Por Alexei Barros
Cumprir os prazos de lançamento deveria ser o normal entre as gravações de concertos, mas virou algo elogiável diante de CDs que atrasam meses e mais meses e escancaram a falta de profissionalismo de algumas produções. Se você não tem certeza, para que prometer antes da hora e enraivecer os compradores do álbum?
Não foi o caso do Distant Worlds II: more music from Final Fantasy. O disco gravado em estúdio em janeiro na Suécia foi agendado para junho. Depois foi marcado para o primeiro dia do mês. Não parou por aí. Um mês antes o álbum já pode ser comprado digitalmente por míseros 10 dólares no site oficial no formato que você bem entender: MP3 em 320 kbps, AAC, ALAC e, para os tarados por qualidade e com terabytes livres no disco rígido, o ignorante FLAC em HD 24bit / 88,2khz. O pacote virtual inclui ainda um PDF de 12 páginas com as letras, liner notes e fotos da gravação. Mas, de novo, não acabou aqui. O CD pode ser escutado de graça em streaming na íntegra! Não são meros samples, e sim faixas completíssimas em excepcional qualidade. Nem vou precisar republicar no Goear.
Vamos falar sobre a track list. Minha previsão ficou parcialmente furada. A “Kiss Me Good-Bye” (FFXII) e a “Twilight Over Thanalan ~ Beneath Bloody Borders” (FFXIV) não entraram, nem mesmo aquelas duas do FFXIII que vão fazer parte do repertório da turnê. No lugar, “Prima Vista Orchestra” (FFIX) e “Dear Friends” (FFV), de apenas um minuto e meio, que estrearam nos concertos Voices e 20020220, respectivamente. Com isso, sobraram poucas músicas dos concertos passados que ainda não foram gravadas em estúdio nem nesse e nem no predecessor.
A performance da Royal Stockholm Philharmonic Orchestra e do Elmhurst College Concert Choir (isso sim é um coral) são tão impolutas que, sem exageros, passei a gostar mais de algumas músicas que não estimava muito. A “Suteki da ne”, pela primeira vez com a letra em inglês (é possível conferir os versos no link), é um exemplo por conta do agradibilíssimo timbre da Susan Calloway – acho que o meu problema era com a Rikki, a cantora da “Suteki da ne” original. Sendo assim, tomarei a liberdade de comentar somente as faixas inéditas que estrearam no Distant Worlds II, as que mais ansiava:
01 – “Prelude” (Final Fantasy series)
02 – “The Man with the Machine Gun” (Final Fantasy VIII)
03 – “Ronfaure” (Final Fantasy XI)
04 – “A Place to Call Home ~ Melodies of Life” (Final Fantasy IX)
05 – “Zanarkand” (Final Fantasy X)
06 – “Dancing Mad” (Final Fantasy VI)
Original: “Dancing Mad”
Composição: Nobuo Uematsu
Arranjo: Adam Klemens e Kenichiro Fukui
Órgão de tubo: Oskar Ekburg
Banda: Earthbound Papas
Como herança do Fourth Symphonic Game Music Concert (2006), oportunidade em que estreou a “Dancing Mad” orquestrada, depois de tanto tempo intocada, a música passou a fazer parte do programa do PLAY! A Video Game Symphony. Em Estocolmo em 2007, a banda Machinae Supremacy ladeou a orquestra, coral e órgão na “Dancing Mad”. Pelo que acompanhei dos vídeos e gravações a mistura não funcionou muito bem ao vivo, porque é difícil conciliar em um mesmo ambiente instrumentos elétricos e a bateria com os coitados dos violinos e das flautas. Como aqui não é ao vivo, é possível isolar cada parte conflitante e misturar tudo. Isso mesmo o que aconteceu: aquela “Dancing Mad” do Fourth SGMC foi fundida com a “Dancing Mad” do The Black Mages, aqui representado pelo Earthbound Papas, resultando na mais perfeita, majestosa e avassaladora interpretação do tema da batalha final do FFVI. É a versão definitiva, enfim.
Felizmente, o solo de órgão de tubo, outrora limado na apresentação em Chicago, regressou. O ápice, o momento mais arrepiante, é naquele instante próximo do desfecho (8:22), em que a música alcança contornos épicos. Antes era só o coral ou apenas a guitarra. Agora são os dois, igualmente audíveis e não conflitantes. Uma loucura completa. Próximo passo: “Ending Theme”.
07 – “Victory Theme” (Final Fantasy series)
Original: “Fanfare”
Composição: Nobuo Uematsu
Arranjo: Arnie Roth
Meu ceticismo se confirmou: apenas segundos de música. Apesar de sempre desejá-la orquestrada, não deveria ser em um segmento tão diminuto assim, porque não é substancial o bastante. O que custava tocar a melodia que vem logo na sequência?
08 – “Suteki da ne” (Final Fantasy X)
09 – “Terra’s Theme” (Final Fantasy VI)
10 – “Main Theme of Final Fantasy VII” (Final Fantasy VII)
11 – “Prima Vista Orchestra” (Final Fantasy IX)
12 – “Dear Friends” (Final Fantasy V)
13 – “JENOVA” (Final Fantasy VII)
Original: “J-E-N-O-V-A”
Composição: Nobuo Uematsu
Arranjo: Arnie Roth, Eric Roth e Nobuo Uematsu
Quem diria que uma música tão repetitiva e, convenhamos, um tanto quanto sem graça originalmente apresentasse semelhante empolgação na versão orquestrada deste arranjo que é o primeiro preparado especialmente para o Distant Worlds (a “Victory Theme” não conta). A batida da bateria, aqui sem brigar com nenhum instrumento, é uma das principais responsáveis por isso, para não esquecer do coral e dos solos jazzísticos dos metais.
[via Distant Worlds]
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