Archive for the 'Sonic the Hedgehog' Category

Diggin’ in the Carts: um fascinante documentário sobre game music japonesa


Por Alexei Barros

Documentários de game music em vídeo não aparecem todos os dias. Focados em game music japonesa então… Por conta da barreira de idioma, são quase inexistentes – uma exceção é o especial francês do Game One que publiquei anos atrás.

Por isso, uma superprodução como a Diggin’ in the Carts da Red Bull Music Academy deve ser aplaudida. Como muitos sabem e demorei séculos para comentar aqui, o documentário é dividido em seis episódios que falam sobre a evolução da game music nipônica, com declarações de compositores, artistas e produtores.

Hally, especialista de game music, e Rolling Uchizawa, ex-editor da Famitsu (que também aparecia no documentário da Game One), são os principais responsáveis pela excelente contextualização dos assuntos abordados, afinal eles viveram tudo aquilo de perto.

Fiquei pasmado com a quantidade de compositores expoentes que a reportagem conseguiu entrevistar: Nobuo Uematsu, Yuzo Koshiro, Hitoshi Sakimoto, Hiroshi Kawaguchi, Yoko Shimomura, Hirokazu Tanaka, Junko Ozawa…

O único problema é que quando isso acontece fica um gostinho de quero mais, já que não aparecem nomes importantes como Koji Kondo, Koichi Sugiyama, Yasunori Mitsuda, Motoi Sakuraba, Noriyuki Iwadare, Akira Yamaoka, Michiko Naruke, Takenobu Mitsuyoshi, Kenji Ito, Motoaki Furukawa, Hisayoshi Ogura, Masashi Hamauzu, Michiru Yamane, Miki Higashino, Hiroki Kikuta, Norihiko Hibino, Ayako Saso, Daisuke Ishiwatari, Shoji Meguro, Manabu Namiki… É meio impossível falar com todo mundo. Talvez com mais uns 34 episódios…

Ainda assim, fiquei bastante surpreso com as aparições de Akio Dobashi (Lagrange Point) e Masashi Kageyama (Gimmick!), que são extremamente obscuros no Ocidente e só os conhecia de nome. E nunca esperava ver o Hayato Matsuo em vídeo.

Fora isso, pode ser implicância minha, mas algumas falas dos artistas ocidentais não acrescentaram muita coisa e parecem meio deslocadas. Pelo menos alguns deles falaram algo útil e, no geral, foram influenciados pelo trabalho dos mestres japoneses. Não compromete, é claro. Outro ponto que deve ser elogiado é a direção de fotografia: simplesmente exuberante.

Para quem não viu ou já assistiu e quer rever, publico os seis episódios do Diggin’ in the Carts com breves comentários sobre cada parte, além dos episódios extras. Caso queira ver pelos links abaixo, não se esqueça de ativar as legendas do YouTube (tem em português), clicando no botão correspondente em cada janela.

[ATUALIZAÇÃO] Coincidentemente, a Folha de S. Paulo traz hoje (01/01/2015) uma ótima reportagem falando sobre o Diggin’ in the Carts. A parte mais interessante do artigo são as declarações do produtor do documentário, o neozelandês Nick Dwyer. Entre outras coisas, ele diz que o único compositor que queria incluir no vídeo e não conseguiu é o Koji Kondo, porém, por problemas de direitos autorais, a Nintendo não autorizou a participação do músico. Ou seja, ele não pode ser entrevistado em um vídeo jornalístico, mas tudo bem acompanhar no piano uma música do Imagine Dragons no The Game Awards 2014? Qual o sentido disso? E apenas uma chatice de minha parte: o único equívoco do texto foi falar que o NES foi lançado em 1983. Na verdade, o correspondente japonês do NES, o Famicom, é que saiu nesse ano. O NES chegou às lojas em 1985.

Episode 1: The rise of VGM

Primórdios da game music com Space Invaders e Rally X. Em uma raríssima entrevista, a compositora Junko Ozawa fala sobre seu trabalho em The Tower of Druaga e as limitações da época. Hiroshi Okubo, chefe da equipe de som da Bandai Namco, também ajuda a demonstrar como o áudio era rudimentar nos arcades antigos. Mais adiante, o mestre Hirokazu Tanaka relembra suas influências de reggae e como era trabalhar na Nintendo nos anos 80. Primoroso.

Episode 2: The outer reaches of 8-bit

A importância da Konami para a game music por jogos como Castlevania e Contra e pelo uso dos chips de canais adicionais de som, como o VRC6. Uma pena que os compositores que trabalharam na empresa ficaram no anonimato. Em compensação, o músico Akio Dobashi, que não é originário dos games, aparece  para dizer como foi diferente para ele compor a trilha do RPG Lagrange Point. Depois, o produtor Nobuhiro Yoshikawa, que lança trilhas de game music retrô pelo selo Clarice Disc (até onde eu sei, ele não é compositor, como diz o vídeo), lembra a importância musical da Sunsoft durante a era Famicom. Masashi Kageyama, autor da trilha de Gimmick!, faz uma inacreditável participação para rememorar os seus tempos de compositor – atualmente ele não trabalha mais com música.

Episode 3: The dawn of a new era

O advento da era 16-bit, com a surpreendente aparição de Hayaso Matsuo, que, embora hoje seja mais conhecido como um arranjador e orquestrador, relembra sua história como compositor de jogos antigos. Ele mesmo dá o gancho para o documentário abordar a carreira do Hitoshi Sakimoto. Para fechar de maneira magistral, a Yoko Shimomura é escalada para falar sobre a histórica trilha sonora de Street Fighter II. A explicação para a inspiração do tema do Blanka é sensacional.

Episode 4: The cool kid

A importância do Mega Drive na história da game music. O genial Hiroshi Kawaguchi faz uma essencial participação, comentando como foi criar as trilhas de Hang-On e OutRun. Ainda falando da Sega, os artistas se derretem pela nostalgia das trilhas do Sonic. Pena que não há declarações do compositor Masato Nakamura. No final, o mago do som Yuzo Koshiro fala sobre as restrições da época e as trilhas de The Revenge of Shinobi e especialmente Streets of Rage.

Episode 5: The Role of Role Play

Episódio dedicado totalmente ao Nobuo Uematsu e sua participação na série Final Fantasy. A parte de concertos de game music foi muito bem representada. O maestro e produtor da turnê Distant Worlds, Arnie Roth, revela a curiosa inspiração da “One-Winged Angel” em “Purple Haze” do Jimi Hendrix. Depois, o documentário viaja para a Suécia, no Stockholm Concert Hall, por ocasião do concerto Final Symphony. Ao som do piano tocado pela Katharina Treutler, o produtor Thomas Boecker fala sobre o First Symphonic Game Music Concert, primeiro concerto de games realizado fora do Japão que teve o Nobuo Uematsu como convidado. Mais adiante, ele comenta como os compositores não esperavam ser tão reconhecidos e viraram celebridades, com fãs pedindo autógrafos. Os arranjadores finlandeses Jonne Valtonen e Roger Wanamo também aparecem, embora só o segundo fale sobre o Final Symphony. Enquanto isso, trechos do poema do sinfônico de Final Fantasy VI podem ser apreciados.

Episode 6: The end of an era

O advento dos CDs, mostrando mais uma vez a importância da Namco nesse segmento. Aparece o produtor de Tekken, Katsuhiro Harada, e uma série de compositores que trabalham na empresa ou já estiveram lá: Kanako Kakino, Yoshie Takayanagi, Nobuyoshi Sano, Akitaka Tohyama, Taku Inoue, Rio Hamamoto, Keiichi Okabe e Yuu Miyake. Após esse bloco da Namco, Hideo Kojima fala sobre o áudio e as músicas cinematográficas de Metal Gear. O editor principal de áudio, Akihiro Teruda, também conta como é  produzir o design de som dos jogos da série. Nesse trecho, o único compositor entrevistado é o Ludvig Forssell, da Kojima Productions. A meu ver, este episódio não está no mesmo nível dos demais e fugiu um pouco do tema principal do documentário, embora não deixe de ser interessante.

Hidden Levels: Yoko Shimomura & Manami Matsumae

As compositoras relembram como era trabalhar na Capcom. A Manami Matsumae não chegou a aparecer no documentário principal.

Hidden Levels: Shinji Hosoe

Por algum motivo, Shinji Hosoe não é visto nos seis episódios, mas aqui ele discorre sobre a trilha de Ridge Racer. Pela quantidade de jogos na carreira, Hosoe merecia maior destaque.

Hidden Levels: Nobuo Uematsu

Nobuo Uematsu fala sobre as bandas e artistas que o influenciaram, especialmente Elton John.

The Greatest Video Game Music 2: desfalcado, mas, ainda assim, um pouco aproveitável


Por Alexei Barros

Quando os concertos e álbuns orquestrados de game music começaram a se popularizar no Ocidente na década passada, eram poucos os nomes que se aventuravam nesse nicho. Hoje, entre tantas iniciativas amadoras e profissionais, a quantidade de produções deve ter triplicado. Dessa nova safra, destacam-se os álbuns The Greatest Video Game Music, cujo segundo volume foi lançado em novembro de 2012.

A track list a mim muito chamou a atenção. Castlevania, Street Fighter II, Sonic e Super Metroid são nomes que de cara me fazem arregalar os olhos. Mas… nem tudo saiu como esperado. Eu sempre disse aqui que a Nintendo e a Square Enix são as empresas mais chatas para liberar as licenças das músicas em coletâneas com jogos de outras produtoras, certo? Pois, se agora as duas não causaram nenhum problema – o álbum inclui faixas de The Legend of Zelda: The Windwaker, Luigi’s Mansion e Super Metroid da primeira e Final Fantasy VII, Chrono Trigger e Kingdom Hearts II Final Mix +  da outra –, desta vez foram as donas Capcom e Konami que deram para trás, conforme noticiado pelo IGN. Resultado: diferentemente do divulgado, nada de Castlevania, Street Fighter II e também Metal Gear Solid 3 no álbum. Muito estranho se considerarmos que o Video Games Live Level 2, lançado em 2010, tem músicas de Mega Man e Castlevania.

Elucidada essa questão (ou não, já que o motivo não ficou claro), a track list conta com um generoso número de faixas: 17, garantindo uma boa variedade de estilos, jogos e produtoras. Quanto às seleções de músicas, ao mesmo tempo em que o álbum foge de temas mais manjados, também tromba com as músicas mais mastigadas do universo. Por exemplo: a seleção mais óbvia do Skyrim seria a “Dragonborn”, não seria? Em vez disso, tem a “Far Horizons”. Kingdom Hearts: “Hikari” seria o mais lugar-comum. No lugar, há a “Fate of the Unknown”. Enquanto isso, o álbum traz novos arranjos da “One-Winged Angel” e a “Main Theme” do Chrono Trigger como se eles fossem necessários (até porque não superaram arranjos mais consagrados).

Outro problema recorrente, esse presente no primeiro álbum, é a inclusão de faixas já orquestradas em suas trilhas originais, como é o caso da citada “Fate of the Unknown”. Para quê? Por isso, vou me dar o direito de abordar apenas os números que julguei mais interessantes para serem comentados, infelizmente apenas 4 das 17 faixas: dois medleys inéditos e dois arranjos de faixas sintetizadas. Ah, pode parecer que dei preferência para os jogos japoneses, mas não parece não: dei preferência mesmo.

03 – “Legend of Zelda – The Wind Waker: Dragon Root Island”
Original: “Dragon Root Island”

Esta aí uma escolha totalmente fora dos padrões, tanto o jogo como a música, mas que faz sentido, como a faixa original era sintetizada. Começa no violão, depois vai para as cordas em toda a sua majestade. Mais para frente, o piano dá uma quebrada na música, quando parece entrar, creio, o som de um bandolim e, logo em seguida, um saxofone. As cordas retornam num crescendo até confluir no apoteótico retorno de todos os instrumentos. Se não é a mais estrondosa performance de Zelda, ao menos fugiu do básico – básico que já constava no álbum anterior, a batida “Legend of Zelda: Suite”.

07 – “Sonic the Hedgehog A Symphonic Suite”
Originais: “Title” ~ “Super Sonic” ~ “Casino Night Zone” ~ “Sky Chase Zone” ~ “Aquatic Ruin Zone” ~ “Hill Top Zone” ~ “Title” (Sonic the Hedgehog 2)

Considerando que o arranjo “Sonic the Hedgehog: Staff Credits” feito pelo Richard Jacques para o Video Games Live é, não tem jeito, insuperável, não precisaria nem tentar fazer algo melhor: bastava seguir para o Sonic 2. Mesmo que o nome da faixa não diga isso, a suíte abrange sim faixas da sequência. Só que quem fez o arranjo devia estar morrendo de sono: a peça é de uma monotonia ímpar, parada demais, nada a ver com a velocidade sugerida por qualquer coisa relacionada ao Sonic.

Vamos ver música por música. Depois da “Title” em uma rendição toda pomposa, surge não a “Emerald Hill Zone”, que seria a melhor escolha, mas a “Super Sonic” nos xilofones, nos clarinetes e nas flautas sem a metade da empolgação da original. Abruptamente (ruim a transição), nasce a “Casino Night Zone” muito suavemente, com acompanhamento da bateria e melodia tocada pelo clarinete e depois pelo trombone. Para dormir de vez, a “Sky Chase Zone” é tocada, quase parando. O solo de violino tristonho transita a suíte para a “Aquatic Ruin Zone”, quando você imagina já o Sonic chorando de tristeza. Inesperadamente, a percussão dá uma animada em um raro trecho com cara de Sonic, com direito a solo de saxofone e um baixo elétrico mais incisivo. Piano e xilofone alternam rapidamente na breve alusão à “Hill Top Zone” e, em um crescendo, a “Title” termina essa agonia. Além de sonífero, o arranjo ignora completamente a “Emerald Hill Zone” e a “Chemical Plant Zone”, que para mim são as mais icônicas do Sonic 2. Uma lástima.

09 – “Luigi’s Mansion: Main Theme”
Original: “Luigi’s Mansion”

Talvez para embarcar no anúncio do Luigi’s Mansion: Dark Moon e na representação do jogo no Wii U, o álbum resgata a música desse jogo que nunca foi orquestrada e provavelmente nunca apareceria em um concerto – se já é muito sonhar com Mario Kart, que é bastante popular, imagine Luigi’s Mansion. O arranjo me faz lembrar muito algum tema de desenho animado (da Disney?), deixando um clima de suspense e terror, mas, no fundo, fundo, tudo aquilo não passa de uma brincadeira, mesmo que sem o Luigi murmurando a música como na versão do jogo. Mas a coisa fica (um pouco) mais séria com o coral, que chega rasgando e depois volta em um momento grandioso da performance.

11 – “Super Metroid: A Symphonic Poem”
Originais: “Theme of Super Metroid” ~ “Opening (Destroyed Science Academy Research Station)” ~ “Brinstar – Red Soil Wetland Area” ~ “Maridia – Rocky Underground Water Area”“Theme of Super Metroid” ~ “Opening (Destroyed Science Academy Research Station)” ~ “Samus Aran Appearance Fanfare” ~ “Theme of Super Metroid”

Se antes só existia o medley do OGC4, de uma hora para outra, todo mundo quis apresentar um arranjo do Super Metroid, o que é curioso, pois poderiam também dar mais espaço para o primeiro Metroid e a trilogia Metroid Prime. Além do Symphonic Legends e LEGENDS (em arranjos diferentes, o primeiro do Torsten Rasch e o outro do Jonne Valtonen), recentemente a turnê Play! A Video Game Symphony também apresentou uma (boa) versão. Mesmo com essa fartura, ainda não dá para nem começar a falar de alguma saturação de Metroid, pois o jogo sempre ficou atrás de Mario e Zelda nos concertos (e ainda falta o Press Start mostrar o seu arranjo).

“Theme of Super Metroid” foi usada para abrir o poema sinfônico e não causa o mesmo impacto para quem já conhecia a versão do OGC4. Mas o trecho correspondente à “Opening (Destroyed Science Academy Research Station)”, na tela-título, é brilhante, com todos os ruídos fielmente reproduzidos e o clima de ficção científica estabelecido no ar. Muito sutilmente, em uma transição perfeita, essa faixa vai para a “Brinstar – Red Soil Wetland Area”, que cresce de uma maneira contagiante. Para dar aquela acalmada, nada melhor do que um tema de um ambiente aquático, e, nesse caso, o clarinete mergulha na “Maridia – Rocky Underground Water Area”. A harpa lembra a “Theme of Super Metroid”, o piano a “Opening (Destroyed Science Academy Research Station)” e a “Samus Aran Appearance Fanfare” anuncia a chegada da Samus, primeiro com as mulheres, depois os homens em uma rápida participação do coral e mais uma vez com as madeiras. Fechando o arco, tem a “Theme of Super Metroid” vindo com tudo. No fim das contas, é uma peça admirável, a que mais me agradou do álbum, conseguindo transmitir por meio da orquestra a alma sonora de Super Metroid. (É capaz que eu tenha me perdido ou me esquecido de alguma faixa e, caso você tenha reparado em um erro, por favor grite nos comentários.)

“Sonic Medley” – Sonic the Hedgehog e Sonic the Hedgehog 2 (Joystick 4.0)

Por Alexei Barros

Além de desatualizado, também estou ficando desatento: aconteceu nos dias 16 e 17 de março o concerto Joystick 4.0 na Suécia e só soube dias desses. Já publiquei gravações das edições anteriores que impressionaram com orquestras grandiosas, com uma qualidade desproporcional à obscuridade da apresentação.

Pelo pouco que vi, alguns arranjos são os mesmos dos anos passados, mas há novos. E um dos novos é justamente de um personagem, digamos, maltratado pela Sega, de fama avassaladora no Brasil (eu arriscaria dizer maior que na Europa): o Sonic. E como o arranjo se sai comparado com a obra-prima “Sonic the Hedgehog: Staff Credits” do Richard Jacques para o VGL e o excelente trabalho da “Sonic the Hedgehog” do Yuzo Koshiro para o Play! A Video Game Symphony?

Para mim, não supera ambos, apesar de também incorporar músicas do Sonic 2. O maior problema é encarar esse medley como o representante definitivo de Sonic em um concerto com outras séries. Se fosse em uma apresentação exclusivamente dedicada ao Sonic, não haveria crítica em relação ao que considero o maior pecado: como ignorar a “Green Hill Zone”? E, por tabela, também omitir a “Emerald Hill Zone”? Mas vamos em frente.

Na abertura, a “Title” do Sonic 1 é reproduzida maravilhosamente nos metais, com as flautas fazendo breves intervenções. O belo excerto mostra que a partitura não é uma reprodução exata da sintetizada, mas uma verdadeira releitura orquestral. Após a explosão dos tímpanos, as cordas estupendas ensaiam aos poucos a entrada da “Final Zone”, e logo os metais graves avisam a chegada do Dr. Robotnik com a “Boss” do Sonic 1. De maneira apropriada, a peça emenda na “Boss” do Sonic 2! Está aí uma coisa que eu queria ouvir orquestrada há muito tempo. O clarinete e depois o oboé entoam essa melodia que remonta típicos ritmos russos, e os metais mais espalhafatosos combinam com a figura pitoresca do vilão. Na onda dessa pompa, com a glória dos tímpanos e dos metais, surge a majestosa “Wing Fortress Zone”. Terminando o medley muito bem, volta o Sonic 1 com a “Staff Credits”.

As transições são ótimas, o arranjo é muito bom, mas não consigo ouvir a performance e elegê-la como representante da identidade musical da série em sua totalidade. Se sobrou pompa, faltaram temas mais animados que combinaram tão bem com as trombetas jazzísticas no arranjo do Richard Jacques.

P.S.: O comecinho da peça está cortado, mas é o único vídeo disponível no YouTube desta performance até o momento.

“Sonic Medley”

“Title” ~ “Final Zone”“Boss” (Sonic the Hedgehog) ~ “Boss”“Wing Fortress Zone” (Sonic the Hedgehog 2) ~ “Staff Credits” (Sonic the Hedgehog)

Álbum com as músicas de Sonic Generations sai em janeiro de 2012; Jun Senoue diz que equilíbrio foi a palavra-chave da trilha


Por Alexei Barros

Pelo menos no aniversário de 20 anos, o Sonic se livrou da recente maldição dos jogos capengas em 3D com Sonic Generations, embora o Sonic Colors já tenha sido bastante elogiado no ano passado. As trilhas sonoras da série sempre chamam a atenção, mesmo quando os jogos não são lá grande coisa, mas, desta vez, há um motivo especial: o retorno das geniais composições de Masato Nakamura para Sonic 1 e 2 sob nova roupagem. Aliás, a primeira vez que ele permitiu que suas músicas fossem arranjadas.

Nessa semana, o comparsa Claudio Prandoni entrevistou por e-mail o produtor do Sonic Generations, Takashi Iizuka, para o UOL Jogos, e ganhou de brinde uma resposta sobre a trilha do lendário Jun Senoue, diretor de som do jogo. No UOL Jogos a declaração não foi usada na íntegra, então confira o depoimento inteiro do mestre da guitarra da banda Crush 40:

“Sonic Generations oferece dois tipos diferentes de jogabilidade para fases de jogos antigos: moderno e clássico. Tentamos arranjar as músicas de maneira a combinar bastante com estes estilos distintos. Quando a fase original era em 2D, o arranjo clássico dá uma sensação mais ‘nostálgica’, enquanto o moderno foca em trazer ‘surpresa e novidade’.

Em contraste, quando a fase original era em 3D, o arranjo moderno usa a faixa original como base, enquanto o clássico pega a essência e leva a música por caminhos diferentes.

Sonic Generations foi a primeira vez que Masato Nakamura, compositor original das músicas dos dois primeiros Sonic, nos permitiu arranjar as composições. Tomamos muito cuidado ao criar estas novas versões já que muitos fãs são bem apegados às faixas originais. Equilíbrio foi a palavra-chave, mantendo as partes importantes e mudando o que achávamos apropriado.

O estilo e intensidade de arranjo variam entre as canções, mas Chemical Plant e City Escape são bons exemplos em termos de manter ritmos memoráveis, mas também trazer mudanças ousadas. Já o arranjo moderno de faixas como Green Hill e Sky Sanctuary, cujas trilhas originais não eram muito rápidas, possui uma função especial que sincroniza a batida de acordo com a velocidade do Sonic, acelerando ou diminuindo de acordo com a velocidade do herói.”

Além dos dois, notei pelos créditos do jogo que muitos outros nomes se envolveram, como Naofumi Hataya, Kenichi Tokoi, Tomoya Ohtani, Richard Jacques e Yasufumi Fukuda. Não quero me aprofundar mais nos comentários na esperança de que falarei melhor quando sair a trilha original de título Sonic Generations Original Soundtrack: Blue Blur. Número de catálogo WWCE-31261~3, três CDs para o dia 11 de janeiro de 2012 por 4200 ienes (97 reais sem taxas adicionais). As músicas já podem ser ouvidas no YouTube – há bastante tempo foram ripadas inclusive. Só adianto que, apesar de bons momentos, não me empolguei tanto quanto a “Angel Island Zone” na versão do Jun Senoue para o Super Smash Bros. Brawl.

[via UOL jogos]

Marketing, tretas e um ouriço alucinante: veja o documentário Birth of Sonic completo aqui

Por Claudio Prandoni

Lembra outro dia quando falei de um tal documentário sobre o Sonic, que vem na edição especial do Sonic Generations?

Almas digitais tiveram a bondade de capturar esse Pokémon vídeo, chamado Birth of Sonic, e colocar a íntegra no YouTube.

São quase 40 minutos de uma história fascinante com alguns highlights:
– a estratégia de marketing ousada, com comerciais tirando sarro da Nintendo e que foram direto para a TV – e só passaram uma noite, já que depois a Nintendo mandou tirar essas paradas
– as tretas entre Sega Japan e Sega of America, sobre como adaptar o ouriço pro mercado gringo
– a revelação bombástica na CES 91
– as dificuldades de Masato Nakamura de criar músicas para um jogo do qual ele só tinha visto fotos

E por aí vai. Todas as figuras importantes estão lá: o farsante Yuji Naka, Naoto Oshima, Masato Nakamura, mó galera da equipe de marketing da Sega e até o Peter Morre, que capitaneou a Sega of America na época do lançamento do Dreamcast e Sonic Adventure.

Caso você seja fã do herói ou da história do videogame de maneira geral, é um programa imperdível. Prepare a pipoca, deixe para carregar na melhor resolução e curta esse passeio pelas origens do Sonic.

Na Europa, até a imprensa ganha uma edição especial de Sonic Generations

Por Claudio Prandoni

Enquanto aqui amargamos atrasos, datas de lançamento incertas e preços pouco convidativos, os gringos curtem o já conhecido e estabelecido mercado de games com preços acessíveis e outras regalias.

Em especial, para o caso que cito, a Europa: só o Velho Mundo recebeu a fenomenal edição especial de Sonic Generations, com trilha sonora, um anel dourado comemorativo, DVD com documentário e uma sensacional dupla de estatuetas – o Sonic gorditcho de um lado, o malandrão do outro.

Não acaba aí, ligando agora tais regalias chegaram também de certa maneira à imprensa. Olha o kit que um jornalista francês recebeu por lá do Sonic Generations para 3DS:

Além do óculos 3D boboca, broche e um DVD (creio que com o documentário), o press kit ainda veio com um bacanudérrimo livreto, de um lado com infos do Sonic Generations, do outro com entrevistas, artes e firulas sobre a história do ouriço.

Comerciais gamers: Mario & Sonic at the London 2012 Olympic Games

Por Alexei Barros

Só mesmo um jogo improvável como Mario & Sonic at the London 2012 Olympic Games para me animar a reatar a moribunda categoria Comerciais Gamers. Espero quem por serem vídeos novos fiquem mais tempo no ar.

Eu disse improvável? Será o terceiro jogo esportivo entre mascotes outrora rivais, mas a velha mania de colocar os personagens interpretados por pessoas vestindo as fantasias continua. E as situações pitorescas também.

Para agradar todo mundo foram feitos dois finais diferentes:

Final do Sonic:

Final do Mario:

“Game Medley” – Zelda, Tetris, Street Fighter II, Sonic e Mario (Game Music Brasil)

Por Alexei Barros

E então… Game Music Brasil. Durante o festival de músicas de jogos realizado 8 de abril, um dia antes do Video Games Live no Rio de Janeiro, foi apresentado um medley preparado especialmente para o evento. O autor do arranjo é o Lucas Lima, músico integrante da Família Lima que tem relação com videogames: além de jogador, chegou a compor as trilhas dos títulos para computador Winemaker Extraordinaire e Avalon desenvolvidos pelo estúdio nacional Overplay.

Como a performance foi da Orquestra Simphonica Villa Lobos, que executou toda a turnê brasileira do VGL em 2011, com imagens sincronizadas de jogos no telão, a miscelânea regida pelo Lucas Lima meio que serviu para mostrar, grosso modo, como seria um Video Games Live totalmente feito no Brasil, a não ser, claro, pela origem japonesa (e russa) dos jogos homenageados.

O problema é que… há muitos problemas. Por favor, sem indulgências ufanistas. Para começo de conversa, é aleatório a peça ter simplesmente o tema “videogame” ou “jogos que todo mundo conhece” ou ainda “jogos preferidos do Lucas Lima”. Repare que em todos os medleys que publiquei, amadores, pró-amadores ou profissionais, sempre teve um elemento comum: gênero, série, produtora, plataforma, compositor, mesmo que o número não apresente uma coerência e seja uma mera sucessão de melodias. Qual o sentido em juntar Mario e Sonic? Tetris e Street Fighter II? Já que foram somente cinco séries escolhidas (as quatro mencionadas e Zelda), preferiria pequenos segmentos para cada uma, em vez de um gigante, de 18 minutos.

Na maioria das mudanças de música, não há transições e sim vazios entre uma faixa e outra. Para mim, isso só é tolerável quando há o intento de recriar a experiência de jogo, afinal de contas a composição de fundo muda abruptamente de um cenário para outro em um Mario da vida.

Prova disso é abrir com “Overworld” de Zelda e pular para a “Type A” do Tetris logo na abertura. A parte que vem na sequência, do Street Fighter II, até que ficou interessante, porque “Title” e “Player Select” (bacanas as linhas graves nos violoncelos), que considero essenciais, não estão no “Street Fighter II Medley” do VGL, além da “Here Comes a New Challenger” e “Chun-Li Stage”. A lembrança de músicas não arranjadas anteriormente também salvou a seção seguinte, do Sonic: não há a “Special Stage” (bela nas cordas e flautas) na obra-prima “Sonic the Hedgehog: Staff Credits” do Richard Jacques. Só que a vinheta “Sega” instrumental perdeu toda a graça sem coral. O sentimento de novidade, apesar de tantos títulos famosos, repete-se com a fatia Mario, pela alusão ao vilipendiado Super Mario Bros. 2. De resto, nada de mais, com tantas interpretações melhores por aí, e o mesmo vale para as seleções do Ocarina of Time que fecharam o extenso medley.

A proximidade da organização do VGL fez com que o GMB importasse um dos pontos negativos (do meu ponto de vista) do afamado show-concerto: a gritaria. De novo, os berros de êxtase nostálgico são exagerados, mais pelo telão do que propriamente pelas lembranças das faixas. Como temia, o VGL deixou o público mal acostumado para apresentações com orquestra, nas quais se deve primeiro ouvir para depois urrar e aplaudir, não tudo simultaneamente, gerando uma salada de sons indecifráveis.

Em contrapartida, a execução abdicou do detestável subterfúgio do VGL: o playback, o que escancarou algumas deficiências:  a falta de sincronia (aqui, momento em que os violinos embolaram legal; ou aqui, instante em que o xilofone se perdeu) e desafinação (atente para os violinos) em alguns momentos. Estranhamente, a Villa Lobos, que, segundo o release do VGL, possui 43 integrantes, parecia estar representada por ainda menos gente pelo que se nota nos vídeos e nas fotos. Inclusive é possível ver uma violinista se assentar quando a performance já havia começado (repare na esquerda do palco). Mais autêntico que o VGL, mas carente de muito polimento.

– “Game Medley”

“Overworld” (The Legend of Zelda) ~ “Type A” (Tetris) ~ “Title” ~ “Player Select” ~ “Ryu Stage” ~ “Chun-Li Stage” ~ “Here Comes a New Challenger” ~ “Guile Stage” (Street Fighter II) ~ “Title” ~ “Green Hill Zone” ~ “1UP” ~ “Green Hill Zone” ~ “Stage Clear” ~ “Special Stage” ~“Green Hill Zone”“Boss” (Sonic the Hedgehog) ~ “Overworld” ~ “Underwater” (Super Mario Bros.) ~ “Overworld” ~ “Invincible” (Super Mario Bros. 2) ~ “Overworld” ~ “Underworld” (Super Mario Bros. 3) ~ “Overworld” (Super Mario World) ~ “World Clear” (Super Mario Bros.) ~ “Hyrule Field Main Theme” ~ “Zelda’s Theme” ~ “Great Fairy’s Fountain” (The Legend of Zelda: Ocarina of Time) ~ “Overworld” (The Legend of Zelda)

Game music em um concerto de música erudita, de graça, no Brasil


Por Alexei Barros

Apesar da quantidade imensa de jogadores de videogame, a cidade de Porto Alegre costuma ser deixada de lado nos eventos de jogos eletrônicos, haja vista o que disse há três anos (como o tempo passa!) o gaúcho (naturalizado argentino) Geraldo Figueras: “Do jeito que as coisas são em Porto Alegre, se o Nolan Bushnell viesse pra cá e ligasse um Atari 2600 em umas caixas amplificadas, eu já acharia o evento do ano.”

Quem diria que quatro dias depois da capital do Rio Grande do Sul entrar pela primeira vez na rota da excursão do Video Games Live, o que aconteceu na última quarta-feira, dia 12 de outubro, haveria uma orquestra tocando game music em um concerto de música erudita?

Será 16 de outubro, às 11 horas no Salão de Atos da UFRGS, com performance da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre e regência do maestro Manfredo Schmiedt. Com entrada franca, o Concerto para Juventude trará no programa a Sinfonia nº 1, de Carl August Nielsen, História del Tango – Night Club 1960, de Astor Piazzolla, West Side Story – Selections for Orchestra, de Leonard Bernstein, e o segmento Play the Game – Clássicos do videogame. Com arranjo de Alexandre Ostrovski Jr., trompista da orquestra, o número trará faixas de Mario, Sonic, Zelda e Top Gear. Tudo bem que pode ser um pouco aleatório ter o videogame como elemento comum da peça – dou um desconto por game music não ser o foco principal do concerto. Também não colocaria Top Gear no mesmo patamar musical das outras séries, mas ficarei na expectativa de algum vídeo pintar no YouTube.

[via OSPA]

Vinte anos depois, as trilhas originais de Sonic e Sonic 2 em CD

Por Alexei Barros

A celebração dos 20 anos de Sonic parecia indolente no setor musical? Não é o caixão (no bom sentido, uma coletânea digo) da série que muitos fãs almejam, mas é um belo começo: pela primeira vez, as trilhas completas de Sonic the Hedgehog (1991) e Sonic the Hedgehog 2 (1992) vão ser lançadas em CD. O anúncio se deu em uma mensagem em vídeo do compositor Masato Nakamura no evento comemorativo do personagem. A festa, que teve bolo de aniversário e tudo mais, contou com a presença, entre outros nomes, da trinca de criadores do Sonic: Naoto Oshima, Yuji Naka e Hirokazu Yasuhara, sendo que os três não trabalham na Sega atualmente.

Ainda não há uma data específica de lançamento para a Sonic the Hedgehog 1&2 Soundtrack – apenas foi divulgado que sairá no verão japonês, que acaba em agosto –, tampouco número de catálogo e a capa. Os poucos detalhes que foram divulgados são animadores. Além das trilhas originais do Mega Drive em sua totalidade, o álbum trará as faixas das fitas demo de Nakamura e músicas bônus. A minha torcida é que entre os extras estejam, por exemplo, os temas das zonas descartadas do Sonic 2. Composições naquela época de inspiração máxima do Masato Nakamura. Não que tenha decaído, mas foi o seu último trabalho para jogos, visto que, depois disso, sua participação na série se limitou como compositor original do remix do artista Akon da “Sweet Sweet Sweet (’06 Akon Mix)”, tema de encerramento do Sonic the Hedgehog (2006) baseado na “Ending” do Sonic the Hedgehog 2. Nakamura, para quem não sabe, toca baixo elétrico no duo J-pop Dreams Come True que forma com a cantora Miwa Yoshida.

Aproveitando a oportunidade ímpar, tendo em vista as raras vezes em que abordo as trilhas de Sonic por aqui, uma curiosidade aparentemente não muito comentada: algumas músicas do Sonic serviram de base para canções do DCT. Abaixo, ouça-as, separadamente, e a mistura entre as duas versões que comprova a similaridade das melodias harmonizando os andamentos outrora diferentes das sintetizadas e das músicas cantadas.

“Green Hill Zone” (Sonic the Hedgehog)
– “Marry Me” (Sing or Die, 1997)

“Star Light Zone” (Sonic the Hedgehog)
– “Kusuriyubi No Kesshin” (Million Kisses, 1991)

“Labyrinth Zone” (Sonic the Hedgehog)
– “Kessen Wa Kinyoubi” (The Swinging Star, 1992)

“Chemical Plant Zone” (Sonic the Hedgehog 2) 
– “Dou Yatte Wasureyou” (Love Unlimited, 1996)

“Final Boss” (Sonic the Hedgehog 2)
– “Yasashii Kiss O Shite” (Diamond King, 2004)

“Ending” (Sonic the Hedgehog 2)
– “Sweet Sweet Sweet” (The Swinging Star, 1992)

Comparação

[via Famitsu; imagens do evento no Gamer e Game Watch]


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