”

No melhor estilo Isamu Ohira, a guitarra suave de Shunji Takenaka é o destaque da música assinada por Ryo Sonoda, que emenda a melodia no teclado. Por vezes, a junção dos dois timbres cria um som que remete a uma cítara. Satoshi Bandoh também faz uma participação na bateria.

109 – “Passion”

Yuki Koike, que havia participado da trilha do GT de PSP na “City”, compõe e toca ou programa todos os instrumentos. A batida rápida da bateria dá o contorno perfeito para o show tecladístico, que, em dado momento, até parece uma caixinha de música. Faixa bem climática.

110 – “Dark Line”

A exemplo da trilha do Gran Turismo 5 Prologue, Satoshi Bandoh, o jovem baterista do T-Square, mostra os seus dotes de compositor e também de multiinstrumentista, já que ele também tocou teclado. É uma música bem tranquila e relaxante que parece ter saído de um CD recente do T-Square.

113 – “Night birds”

Yudai Sato, outro que estreou na série no GT5 Prologue, atacou na composição e performance de teclado, ao lado de nomes como Bandoh, Takahiro Miyazaki (ex-saxofonista do T-Square) e Shingo Tanaka (baixista-suporte do T-Square). A música é quase dividida em dois, com o piano em destaque na primeira parte e o sax soprano se soltando em uma bela atuação de Miyazaki. Quase no final os dois atuam em conjunto.

201 – “7 days reminiscence”

No piano, Taku Yabuki teceu uma formosa obra-prima, que possui também apenas uma percussão de leve, bem ao fundo. Belo exemplo da arte que é a capacidade de se expressar no piano.

202 – “Winds”

Lembra do Norihito Sumitomo, que participou das versões arranjadas do Professor Layton? É ele que compôs esta música e tocou no sax. De início, a faixa parece de jazz mais tradicional, mas basta a flauta começar a tocar para conferir o toque de bossa nova.

203 – “Cecile”

Música minimalista e atmosférica que surpreende pelo violoncelo, violino e flauta. Pela formação dos instrumentistas seria uma peça erudita, mas os sons eletrônicos proporcionam uma sensação totalmente diferente do esperado.

204 – “Holiday”

Toque nada, aqui a bossa nova tomou conta de vez. Além da já esperada flauta, há uma participação do violão para não ter dúvidas.

205 – “Hot Stuff”

Mais uma do Norihito Sumitomo, que ostenta um trompete que depois recebe o reforço da flauta e do sax. Como na outra música do Sumitomo, o pianista é Keiji Matsumoto, ex-T-Square que participou como arranjador na genial trilha do Gran Turismo 2.

206 – “Horizons in May”

Violão e teclado, com mais algum efeito eletrônico, desfiam uma faixa essencialmente minimalista que transmite ares de mistério.

212 – “Eve”

Novamente Seigen Tokuzawa surpreende: somente com violino e violoncelo e o aditivo de efeitos eletrônicos criou uma música encantadora. No final, as cordas sobressaem ainda mais.

214 – “In Transit”

Baixou uma Yellow Magic Orchestra no Keiji Inai, e ele criou uma música com os efeitos sonoros que lembram muito o trio electropop.

218 – “memorabilia”

A arte de interpretar uma música no piano, parte dois. Sublime. Sem mais.

“Medley 2008” – Gran Turismo (T-Square 30th Anniversary Concert 2008)

Por Alexei Barros

O T-Square tocou a “Moon Over the Castle” eu publico. Vinha sendo assim, mas faltava justamente a aparição do tema de Gran Turismo no show comemorativo T-Square 30th Anniversary Concert 2008. Graças a um solidário indivíduo com conta paga no YouTube e aproveitando o ensejo do lançamento do Gran Turismo 5, enfim a performance.

Como comentado na ocasião, nesse espetáculo foram convidados ex-integrantes da banda, em um total de 15 instrumentistas, consolidando o grupo que ficou conhecido como T-Square Super Band Special, com cinco bateristas, três baixistas, três pianistas/tecladistas, dois saxofonistas e dois violonistas/guitarristas. Um absurdo.

Mais loucura ainda é a duração do “Medley 2008”: 35 minutos, emendando 16 faixas pinçadas dos 30 anos da banda completados em 2008. A “Knight’s Song”, nome dado à “Moon Over the Castle” nos álbuns do T-Square, aparece mais para o final do medley (link para o trecho específico aqui).

A principal diferença da maioria das versões é a presença do violão, aqui tocado por Yuji Mikuriya, que fez parte do T-Square somente no ano de formação, em 1978, e mantém com o compositor e líder Masahiro Andoh a dupla de violões anmi2. O baixista Yuji Nakamura é visto ao fundo com um cavaquinho, o que não passa de uma fanfarronice. É o Masahiro Andoh que toca a melodia na guitarra, pouco depois acompanhado pela dupla de EWIs do Takeshi Itoh e Takahiro Miyazaki.

Se não é a melhor versão da música, ao menos tem o valor especial de ter sido lembrada no show de aniversário, o que não havia acontecido nos espetáculos de 20 e 25 anos.

Lista das faixas com link para as originais e os respectivos álbuns das quais saíram:

– “Medley 2008”
“Rockoon” (Rockoon, 1980)
“A Feel Deep Inside” (Lucky Summer Lady, 1979)
“Lickin’ It” (Midnight Lover, 1979)
“Flying Colors” (33, 2007)
“Friendship” (Friendship, 2000)
“Banana” (Rockoon, 1980)
“It’s Magic” (Magic, 1981)
“Megalith” (New-S, 1991)
“Full Circle” (Kyakusenbi No Yuwaku, 1982)
“A Dream in a Daydream” (T-Square, 2000)
“Kimi Wa Hurricane” (Uchimizuni Rainbow, 1983)
“Kaze No Shonen” (Spirits, 2003)
“Jubilee” (Adventures, 1984)
“Mistral” (Stars and the Moon, 1984)
“Knight’s Song” (Blue in Red, 1997)
“Celebration” (Truth, 1987)
“Adventures” (Adventures, 1984)

Gran Turismo 5: dois álbuns e o vídeo de abertura com a “Moon Over The Castle GT5 Version”

Por Alexei Barros

Finalmente! Dia 24 de novembro termina a espera por Gran Turismo 5, o jogo que havia virado motivo de piada por muitos por conta dos atrasos. Devido à minha inabilidade gamística-automotiva, não nego que durante esse tempo todo estava mais ansioso pela trilha sonora do que pelas corridas virtuais engedradas minuciosamente por Kazunori Yamauchi e equipe.

Semana passada foi anunciada a Gran Turismo 5 Original Soundtrack, álbum com dois CDs de 18 faixas cada com lançamento agendado para dia 22 de dezembro. Mesmo sem os créditos e a capa – como costumo aguardar antes de redigir o post –, fui obrigado a antecipá-lo com a revelação do vídeo da abertura japonesa.

Começa com a “Piano Sonata No 6 in A major, Op 82″ de Sergei Prokofiev em performance do pianista chinês Lang Lang. A partir de 3:27 eis que surge a “Moon Over The Castle GT5 Version”, a atualização arrebatadora do tema assinado por Masahiro Andoh especialmente para a série, a pedido do próprio Kazunori Yamauchi. Nas outras versões, se ouve a “Planetary (Go!)” do My Chemical Romance. Preciso dizer qual é a minha preferida? As imagens e a edição são fenomenais e, como o Fabão atentou, há certa influência do filme Koyaanisqatsi.

A exemplo da “Moon Over The Castle ~Orchestral Version~” do Gran Turismo 4, foi realizada a inusitada mistura de uma obra erudita com um fusion rock, e é curioso perceber como deu certo mais uma vez. Como nos temas anteriores, nota-se também como a porção rock é muito maior do que se costuma encontrar na maioria das músicas do T-Square, a banda liderada por Masahiro Andoh. Novamente com um timbre de guitarra poderoso, não há diferença drástica em relação às músicas passadas.

Para completar, além da trilha original, será lançada no mesmo dia, em um total de 13 faixas eruditas, a coletânea Gran Turismo 5 Original Game Soundtrack piano performed by Lang Lang, com título autoexplicativo.

Grato pelas mil e uma dicas do Fabão via Twitter.

Gran Turismo Original Sound Collection: o show particular de Masanori Mine

Por Alexei Barros

Depois do Gran Turismo 2 devo reconhecer que me tornei um apreciador exclusivo das músicas da série, nem tanto dos jogos. Não vou dizer que sou fascinado por completo por jogos de corrida, mas eu gosto e joguei bastante os dois primeiros da série para PlayStation, e infelizmente não pude me dedicar ao GT3 e 4 no PS2 como mereciam. Mas sempre acompanhei as trilhas, afinal foram as responsáveis por conhecer o T-Square, e me tornar apreciador da banda.

Quando saiu a Gran Turismo Original Sound Collection, referente ao Gran Turismo de PSP, como de praxe, fiquei na expectativa pelas faixas do Andoh, mas a participação dele foi bem modesta. O tema da série foi dividido em dois: a “Moon Over The Castle (2009 Remix Version)”, que é praticamente idêntica à “Moon Over the Castle” do primeiro GT, e “Moon Over The Castle (Orchestra Version)”, que mais parece uma versão estendida da abertura erudita da “Moon Over The Castle ~Orchestral Version~” do GT4.

Esperava por Masahiro Andoh e acabei fascinado pelas músicas de Masanori Mine. Entre diversas faixas eletrônicas, com todo o respeito, chatas para caramba de outros músicos, as três composições dele sobressaem em um espetáculo guitarrístico. Consegui apurar poucas informações sobre este compositor de penteado extravagante. Aparentemente, suas colaborações em games se resumem aos álbuns da série Angelique, conforme o VGMdb me deixou descobrir. Atualmente, integra a banda Olive Sunday como guitarrista e vocalista, o que não deixa de ser curioso, uma vez que a trinca é totalmente instrumental.

São tão boas que merecem ser comentadas individualmente, ainda que de maneira breve. E espero que Mine de alguma forma também participe da trilha de Gran Turismo 5.

“over the horizon”

A introdução eletrônica me deu a impressão de que seria acometido por uma repetição exacerbada, quando a guitarra irrompe entoando uma melodia incrivelmente cativante. Bateria e baixo a seguem, mas sem tirar o brilho da guitarra, e os efeitos eletrônicos servem mais como complemento no fim das contas.

“colorful monochrome”

A minha preferida das três. Logo de início a guitarra abre a faixa em acompanhamento do baixo e bateria, mas na sequência, mais uma vez, reproduz mais uma melodia criativa e empolgante. Ainda há um interlúdio eletrônico, e a guitarra solo retorna aos poucos até dominar a música por completo.

“planet tension”

Nesta a abertura é feita pela bateria, mas, para variar, a guitarra é a estrela principal desta música que mais lembra o estilo fusion recorrente na série.  É a protagonista, porém o baixo elétrico também faz uma pequena intervenção antes do solo de guitarra.

“Moon Over the Castle” – Gran Turismo 4 (Games in Concert 2)

Gran Turismo 4
Por Alexei Barros

Depois de ver o vídeo do último post não me conformei e fiquei mais obcecado do que nunca na busca por qualquer registro da “Moon Over the Castle” executada na apresentação holandesa Games in Concert 2 (2007). Eis que depois de algumas caçadas no Google me deparo com o Nitro Game Injection # 118: Go Karting With Bowser. Completando a procura que parecia ser eterna, o podcast abria com a famigerada faixa. Tratei de solicitá-la por e-mail ao editor do site, KyleJCrb, que me enviou encarecidamente.

Para meu espanto, levando em conta que o site oficial não havia publicado o vídeo, não é uma gravação amadora, mas sim profissional. O que aconteceu: algumas músicas dessa série de espetáculos foram veiculadas pela NCRV Radio – não todas, já que o primeiro concerto de game music transmitido de ponta a ponta ao vivo via rádio foi o Symphonic Shades em 2008 –, e a “Moon Over the Castle” estava entre elas. As demais estou caçando nos sarcófagos da Internet.

Se na outra ocasião, no A Night in Fantasia 2005, em que a faixa foi (parcialmente) executada em uma apresentação de games eu disse “Infelizmente, o longo tempo de procura é proporcional à minha imensa decepção com a performance”, posso afirmar o inverso: felizmente, o longo tempo de busca, é pequeno ante a satisfação com a performance, que não é uma simples execução literal.

Cristina BrancoCuriosamente, a porção erudita da abertura, adicionada no arranjo de Keiichi Oku para Gran Turismo 4, “Moon Over the Castle ~Orchestral Version~”, é reproduzida de maneira alternativa, começando com o vocal da cantora portuguesa Cristina Branco. Entoando os versos em italiano (traduzidos já na original a partir da letra escrita pelo criador da série, Kazunori Yamauchi), ela confere uma interpretação mais suave e menos ópera até finalmente sabermos se a lua acima do castelo está mesmo cheia.

Traumatizado pela versão do A Night in Fantasia 2005 que acabava assim, por um momento imaginei o mesmo, mas, puxa vida, a guitarra participa sutilmente da parte inicial, não haveria sentido em encerrar aqui. Sabendo então que haveria os instrumentos adequados para o rock, imaginei apreensivo “como o concerto é na Holanda, vão tocar a “Reason is Treason” (Kasabian), que substitui a “Moon Over the Castle” na abertura da versão europeia de Gran Turismo 4”. Que nada.

Ouço as primeiras notas do tema assinado por Masahiro Andoh na guitarra, a entrada fenomenal de baixo elétrico (fones de ouvido são recomendados para apreciar melhor os graves), a bateria e o teclado – todos os instrumentos ao vivo, tocados por musicistas sentados no palco como os outros integrantes da orquestra; você entendeu para quem foi a indireta –, numa combinação absolutamente avassaladora. Melhor que isso só o T-Square.

Como disse, não é uma mera imitação da original, porque também foi introduzida a orquestra na parte rock, ainda mantendo o foco da melodia na guitarra – tipo de arranjo jamais feito não só nos álbuns de Gran Turismo, como nos três CDs orquestrados do T-Square, Classic, Harmony e Takarajima, todos lançados antes de 1997. Os metais, sempre os poderosos metais, da Metropole Orchestra foram implementados, com breves participações das cordas. Passado o êxtase, volta o trecho erudito da abertura, desta vez em uma versão mais próxima da original, iniciando com o coral PA’dam Choir, que apesar de pequeno (cerca de 15 vozes, todos com microfones próprios) dá conta do recado, novamente passando para o solo de Cristina Branco.

Não me conformo como uma joia rara desta não foi publicada em vídeo no site oficial e também como a transmissão do rádio, mesmo parcial, quase nem foi comentada à época. Para uma música tão variada e eclética ser executada de maneira soberba, ainda por cima numa performance inédita em um concerto de games japonês, mostra o quanto a Metropole Orchestra é versátil e competente. Respeito  e admiração eternos à série holandesa Games in Concert.

Ouça enfim:

“Moon Over the Castle” (Games in Concert 2)

“Moon Over the Castle” – Gran Turismo 4 (A Night in Fantasia 2005)

Por Alexei Barros

Foi uma gigantesca epopeia na busca por este vídeo. Infelizmente, o longo tempo de procura é proporcional à minha imensa decepção com a performance.

O tema da série Gran Turismo foi tocado em diversas ocasiões em shows do T-Square, a banda jazz fusion do compositor Masahiro Andoh como já compartilhei por aqui, e em espetáculos de game music somente em duas oportunidades: no concerto holandês Games in Concert 2 (2007) e nesta récita australiana A Night in Fantasia 2005.

A introdução da “Moon Over the Castle ~Orchestra Version~” é reproduzida com maestria pelo Eminence Symphonic Choir e principalmente pela soprano Narelle Yeo no solo em italiano, mas… É só isso. É apenas a introdução que Keiichi Oku arranjou na versão do Gran Turismo 4. Quando você imagina que vai entrar a parte rock, que mais interessa, acaba subitamente. Será que valia a pena tocar somente o trecho erudito? Para mim, não compensa.

Parte da culpa pela omissão é da própria Sony, que prejudica a popularidade do tema original, imagino eu. Nas versões europeia (que possui o mesmo sistema de cor PAL da Austrália) e americana a música foi bizarramente trocada por canções licenciadas – respectivamente, “Reason is Treason” (Kasabian) e “Panama” (Van Halen) –, algo que ainda tento digerir, já que o tema foi composto para o jogo, e a própria abertura foi montada baseando-se na melodia da faixa japonesa.

Japão – “Moon Over the Castle”

Estados Unidos – “Panama” (Van Halen)

Europa – “Reason is Treason” (Kasabian)

O verdadeiro show de 30 anos do T-Square

THE SQUARE ~ T-SQUARE since 1978 30th Anniversary Festival "Yaon de Asobu"Por Alexei Barros

Mil desculpas, T-Square. Vamos situar os fatos para você entender melhor. Em 2008, a banda jazz fusion liderada por Masahiro Andoh foi reforçada por ex-integrantes, sendo chamada de T-Square Super Band, para o lançamento do CD comemorativo de 30 anos Wonderful Days, cuja música de abertura, “Islet Beauty”, é tema do comercial do café gelado do McDonalds. Isso em maio.

Em setembro o grupo publicou o show da turnê desse álbum em DVD. Aí logo imaginei que essa era a apresentação de aniversário, como é de praxe. Critiquei ferrenhamente três pontos: 1) ausência do tema da série Gran Turismo “Moon Over the Castle”, que sonhava em ser tocado em uma ocasião especial (normalmente é ofuscada por outros hits); 2) a ausência de Masato Honda, saxofonista egresso desde 1998 que provavelmente é o dissidente de maior proeminência do T-Square; 3) modéstia: a tal T-Square Super Band possuía nove integrantes. Já é bastante, mas não chegava perto dos 15 do aniversário de 20 anos.

Pois bem. Esqueça tudo o que reclamei. Ou quase. Aquele não era o show de 30 anos. O verdadeiro aconteceu em 27 de setembro de 2008 e será lançado em 18 de fevereiro, não só em DVD (número de catálogo VRBL7030~1  a 7890 ienes), como em Blu-ray (VRXL8803 a 8980 ienes). Vamos ao set list, que é bem diferente do outro show, com links para as versões originais, de que álbuns vieram e os anos de publicação. Depois do Hadouken os pedidos de desculpas:

01 “Medley 2008”
“Rockoon” (Rockoon, 1980)
“A Feel Deep Inside” (Lucky Summer Lady, 1979)
“Lickin’ It” (Midnight Lover, 1979)
“Flying Colors” (33, 2007)
“Banana” (Rockoon, 1980)
“It’s Magic” (Magic, 1981 )
“Megalith” (New-S, 1991)
“Full Circle” (Kyakusenbi No Yuwaku, 1982)
“A Dream in a Daydream” (T-Square, 2000)
“Kimi Wa Hurricane” (Uchimizuni Rainbow, 1983)
“Kaze No Shonen” (Spirits, 2003)
“Jubilee” (Adventures, 1984)
“Mistral” (Stars and the Moon, 1984)
“Knight’s Song” (Blue in Red, 1997)
“Celebration” (Truth, 1987)
“Adventures” (Adventures, 1984)
02 “Copacabana” (Natsu No Wakusei, 1994)
03 “Show Dance” (Midnight Lover, 1979)
04 “Midnight Lover” (Midnight Lover, 1979)
05 “Hawaii e Ikitai” ( Kyakusenbi No Yuwaku, 1982)
06 “Cry For the Moon” (Stars and the Moon, 1984)
07 “Islet Beauty” (Wonderful Days, 2008 )
08 “Rondo” (33, 2007)
09 “Landscape” (Welcome to the Rose Garden, 1995)
10 “Scrambling” (Sweet and Gentle, 1999)
11 “2008 オレにカマわずゆけ(Drums & Percussion Session)”
12 “Texas Kid” (Make me a Star, 1979)
13 “Omens of Love” ( R.E.S.O.R.T, 1985)
14 “Radio Star” (Natural, 1990)
15 “Truth” (Truth, 1987)
16 “All About You” (Adventures, 1984)

Continue lendo ‘O verdadeiro show de 30 anos do T-Square’

“Moon Over the Castle” – Gran Turismo (vídeo promocional / Session ’98)

Por Alexei Barros

Uma, duas… É a terceira vez (e quarta também) que coloco uma performance do T-Square da “Moon Over the Castle”. Quando falei do lançamento do DVD do show comemorativo de 30 anos, lamentei profundamente as ausências do saxofonista Masato Honda e do supracitado tema de Gran Turismo.

Pois então. O primeiro vídeo é da “Moon Over the Castle”. Com o Masato Honda. Momento raro, já que, quando ela foi inclusa no álbum Blue in Red do T-Square como “Knight’s Song”, Honda estava de saída do grupo. É ele quem toca o EWI no CD, o último antes de seguir carreira solo. Pena que a qualidade está lamentável, e o vídeo é de somente um minuto e meio. Destaco a interpolação de cenas da F-1 que evidenciam a intimidade do grupo com automobilismo.

Agora o outro vídeo é da música completa, só que sem Masato Honda, infelizmente. No lugar dele, Takahiro Miyazaki, que participou do T-Square Super Band no recente CD Wonderful Days. A a formação é diferente dos vídeos que havia postado. O baixo slap de Mitsuru Sutoh suplanta a tímida e burocrática participação de Shingo Tanaka (que nem membro é, tocou como convidado) e Hiroyuki Noritake na bateria é muito melhor do que o novato Satoshi Bandoh. Prefiro o atual Keizoh Kawano do que Tadashi Namba nos teclados, mas o segundo, esse com cara de samurai no vídeo, foi ninguém menos do que o arranjador de oito músicas na Gran Turismo OST. E, para completar, até o líder Masahiro Andoh na guitarra parece que está mais inspirado. Para mim é a melhor execução da “Moon Over the Castle”:


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