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T-Square 45th Anniversary Celebration Concert: o inconcebível retorno de Masato Honda

Além dos integrantes atuais e ex-instrumentistas, o show teve dois guitarristas convidados e uma big band das mais encorpadas

Por Alexei Barros

É simplesmente inacreditável: o show de 45 anos do T-Square, realizado no Tokyo International Forum Hall A neste 21 de outubro de 2023, contou com a performance de Masato Honda. O talentoso saxofonista que participou da banda de 1991 a 1998 e tocou na apresentação de 20 anos, nunca mais tinha dado as caras em espetáculos do T-Square, ausentando-se das celebrações de 25, 30, 35 e 40 anos. Parece até mentira…

Mas, na verdade, isso era algo que estava esperando com bastante expectativa diante dos últimos acontecimentos. Depois da saída de Masahiro Andoh e do falecimento de Hirotaka Izumi em 2021, o futuro do T-Square não parecia dos mais promissores com apenas dois integrantes: Takeshi Itoh (sax e EWI) e Satoshi Bandoh (bateria), formando a banda que passou a ser conhecida por T-Square alpha. Eis que algo completamente inesperado aconteceu logo no álbum Wish (2022): Masato Honda voltou a colaborar com o T-Square, arranjando e tocando em três faixas. Esse disco também contou com a performance de Keiji Matsumoto (teclado), que chegou a ser integrante do grupo em 1999 e 2000 e nunca mais tinha aparecido. Posteriormente, Honda voltou a participar das apresentações do T-Square, tornando-se uma espécie de integrante honorário, já que com ele a banda é intitulada T-Square alpha X (o “X” é de “double saX”). Para celebrar esse retorno, foi realizado o show Welcome Back! Masato Honda lançado em Blu-ray em abril deste ano. Não bastasse isso, Honda compôs duas faixas inéditas para o álbum seguinte, Vento de Felicidade (2023). Por sinal, o disco conta com a participação de vários ex-integrantes como é de praxe nos CDs comemorativos. Além da “Stratosphere”, composição de Keiji Matsumoto já presente em seu álbum solo The Winds Of Spring, o disco conta com “Rooms With A View”, música póstuma de Hirotaka Izumi finalizada por Yuji Toriyama; e “Climax”, faixa assinada por Keizoh Kawano que é nada mais, nada menos do que música-tema do filme de Gran Turismo.

Dito isso, eu não consegui encontrar uma explicação minimamente plausível para o afastamento de Masato Honda durante todos esses anos. O regresso de Honda imediatamente após a saída de Andoh leva à óbvia conclusão de que havia um desentendimento entre os dois, mas para adicionar mais um ingrediente nesse mistério, Masahiro Andoh participou do show de 60 anos de vida do Masato Honda como se nada tivesse acontecido. Vai entender.

Falando especificamente do show de 45 anos, além da inevitável e sentida ausência de Hirotaka Izumi, não compareceram três figuras recorrentes: Junko Miyagi, a única mulher da banda e que tocou piano e teclado nos shows de 20, 30, 35 e 40 anos; Michael S. Kawai, primeiro baterista que esteve nas apresentações de 20, 25, 30 e 40 anos; e simplesmente Hiroyuki Noritake, um dos bateristas mais conhecidos do T-Square e que esteve em todos os espetáculos anteriores de aniversário. Sobre este último, especulou-se em comentários no YouTube que o conflito de agendas impossibilitou a sua participação, visto que ele costuma tocar com outros artistas, o que me parece plausível – espero que seja só isso mesmo. Dessa vez, não houve um piano acústico de cauda como nos tempos de Hirotaka Izumi. Em shows após o seu falecimento, os tecladistas Yudai Sato e Akito Shirai se revezaram ao piano, mas eles não participaram da apresentação de 45 anos. Com isso, foram estes os instrumentistas.

Guitarra e violão: Masahiro Andoh, Yuhji Mikuriya, Kazuma Sotozono, Kazumi Watanabe, Yuji Toriyama
Saxofone e EWI: Takeshi Itoh, Masato Honda, Takahiro Miyazaki
Teclado: Keiji Matsumoto, Keizoh Kawano, Daisaku Kume
Baixo: Toyoyuki Tanaka, Mitsuru Sutoh, Shingo Tanaka
Bateria e percussão: Kiyohiko Semba, Tohru Hasebe, Satoshi Bandoh

Trompete: Chihiro Yamazaki

Além de Kazuma Sotozono, um dos guitarristas que vêm substituindo Andoh nos shows mais recentes, os guitarristas Kazumi Watanabe e Yuji Toriyama foram convidados, tocando as mesmas músicas que eles participaram das gravações originais: “Freaky Rats” e “Climax” no caso de Watanabe e “Stratosphere” e “Rooms With A View” no que se refere ao Toriyama.

Falando mais sobre o set list, não achei que sobreviveria ver a impactante “Stiff Nails” ser tocada na abertura com três saxofones assim como no show de 20 anos. Apesar de toda a empolgação, eu ainda fico com a versão de 1998 por alguns fatores: aquela entrada sequencial das três baterias e os solos dos três saxofones no final não estão presentes nessa performance de 2023. Outra coisa que me incomodou é que, fora a “Stiff Nails”, a “Japanese Soul Brothers” e a “Truth” foram as únicas com três saxofones (na terceira, dois EWIs de Itoh e Miyazaki e um NuRAD de Honda) e todos os instrumentistas (exceção aos convidados Kazumi Watanabe e Yuji Toriyama que não participaram dessas músicas). As demais faixas buscam reunir os integrantes de determinadas épocas dentro das possibilidades e sem muitas surpresas (como os três baixos na “Sunnyside Cruise” do show de 35 anos).

Os meros retornos de Keiji Matsumoto e Masato Honda garantiram um frescor ao set list com músicas que nem sempre são lembradas – curiosamente, Kazuma Sotozono foi quem tocou a guitarra nessas faixas e não Masahiro Andoh. O trio “A Dream in A Daydream”, “Dali’s Boogie” e “Taking Mountain” corresponde ao período quase esquecido dos anos 1999 e 2000 em que Matsumoto era integrante. Já os anos áureos de Masato Honda foram relembrados no bloco “Ciao!!!”, “Little League Star”, “Natsu no Shinkirou” , “Theme for BBS” (que nem faz parte da discografia do T-Square e é da época de carreira solo do saxofonista), “Rise” e “Megalith”, com direito à participação nas quatro primeiras de uma big band, cujos integrantes apareceram em vários solos. Aliás, estranho as duas últimas também não terem big band, pois as originais contavam com metais. E ainda vou ficar sonhando com “Splash!” e “Samurai Metropolis”… No entanto, eu também senti falta dos metais em músicas que originalmente não tinham esses instrumentos, como ocorreu na “Celebration” do show de 25 anos ou na “Rondo” na apresentação de 35 anos.

Pude comentar minhas impressões sem muita demora porque o espetáculo foi transmitido e milagrosamente disponibilizado no Bilibili – não sei por quanto tempo. Trata-se de uma apresentação espetacular graças especialmente ao retorno de Masato Honda, mas sempre fica a sensação de que poderia ser ainda melhor, considerando tudo o que o T-Square já fez em 45 anos de história.

O fim da era Masahiro Andoh no T-Square

Por Alexei Barros

Masahiro Andoh, líder do T-Square, atualmente com 66 anos, anunciou que se aposentará da banda ao final da turnê do próximo álbum ainda a ser revelado. Eu já o mencionei várias vezes por aqui pelo fato de ele ser um dos principais compositores da série Gran Turismo, em especial nos jogos para PlayStation e PlayStation 2.

Em 42 anos como guitarrista do T-Square, Andoh colecionou vários obras-primas além da “Moon Over the Castle” de Gran Turismo. Entre músicas mais ou menos famosas, destaco: “Truth”, “Dans sa Chambre”, “Faces”, “Prime”, “Sailing the Ocean”, “Hawaii e Ikitai”, “Crown and Roses”, “Morning Star”, “Daisy Field”, “Big City”, “Yoake no Venus”, “Love for Spy”, “Kaze no Shonen”, “Full Circle”, “Crisis”, “Naughty Boy”… A lista vai longe.

Apesar da saída do fundador do grupo, isso não significa que o T-Square vai acabar: os integrantes remanescentes Takeshi Itoh (EWI e sax) e Satoshi Bandoh (bateria) vão seguir tocando com a banda que passa a ser conhecida como T-Square alpha. O T-Square já estava desfalcado de Keizoh Kawano (teclado), que anunciou sua saída no final do ano passado para se dedicar à recuperação de sua saúde. Em 2019, ele sofreu um AVC hemorrágico que limitou os movimentos do lado esquerdo do corpo, comprometendo sua atuação como instrumentista. Ele chegou a compor músicas inéditas para o álbum de 2020 intitulado AI Factory e até apareceu em algumas apresentações tocando teclado apenas com a mão direita, enquanto o novato Akito Shirai ficou responsável pela parte principal do teclado.

Andoh afirmou que não se aposentou como músico e eventualmente poderá participar das performances do T-Square alpha. Pelo que entendi no texto que comunicou sobre a sua saída, ele sentia o ano ficar cada vez menor conforme envelhecia com a rotina de produzir um álbum por ano e sair em turnê para tocar as músicas novas.

O futuro da banda é uma certa incógnita para mim, visto que o Takeshi Itoh raramente compõe, embora tenha músicas interessantes no currículo, como “Islet Beauty” e “Giant Side Steps”, deixando tudo nas costas de Satoshi Bandoh, que vinha assinando seis faixas por disco e se revelou ser ótimo compositor, que o diga “Sky Drive” e “Bb Freeway” (esta é do seu álbum solo Step By Step!). De qualquer forma, a saída de Masahiro Andoh pode abrir as portas para uma renovação na banda, sem esquecer do imenso legado musical de mais de 40 anos do T-Square.

[via T-Square]

T-Square 40th Anniversary Celebration Concert: é maravilhoso, mas não é o show dos sonhos

O palco do show de 40 anos do T-Square é o mesmo da icônica apresentação Casiopea vs The Square the Live!! de 2003

Por Alexei Barros

Por mais desatualizado que este espaço esteja, não posso deixar de analisar um dos acontecimentos que mais aguardava neste quase findo ano de 2018: o show de 40 anos do T-Square, realizado no Pacifico Yokohama no dia 5 de agosto e cujo Blu-ray foi lançado em 12 de dezembro. Até porque comentei – quase uma década atrás! – do evento similar de 30 anos. Para quem não sabe, trata-se da banda liderada por Masahiro Andoh, compositor de Gran Turismo e Arc the Lad.

Antes vale mencionar rapidamente sobre o espetáculo de 35 anos realizado em 2013 – esse sim eu não falei por aqui. Embora o programa registrado no Blu-ray (o qual eu tenho um exemplar) seja excelente, com direito à melhor performance da “Rondo”, vale mencionar uma decepção. Naquele ano, foram realizadas duas apresentações com convidados diferentes e set lists levemente distintos. Justamente a edição do show que não está gravada no Blu-ray é a que teve a “Knight’s Song” (a.k.a. “Moon Over the Castle”, tema de Gran Turismo) tocada na íntegra (e não em um medley como no show de 30 anos) com participação especial do guitarrista Kyoji Yamamoto.

Partindo para os 40 anos, o motivo que mais me deixava na expectativa era saber se enfim nessa ocasião estaria presente o genial saxofonista Masato Honda, que atuou na banda de 1990 a 1997. Ausente das apresentações de 25, 30 e 35 anos do T-Square, ele é não só um multi-instrumentista talentoso, como um exímio compositor, por músicas famosas da banda como “Megalith” e “Bad Moon”. Essas faixas continuam sendo tocadas em sua carreira solo, que não é das mais prolíficas quanto em outros tempos (de 2008 para cá ele só lançou três álbuns).

Nunca consegui descobrir a razão para todas essas ausências, apenas rumores infundados. Um dos boatos que eu vi em comentários do YouTube foi uma suposta briga de Honda que culminou em sua saída da banda em 1997. Se é assim, por que ele participou do Farewell and Welcome Live ‘1998 e do show de 20 anos do T-Square já como ex-integrante? E mais: por que Honda colaborou com a composição da música “A Distancia” para o álbum Brasil (2001) – a faixa também está presente no CD solo Cross Hearts (2001) – como músico freelancer?

De qualquer forma, dessa vez havia uma esperança mínima de sua aparição: em 2015, Masahiro Andoh publicou em seu Twitter uma foto com Masato Honda e outros instrumentistas no que parece ter sido um encontro casual no meio da rua. Não tem cara que havia algum desentendimento entre os dois. Ainda que os atuais integrantes do T-Square não participem dos álbuns solo do Masato Honda, ex-membros da banda, como Hiroyuki Noritake, Mitsuru Sutoh, Keiji Matsumoto e Hirotaka Izumi, costumam tocar com o saxofonista.

Mas tudo foi por terra abaixo no vídeo de revelação que anunciou todos os participantes desse show. O que não entendo é que o safado do Masato Honda esteve presente simplesmente em todos os shows de aniversário de carreira do cantor/guitarrista Toshiki Kadomatsu (20, 25, 30 e 35 anos), inclusive aparecendo de maneira muito mais discreta do que seria em um espetáculo do T-Square, apenas integrando o naipe de metais com solos ocasionais. A carreira do saxofonista deve muito mais ao T-Square do que ao Toshiki Kadomatsu.

Tudo isso é bastante lamentável, considerando o tanto de bandas que acabaram com as mortes de integrantes-chave ou que nem sequer conseguem mais reunir o suficiente de músicos vivos para formar uma banda. Por sinal, o único ex-membro falecido do T-Square é o Jun Aoyama, baterista que teve uma rápida passagem pelo grupo em 1980 e morreu em 2013.

Em contrapartida, fiquei feliz com o nome de Daisaku Kume, que só esteve presente anteriormente na apresentação de 20 anos. Arranjador da “Beyond the Bounds” (Zone of the Enders: The 2nd Runner), ele é o compositor da “Change Your Mind”, música ainda bastante tocada pelo T-Square. Em 2017, Kume completou 60 anos e fez um show comemorativo com as presenças de Masahiro Andoh e Takeshi Itoh, além do percussionista Kiyohiko Semba.

De resto, são os mesmos nomes do show de 30 anos, exceto pela ausência do primeiro baixista Yuji Nakamura e pela presença do baixista Shingo Tanaka, que não é exatamente um membro oficial da banda, mas é figura recorrente nos álbuns novos e já havia aparecido no show de 35 anos.

Porém, a grata surpresa foi a participação das instrumentistas Chihiro Yamazaki (trompete) e Kayoko Yuasa (trombone). As duas inclusive tocaram na gravação do álbum City Coaster, o primeiro lançado em abril pelo T-Square em 2018 apenas com músicas dos atuais membros. O outro que foi publicado este ano, no mês de novembro, It’s a Wonderful Life!, não teve o envolvimento de ambas, mas contou com composições de vários ex-integrantes, assim como os álbuns de aniversário Spirits (2003), Wonderful Days (2008) e Smile (2013). Aliás, vale elogiar o esforço por produzir dois CDs com músicas originais em um único ano, algo que só aconteceu quatro vezes nesses 40 anos de T-Square (antes só em 1978, 1984 e 2000). Isso porque a inclusão do trompete e trombone quebrou uma tradição de apenas os concertos de aniversário em anos terminados em “5” (25 e 35 anos) contarem com o reforço de um naipe de metais, visto que os shows de 20 e 30 anos não tiveram esses instrumentos. São 18 músicos no total:

T-Square Super Band Special
Guitarra: Masahiro Andoh, Yuhji Mikuriya
Saxofone e EWI: Takeshi Itoh, Takahiro Miyazaki
Piano e teclado: Daisaku Kume, Hirotaka Izumi, Junko Miyagi, Keizoh Kawano
Baixo: Toyoyuki Tanaka, Mitsuru Sutoh, Shingo Tanaka
Bateria e percussão: Kiyohiko Semba, Michael S. Kawai, Tohru Hasebe, Hiroyuki Noritake, Satoshi Bandoh

Trombone: Kayoko Yuasa
Trompete: Chihiro Yamazaki

As duas fizeram a diferença, apesar de ter achado o set list dos 40 anos um pouco fechado nas músicas mais famosas e exaustivamente repetidas, sensação que aumentou com a inexistência de algum medley, que em outras ocasiões favoreceu a lembrança de pérolas esquecidas pelo tempo (do T-Square são tantas…). Eu gosto da “Sailing the Ocean”, mas ela já tinha aparecido nos shows de 20 e 25 anos (em um medley). Mesma coisa a “Midnight Lover”, que foi lembrada nas apresentações de 20 e 30 anos.

Músicas como “Dans sa Chambre”, “Mistral” e “Crown and Roses”, que apresentavam metais nas versões originais em estúdio, ficaram sensacionais ao vivo. Pena que ainda poderiam ter outras com essa mesma característica, como a “Anchor’s Shuffle” e a sempre ignorada “Glorious Road” (tão ignorada que eu não encontrei um link com a música original no YouTube). E fico só imaginando o quão fantástico seriam músicas do Masato Honda como “Natsu No Shinkirou”, “Splash!” e “Samurai Metropolis”… Porém, assim como nos shows de 25 e 35 anos, algumas músicas que ganharam arranjos com metais especialmente para a apresentação, como a “Little Pop Sugar”, que ficou surpreendente e incrível na abertura e a própria “It’s a Wonderful Life!”. Nesse sentido, falando das composições do Mitsuru Sutoh, fico imaginando que seria melhor trocar a “Explorer” pela “Scrambling”, mesmo que ela já tivesse aparecido no show de 30 anos. A versão em estúdio não tinha metais, mas a parte do teclado claramente busca reproduzir esses instrumentos. E em relação às faixas mais recentes, a “幻想の世界” não poderia ter faltado.

Outra novidade neste ano foi a participação em três faixas da Adachi-ku Nishi Arai Chugakko Suisogaku Bu, orquestra de sopro japonesa. A “Omens of Love”, “Takarajima” e “Twilight In Upper West” – todas elas composições de Hirotaka Izumi – são músicas extremamente populares entre esses grupos, graças aos arranjos de Toshio Mashima para a série de álbuns New Sounds in Brass.

Apesar de tudo, o aniversário de 40 anos ainda é um dos melhores shows da banda especialmente por causa do naipe de metais. De resto, o óbvio: só espero que em futuras efemérides Masato Honda esteja presente (não custa sonhar).

A gravação em áudio do T-Square 40th Anniversary Celebration Concert pode ser conferida na íntegra no Spotify. Abaixo, um breve comercial do DVD e Blu-ray com cenas do show ao som da “It’s a Wonderful Life!”.

Quando o T-Square veio ao Brasil


Por Alexei Barros

Já que eu me empolguei relembrando as duas visitas do Casiopea ao nosso país e é difícil falar deles sem citar o T-Square pela proximidade dos integrantes, serei obrigado a ressaltar um acontecimento que (quase) passou despercebido em 2001: a obscura passagem do T-Square pelo Brasil.

Sim, já tínhamos conhecimento que nesse ano a banda liderada por Masahiro Andoh, o compositor da “Moon Over the Castle”, o tema de Gran Turismo, lançou um álbum com o nome Brasil; sabíamos também que o CD, conforme comprovado pelo encarte, foi gravado no Mosh Studios em São Paulo (e também no Castle Oaks Studio em Los Angeles). Nessa época, o T-Square era apenas uma dupla (em sua formação inicial da fase profissional, em 1978, eram oito!), com Masahiro Andoh na guitarra/violão e Takeshi Itoh no saxofone/EWI/flauta. Músicos convidados completavam a formação da banda. Na ocasião, os instrumentistas foram brasileiros. Tudo isso eu já sabia.

Mas o que desconhecia era o fato de essa gravação ter sido noticiada pela imprensa brasileira na época. Leia a reportagem do dia 12 de fevereiro de 2001 da Folha de S. Paulo assinada por Carlos Bozzo Junior:

Japoneses do T-Square se unem a músicos brasileiros em São Paulo

O grupo de música instrumental T-Square, formado pelos japoneses Masahiro Andoh, 47, e Takeshi Itoh, 47, acaba de gravar seu 27º CD em São Paulo com músicos brasileiros.

Desconhecidos no Brasil, os músicos do grupo são muito populares no Japão, bem conhecidos nos Estados Unidos e bastante respeitados na Europa, por apresentarem, desde 76, dentro do gênero fusion, muita criatividade e energia em suas composições e performances.

O som de Andoh, guitarrista e arranjador, traz influências de George Benson, Larry Carlton e Lee Ritenour, que se misturam às do saxofonista e flautista Itoh, fã de Cannonball Adderley (1928-1975) e Herbie Mann.

“Esperávamos misturar nossa música com a dos brasileiros, mas não imaginávamos que o resultado fosse tão bom”, disse Itoh, que se surpreendeu com a dedicação e a qualidade dos músicos brasileiros escolhidos para a gravação.

Os japoneses contaram com instrumentistas arregimentados pelo produtor brasileiro, que há 22 anos mora no Japão, Osny Melo. “Procurei os nomes pela versatilidade, além, é claro, de levar em consideração o currículo de cada um”, falou Melo, que prepara mais dois projetos de CDs para os japoneses.

No CD, que está sendo gravado no Brasil, Toninho Horta foi escolhido para tocar guitarra em duas faixas. As outras oito faixas ficam a cargo de um grupo especialmente formado para este trabalho: o maestro e guitarrista Natan Marques, “Maguinho”, na bateria; Pedro Ivo, no contrabaixo elétrico; Guedes, no contrabaixo acústico; Papete, na percussão e Beto Paciello, nos teclados.

“Quando olhei para o material, com músicas de sete minutos de duração e cheias de divisões, pensei em ficar doente ou matar uma tia, mas a vontade de cada um de tocar música de qualidade, colaborou muito para que chegássemos ao fim do trabalho”, disse o baterista Maguinho, que acompanha Chitãozinho e Xororó.

Entre as poucas exigências feitas pelos japoneses, estavam uma visita ao túmulo de Ayrton Senna e o comando da mesa de som a cargo do técnico brasileiro, radicado em Los Angeles, Antonio “Mug” Canazio, homem de confiança do compositor baiano João Gilberto.

O disco deve ficar pronto neste semestre e será lançado pelo selo Village da Sony Music japonesa.

O álbum em si é bastante diferentão do restante da discografia do T-Square – tanto que, se não me falhe a memória, nenhuma das músicas desse CD foi reprisada nos shows de aniversário. A maioria delas, por razões óbvias, apresenta títulos em português, não que isso não tenha acontecido em outras ocasiões, como a “Copacabana”, do Natsu No Wakusei (1994). A primeira faixa “A Caminho De Casa”, inclusive, não é muito convencional por ser cantada (em português) – a maioria das músicas do T-Square é instrumental, e até mesmo algumas músicas originalmente cantadas, como a “It’s Magic”, são tocadas sem vocal. No geral, o álbum é bastante acústico, com uso de violão e flauta com muito mais frequência que o habitual.

Sobre o último parágrafo, tamanho respeito pela memória do Ayrton Senna não é apenas por ele ser famoso, havia uma relação. O T-Square, que ficou especialmente famoso pela música “Truth”, tema das transmissões de F-1 na TV Fuji, também é o responsável pelo tema da vitória do Senna, a “Faces”, presente no álbum Impressive (1992). Da mesma maneira, ficou a cargo do T-Square o tema da vitória do francês e rival ferrenho do Senna, Alain Prost, a “Ashita Heno Tobira”, do álbum Human (1993).

Com a morte do ídolo brasileiro em 1994, o T-Square lançou, no mesmo ano, um álbum em sua homenagem, o Solitude -Dedicated to Senna-. Não tivemos a mesma sorte com o concerto Senna Forever, que o T-Square tocou com a New Japan Philharmonic Orchestra e não foi lançado em CD, mas pelo menos o concerto completo pode ser visto no YouTube.

[via Folha de S. Paulo]

Gran Turismo 5: Original Game Soundtrack: fusão maravilhosamente suave

Por Alexei Barros

O post deveria sair antes, mas o que é o atraso quando se fala de Gran Turismo 5? Adiante. O que sempre me cativou nas trilhas é a porção fusion, seja na variante jazz fusion, mais suave, ou rock fusion, mais poderosa. Fora essas, passo batido pelas licenciadas que infestam nas versões ocidentais e acho as músicas do daiki kasho, me desculpe, intragáveis.

Dito isso, logo de cara lamento pela ausência do compositor Isamu Ohira, que criava faixas jazzy de duração reduzida (se chegavam a três minutos era muito) para os menus, como “Mr. 4WD” (GT1), “Turning Point” (GT1) e “Light Velocity” (GT3). Quase que não dava vontade de começar as corridas.

Em compensação, o outro responsável pela sonoridade fusion, Masahiro Andoh, líder do T-Square e mencionado diversas vezes por aqui, está presente, tocando guitarra na “Moon Over The Castle GT5 Version”. Como novidade, vários instrumentistas e compositores da cena J-fusion, entre eles muitos ex-integrantes do T-Square. Masanori Mine, autor de três músicas excepcionais do Gran Turismo de PSP, não participou como desejava.

Sendo assim, comentarei brevemente as minhas preferidas na Gran Turismo 5: Original Game Soundtrack, levando em conta que o álbum duplo não inclui todas as músicas escutadas no jogo – basta comparar com o sound test do GT5 que possui mais do que as 36 faixas registradas nos dois CDs.

Adianto que se a sua praia é lotada por guitarras na última potência é melhor nem se aventurar com muita expectativa. O fusion do GT5 é primordialmente suave e quem não se simpatiza com o gênero deverá achar as composições soníferas, exceção feita ao tema de abertura.

101 – “Moon Over The Castle GT5 Version”

Com arranjo do atual tecladista do T-Square, Keizoh Kawano, o tema da série ganhou uma iteração que não procura ousar muito, sustentando-se na guitarra brilhante e afiada de Masahiro Andoh, com solos ocasionais de teclado. Como curiosidade, vale mencionar que pela primeira vez a “Moon Over the Castle” foi interpretada por 100% de instrumentistas do T-Square, ainda que não esteja creditada como banda, já que as versões anteriores foram tocadas por Andoh acompanhados por musicistas ocidentais – Nick Menza, ex-Megadeth, por exemplo, tocou bateria na “Moon Over the Castle” do GT1. Além de Satoshi Bandoh (bateria), a banda foi completada por Mitsuru Sutoh (baixo), que, apesar de ter saído do T-Square em 2000, é figura frequente nos shows de aniversário.

108 – “Smoker’s Lament”

No melhor estilo Isamu Ohira, a guitarra suave de Shunji Takenaka é o destaque da música assinada por Ryo Sonoda, que emenda a melodia no teclado. Por vezes, a junção dos dois timbres cria um som que remete a uma cítara. Satoshi Bandoh também faz uma participação na bateria.

109 – “Passion”

Yuki Koike, que havia participado da trilha do GT de PSP na “City”, compõe e toca ou programa todos os instrumentos. A batida rápida da bateria dá o contorno perfeito para o show tecladístico, que, em dado momento, até parece uma caixinha de música. Faixa bem climática.

110 – “Dark Line”

A exemplo da trilha do Gran Turismo 5 Prologue, Satoshi Bandoh, o jovem baterista do T-Square, mostra os seus dotes de compositor e também de multiinstrumentista, já que ele também tocou teclado. É uma música bem tranquila e relaxante que parece ter saído de um CD recente do T-Square.

113 – “Night birds”

Yudai Sato, outro que estreou na série no GT5 Prologue, atacou na composição e performance de teclado, ao lado de nomes como Bandoh, Takahiro Miyazaki (ex-saxofonista do T-Square) e Shingo Tanaka (baixista-suporte do T-Square). A música é quase dividida em dois, com o piano em destaque na primeira parte e o sax soprano se soltando em uma bela atuação de Miyazaki. Quase no final os dois atuam em conjunto.

201 – “7 days reminiscence”

No piano, Taku Yabuki teceu uma formosa obra-prima, que possui também apenas uma percussão de leve, bem ao fundo. Belo exemplo da arte que é a capacidade de se expressar no piano.

202 – “Winds”

Lembra do Norihito Sumitomo, que participou das versões arranjadas do Professor Layton? É ele que compôs esta música e tocou no sax. De início, a faixa parece de jazz mais tradicional, mas basta a flauta começar a tocar para conferir o toque de bossa nova.

203 – “Cecile”

Música minimalista e atmosférica que surpreende pelo violoncelo, violino e flauta. Pela formação dos instrumentistas seria uma peça erudita, mas os sons eletrônicos proporcionam uma sensação totalmente diferente do esperado.

204 – “Holiday”

Toque nada, aqui a bossa nova tomou conta de vez. Além da já esperada flauta, há uma participação do violão para não ter dúvidas.

205 – “Hot Stuff”

Mais uma do Norihito Sumitomo, que ostenta um trompete que depois recebe o reforço da flauta e do sax. Como na outra música do Sumitomo, o pianista é Keiji Matsumoto, ex-T-Square que participou como arranjador na genial trilha do Gran Turismo 2.

206 – “Horizons in May”

Violão e teclado, com mais algum efeito eletrônico, desfiam uma faixa essencialmente minimalista que transmite ares de mistério.

212 – “Eve”

Novamente Seigen Tokuzawa surpreende: somente com violino e violoncelo e o aditivo de efeitos eletrônicos criou uma música encantadora. No final, as cordas sobressaem ainda mais.

214 – “In Transit”

Baixou uma Yellow Magic Orchestra no Keiji Inai, e ele criou uma música com os efeitos sonoros que lembram muito o trio electropop.

218 – “memorabilia”

A arte de interpretar uma música no piano, parte dois. Sublime. Sem mais.

“Medley 2008” – Gran Turismo (T-Square 30th Anniversary Concert 2008)

Por Alexei Barros

O T-Square tocou a “Moon Over the Castle” eu publico. Vinha sendo assim, mas faltava justamente a aparição do tema de Gran Turismo no show comemorativo T-Square 30th Anniversary Concert 2008. Graças a um solidário indivíduo com conta paga no YouTube e aproveitando o ensejo do lançamento do Gran Turismo 5, enfim a performance.

Como comentado na ocasião, nesse espetáculo foram convidados ex-integrantes da banda, em um total de 15 instrumentistas, consolidando o grupo que ficou conhecido como T-Square Super Band Special, com cinco bateristas, três baixistas, três pianistas/tecladistas, dois saxofonistas e dois violonistas/guitarristas. Um absurdo.

Mais loucura ainda é a duração do “Medley 2008”: 35 minutos, emendando 16 faixas pinçadas dos 30 anos da banda completados em 2008. A “Knight’s Song”, nome dado à “Moon Over the Castle” nos álbuns do T-Square, aparece mais para o final do medley (link para o trecho específico aqui).

A principal diferença da maioria das versões é a presença do violão, aqui tocado por Yuji Mikuriya, que fez parte do T-Square somente no ano de formação, em 1978, e mantém com o compositor e líder Masahiro Andoh a dupla de violões anmi2. O baixista Yuji Nakamura é visto ao fundo com um cavaquinho, o que não passa de uma fanfarronice. É o Masahiro Andoh que toca a melodia na guitarra, pouco depois acompanhado pela dupla de EWIs do Takeshi Itoh e Takahiro Miyazaki.

Se não é a melhor versão da música, ao menos tem o valor especial de ter sido lembrada no show de aniversário, o que não havia acontecido nos espetáculos de 20 e 25 anos.

Lista das faixas com link para as originais e os respectivos álbuns das quais saíram:

– “Medley 2008”
“Rockoon” (Rockoon, 1980)
“A Feel Deep Inside” (Lucky Summer Lady, 1979)
“Lickin’ It” (Midnight Lover, 1979)
“Flying Colors” (33, 2007)
“Friendship” (Friendship, 2000)
“Banana” (Rockoon, 1980)
“It’s Magic” (Magic, 1981)
“Megalith” (New-S, 1991)
“Full Circle” (Kyakusenbi No Yuwaku, 1982)
“A Dream in a Daydream” (T-Square, 2000)
“Kimi Wa Hurricane” (Uchimizuni Rainbow, 1983)
“Kaze No Shonen” (Spirits, 2003)
“Jubilee” (Adventures, 1984)
“Mistral” (Stars and the Moon, 1984)
“Knight’s Song” (Blue in Red, 1997)
“Celebration” (Truth, 1987)
“Adventures” (Adventures, 1984)

Gran Turismo 5: dois álbuns e o vídeo de abertura com a “Moon Over The Castle GT5 Version”

Por Alexei Barros

Finalmente! Dia 24 de novembro termina a espera por Gran Turismo 5, o jogo que havia virado motivo de piada por muitos por conta dos atrasos. Devido à minha inabilidade gamística-automotiva, não nego que durante esse tempo todo estava mais ansioso pela trilha sonora do que pelas corridas virtuais engedradas minuciosamente por Kazunori Yamauchi e equipe.

Semana passada foi anunciada a Gran Turismo 5 Original Soundtrack, álbum com dois CDs de 18 faixas cada com lançamento agendado para dia 22 de dezembro. Mesmo sem os créditos e a capa – como costumo aguardar antes de redigir o post –, fui obrigado a antecipá-lo com a revelação do vídeo da abertura japonesa.

Começa com a “Piano Sonata No 6 in A major, Op 82″ de Sergei Prokofiev em performance do pianista chinês Lang Lang. A partir de 3:27 eis que surge a “Moon Over The Castle GT5 Version”, a atualização arrebatadora do tema assinado por Masahiro Andoh especialmente para a série, a pedido do próprio Kazunori Yamauchi. Nas outras versões, se ouve a “Planetary (Go!)” do My Chemical Romance. Preciso dizer qual é a minha preferida? As imagens e a edição são fenomenais e, como o Fabão atentou, há certa influência do filme Koyaanisqatsi.

A exemplo da “Moon Over The Castle ~Orchestral Version~” do Gran Turismo 4, foi realizada a inusitada mistura de uma obra erudita com um fusion rock, e é curioso perceber como deu certo mais uma vez. Como nos temas anteriores, nota-se também como a porção rock é muito maior do que se costuma encontrar na maioria das músicas do T-Square, a banda liderada por Masahiro Andoh. Novamente com um timbre de guitarra poderoso, não há diferença drástica em relação às músicas passadas.

Para completar, além da trilha original, será lançada no mesmo dia, em um total de 13 faixas eruditas, a coletânea Gran Turismo 5 Original Game Soundtrack piano performed by Lang Lang, com título autoexplicativo.

Grato pelas mil e uma dicas do Fabão via Twitter.

Quase game music: seleção de cinco músicas orquestradas com guitarra

Por Alexei Barros

Orquestra e guitarra. Unir os dois elementos é um desafio e tanto em espetáculos, sobretudo em salas de concerto, onde o som dos instrumentos da orquestra é reproduzido sem auxílio de microfones, enquanto que da guitarra é amplificado evidentemente. Quando bem executada, a mistura tem um resultado esplendoroso, pois abundam músicas de games com a junção.

Exemplos não faltam. Nem sonhando dá para dizer que no Video Games Live a mescla é um sucesso, já que, pelo menos nos shows que vi no Brasil, a pequenez da orquestra é eclipsada pelo guitarra – veremos se no Video Games Live: Level 2 a coisa toda funcionou pelo menos. Nos demais concertos, foram convocadas bandas de rock, como a -123min no Third Symphonic Game Music Concert, Machinae Supremacy no PLAY! em Estocolmo em 2007, After Forever no Games in Concert 3, além de todas as vezes que o The Black Mages tocou a “Advent One-Winged Angel”. No Press Start, desde a primeira edição, o guitarrista Haruo Kubota participou de diversos segmentos. Para completar as exemplificações, no próprio Games in Concert a Metropole Orchestra possui um guitarrista que talvez seja o responsável pelos melhores resultados da mistura em concertos de games, a exemplo da versão suprema da “Moon Over the Castle” (Gran Turismo 4). Todas têm em comum o fato de as gravações oficiais inexistirem ou serem amadoras. Mesmo no Games in Concert, em que há registro profissional, mal se consegue ver onde está o guitarrista.

Mas você sabe como é. Aquela coluna lateral de vídeos relacionados do YouTube é uma bênção, e por meio dela em deparei com performances orquestradas sensacionais com guitarra, só que não de game music. Antes que alguém diga “esse de games virou blog de musica”, todos os vídeos tem relação indireta com compositores que eventualmente fizeram músicas para jogos ou pela orquestra que tocou em determinada trilha. Por certo, quem acompanha o blog há algum tempo não se surpreenderá ao constatar que quatro são de compositores nipônicos, e o que não é foi tocado no Japão.

A ideia do post é justamente mostrar como a guitarra poderia ser aproveitada de várias formas diferentes na companhia da orquestra, e de como os espetáculos de games, em especial os japoneses, estão atrás do que se faz em outros nichos, tanto em performance, como em disponibilidade de gravação. Claro que isso depende do estilo. Não estou dizendo que a guitarra é obrigatória. Por fim, você sabe que quase não gosto de comparar e dar indiretas. Então, em todos os casos não vi o guitarrista saltitar ou fazer estripulias exibicionistas.

Os bons achados depois do Hadouken que provavelmente você discordará da ordem.
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“Moon Over the Castle” – Gran Turismo 4 (Games in Concert 2)

Gran Turismo 4
Por Alexei Barros

Depois de ver o vídeo do último post não me conformei e fiquei mais obcecado do que nunca na busca por qualquer registro da “Moon Over the Castle” executada na apresentação holandesa Games in Concert 2 (2007). Eis que depois de algumas caçadas no Google me deparo com o Nitro Game Injection # 118: Go Karting With Bowser. Completando a procura que parecia ser eterna, o podcast abria com a famigerada faixa. Tratei de solicitá-la por e-mail ao editor do site, KyleJCrb, que me enviou encarecidamente.

Para meu espanto, levando em conta que o site oficial não havia publicado o vídeo, não é uma gravação amadora, mas sim profissional. O que aconteceu: algumas músicas dessa série de espetáculos foram veiculadas pela NCRV Radio – não todas, já que o primeiro concerto de game music transmitido de ponta a ponta ao vivo via rádio foi o Symphonic Shades em 2008 –, e a “Moon Over the Castle” estava entre elas. As demais estou caçando nos sarcófagos da Internet.

Se na outra ocasião, no A Night in Fantasia 2005, em que a faixa foi (parcialmente) executada em uma apresentação de games eu disse “Infelizmente, o longo tempo de procura é proporcional à minha imensa decepção com a performance”, posso afirmar o inverso: felizmente, o longo tempo de busca, é pequeno ante a satisfação com a performance, que não é uma simples execução literal.

Cristina BrancoCuriosamente, a porção erudita da abertura, adicionada no arranjo de Keiichi Oku para Gran Turismo 4, “Moon Over the Castle ~Orchestral Version~”, é reproduzida de maneira alternativa, começando com o vocal da cantora portuguesa Cristina Branco. Entoando os versos em italiano (traduzidos já na original a partir da letra escrita pelo criador da série, Kazunori Yamauchi), ela confere uma interpretação mais suave e menos ópera até finalmente sabermos se a lua acima do castelo está mesmo cheia.

Traumatizado pela versão do A Night in Fantasia 2005 que acabava assim, por um momento imaginei o mesmo, mas, puxa vida, a guitarra participa sutilmente da parte inicial, não haveria sentido em encerrar aqui. Sabendo então que haveria os instrumentos adequados para o rock, imaginei apreensivo “como o concerto é na Holanda, vão tocar a “Reason is Treason” (Kasabian), que substitui a “Moon Over the Castle” na abertura da versão europeia de Gran Turismo 4”. Que nada.

Ouço as primeiras notas do tema assinado por Masahiro Andoh na guitarra, a entrada fenomenal de baixo elétrico (fones de ouvido são recomendados para apreciar melhor os graves), a bateria e o teclado – todos os instrumentos ao vivo, tocados por musicistas sentados no palco como os outros integrantes da orquestra; você entendeu para quem foi a indireta –, numa combinação absolutamente avassaladora. Melhor que isso só o T-Square.

Como disse, não é uma mera imitação da original, porque também foi introduzida a orquestra na parte rock, ainda mantendo o foco da melodia na guitarra – tipo de arranjo jamais feito não só nos álbuns de Gran Turismo, como nos três CDs orquestrados do T-Square, Classic, Harmony e Takarajima, todos lançados antes de 1997. Os metais, sempre os poderosos metais, da Metropole Orchestra foram implementados, com breves participações das cordas. Passado o êxtase, volta o trecho erudito da abertura, desta vez em uma versão mais próxima da original, iniciando com o coral PA’dam Choir, que apesar de pequeno (cerca de 15 vozes, todos com microfones próprios) dá conta do recado, novamente passando para o solo de Cristina Branco.

Não me conformo como uma joia rara desta não foi publicada em vídeo no site oficial e também como a transmissão do rádio, mesmo parcial, quase nem foi comentada à época. Para uma música tão variada e eclética ser executada de maneira soberba, ainda por cima numa performance inédita em um concerto de games japonês, mostra o quanto a Metropole Orchestra é versátil e competente. Respeito  e admiração eternos à série holandesa Games in Concert.

Ouça enfim:

“Moon Over the Castle” (Games in Concert 2)

Beatles e game music: tudo a ver

Beatles
Por Alexei Barros

Talvez eu seja o único jogador que não estava contando os dias para o lançamento de The Beatles: Rock Band neste cabalístico 09/09/2009. Não só porque sou indiferente para a maioria desses jogos de ritmo ocidentais (japas é outra história), e também porque enfoca uma banda que não sou admirador – revelação que quase me fez ser apedrejado certa vez, como se fosse obrigação gostar, como se fosse a última maravilha musical do mundo.

Desabafos à parte, é evidente que reconheço a popularidade do quarteto e toda a importância na cultura pop que ainda se perpetua na entrada dos anos 2010. Mais incrível, essa influência dos Beatles pode ser percebida nos compositores de jogos, incluindo os que moram bem longe da Grã-Bretanha, no Japão. Não chega a ser uma Yellow Magic Orchestra em termos de preponderância, mas há muitas relações. Diretas e indiretas. Coincidentemente ou não, todos da lista são alguns dos meus favoritos, o que me leva a crer que seja um fã enrustido dos Beatles.

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