Arquivo para dezembro \31\-03:00 2012

Seis anos depois de hiato, o inacreditável retorno do Casiopea – com direito a novo DVD

Casiopea
Por Alexei Barros

Uma estatística baseada no puro achismo: se oito em cada dez compositores japoneses de game music foram influenciados pela Yellow Magic Orchestra, os dois restantes tem a banda Casiopea como principal fonte de inspiração. O pioneirismo da YMO ainda está à frente pelo lançamento do álbum homônimo com duas faixas de game music, mas o Casiopea tem a sua importância na história com um jazz fusion altamente melódico e envolvente, hits e medleys de mais de 20 minutos. A rica trajetória da banda que debutou em 1979 foi misteriosamente interrompida em agosto de 2006, passando em branco (a não ser pelo site especial) da comemoração dos 30 anos em 2009.

Quando muitos já tinham perdido as esperanças e se conformavam apenas com as inúmeras coletâneas e os álbuns solo dos seus integrantes, surpreendentemente foi anunciado o retorno em abril de 2012 (é, eu demorei um pouco para fazer o post), com direito a diversos shows e ao DVD, que saiu dia 26 de dezembro. Antes dos detalhes do regresso, os motivos para tanta alegria.

Justamente no ano de 2006 foi quando eu passei a procurar com mais veemência por álbuns de game music oficiais (em 2005 já me interessava mais pelo assunto), praticamente abandonando os poucos arranjos que me agradavam no OverClocked ReMix. Em meio a tantas descobertas, notei que possuía uma predileção pelo gênero jazz fusion, mesmo sem entender a razão. Entre um álbum e outro, acabei conhecendo as bandas Kukeiha Club, da Konami, e S.S.T. Band, da Sega, e todas as histórias ocultas envolvendo o Game Music Festival que já não são mais tão obscuras assim.

Foi então que nesse tópico do Slightly Dark recomendaram a fonte de inspiração delas: T-Square e Casiopea. O T-Square eu já conhecia de nome ao pesquisar a origem de Masahiro Andoh, o guitarrista, por gostar das trilhas de Gran Turismo, mas que nunca tinha conseguido ouvir. As duas bandas tinham feito um show de nome Casiopea Vs The Square não muito tempo antes, lançado em DVD em 2004. Por sorte, havia breves amostras em sample do DVD das faixas “Omens of Love” e “Tokimeki”, entre outras. Bastaram poucos segundos para eu ficar completamente estupefato e virar instantaneamente fã das duas. Então eu mendiguei para um canadense do fórum GamingForce Interactive que havia conseguido todas as faixas do show em um serviço obscuro de compartilhamento de músicas. Escutando tudo, novo choque. Uma música melhor e mais bem tocada que a outra por instrumentistas talentosíssimos. A “Mid-Manhattan” é uma das minhas favoritas até hoje, misturando integrantes do Casiopea e do T-Square. Afinal, duas baterias (e ainda sincronizadas!) só podem ser melhores do que uma…

O Casiopea também sempre me chamou a atenção pela duração de algumas músicas. Alguns medleys passam dos 30 minutos! A respeito de músicas avulsas, a maior de todas é a transcendental “Universe”, do álbum Marble (2004), com 25 minutos.

De maneira voraz, corri atrás das discografias de ambas as bandas, dos álbuns solo dos instrumentistas dessas bandas, das bandas formadas pelos dissidentes e ainda dos projetos paralelos dos músicos dessas bandas (como Trix, Pyramid, Ottottrio e Synchronized DNA que misturam integrantes e ex-integrantes). Haja banda, haja música! O YouTube ainda não era tão popular, e mal conhecia pessoas que ao menos tivessem ouvido falar do Casiopea e do T-Square. Hoje, felizmente, a história é totalmente diferente. Mas, enquanto o T-Square continuava ano após ano na ativa – até hoje –, alimentando em mim certa dose de ansiedade a cada álbum lançado, eu nunca cheguei a ter o mesmo sentimento com o Casiopea.

Nesse meio tempo, não me dei por feliz e procurei pesquisar mais detalhes sobre o Casiopea e, para minha completa surpresa, descobri no site do baixista Tetsuo Sakurai que a banda fez uma turnê brasileira em 1987, visitando as cidades de São Paulo, Salvador, Recife, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre (veja a propaganda ao lado).

Vasculhando o excepcional Acervo da Folha, encontrei uma reportagem do dia 9 de abril de 1987 sobre a primeira vinda deles, informando que o Gilberto Gil foi o responsável por trazê-los para o Brasil. Tem até uma entrevista (apesar de creditada como se todos os integrantes fossem uma coisa só):

O jazz rock japonês do Casiopea estreia sábado em São Paulo

Trazido ao país por inicativa de Gilberto Gil, o grupo japonês Casiopea chegou ontem de manhã a São Paulo, onde inicia uma turnê por seis cidades brasileiras, com produção do Projeto SP. A estreia, que estava marcada para amanhã foi transferida para o sábado, às 21h, no auditório Elis Regina do Palácio das Covenções do Anhembi. Depois o grupo segue para Salvador (onde se apresenta dia 14), Recife (dia 15), Rio de Janeiro (dias 20 e 21), Curitiba (dia 22) e Porto Alegre (dia 24).

A ideia de promover a vinda do grupo surgiu em 85, na Alemanha, quando Gilberto Gil ouviu pela primeira vez o jazz-rock do Casiopea. A Gege Produções Artísticas promete para breve o lançamento do primeiro disco do grupo no país, Halle, através do selo Geleia Gera, que editou o recente LP de Gil, Em Concerto. No domingo, às 14h, também no Anhembi, o grupo trocará improvisos com músico brasileiros, numa “jam session” que poderá assistida apenas por convidados e pela imprensa. Já estão confirmados os nomes de Nelson Ayres (teclados), Nico Assunção (baixo), Cláudio Celso (guitarra), Lino Simão (sax) e Duda Neves (bateria).

O Casiopea foi formado há dez anos pelos ainda estudantes Issei Noro (guitarra, arranjos e letras), Tetsuo Sakurai (baixo) e Minoru Mukaiya (teclados) que se reuniam para “jam sessions” informais. O comprometimento com o grupo foi crescendo e em 79 gravaram seu primeiro disco, Casiopea. A base da atual formação foi completada no ano seguinte com o ingresso do baterista Akira Jimbo, que também é especializado em sintetizadores.

Em 82, o grupo já era sucesso nacional, fazendo turnês pelo Japão que incluíam mais de cinquenta cidades. O primeiro passo para o lançamento do Casiopea no exterior foi dado em Londres, no ano seguinte, e, em 84, acontecia uma significativa apresentação no Festival de Jazz de Montreux, na Suiça, logo após o show de Miles Davis. As turnês se sucederam: Holanda no North Sea Jazz Festival, em Suécia, Dimanarca, Indonésia e EUA. Além do aval de Gil, a agência de serviços do grupo inclui gravações ao lado de conhecidos músicos norte-americanos como o guitarrista Lee Ritenour e o baterista Harvey Mason, ou mesmo do saxofonista japonês Sadao Watanabe.

Muito interesse pela música brasileira

O Casiopea concedeu uma entrevista exclusiva à Folha, no último fim de semana, pouco antes de deixar o Japão. O “manager” do grupo, Masato Arai, transmitiu as seguintes perguntas ao quinteto japonês:

Folha – Vocês conhecem a música brasileira?
Casiopea  Sim, conhecemos bastante a música brasileira e estamos muito interessados nela. Ouvimos Djavan, Gilberto Gil, Airto Moreira, Milton Nascimento e outros, sempre que conseguimos discos importados no Japão. Na verdade, a seção rítmica do Casiopea está ansiosa por adotar sons brasileiros em nossas composições e arranjos.

Folha – Quais são as influências musicais do grupo?
Casiopea  Todos os ambientes que nos cercam, nossas vidas diárias e as experiências individuais de cada integrante – somos influenciados por tudo isso. Especialmente pelos contatos que fazemos nos lugares que visitamos, já que estamos sempre viajando ou gravando em algum lugar do Japão ou do mundo. Somos influenciados pelas coisas que vemos, pelas coisas que ouvimos. Nesses lugares, às vezes escrevemos uma canção baseada nas comunicações que fazemos com pessoas do local.

Folha – Há elementos tradicionais japoneses na música do Casiopea?
Casiopea  Não estamos particularmente preocupados com isso. De fato somos todos japoneses com características inatas japonesas. Há momentos em que notamos alguns elementos “japoneses” em nossas canções depois de escrevê-las.

Folha – Por que os recursos eletrônicos predominam no trabalho do grupo? Vocês têm algum preconceito contra instrumentos acústicos?
Casiopea  Não temos preconceito contra instrumentos acústicos, ou que quer que seja. Temos interesse em vários instrumentos folclóricos que ouvimos em várias partes do mundo. Estamos simplesmente usando o que está disponível ao nosso redor. Embora utilizemos um método eletrônico, não queremos soar mecânicos e buscamos sempre capturar ou atingir o coração das pessoas. Na realidade, somos seres humanos com corpos vivos, ou seja, existências acústicas, para começar…

Nos dias 17 e 18 de janeiro do ano seguinte, a extinta TV Manchete chegou a exibir o programa “Casiopea Especial”, que mostrava um show gravado no Japão. E, então, em 1988, eles voltaram como parte da turnê mundial, desta vez tocando em São Paulo, Londrina, Curitiba, Porto Alegre, Salvador, Recife, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Duas músicas apresentadas em São Paulo, “Taiyo-Fu” e “Red Zone”, estão registradas no álbum World Live ’88. Além dessas, a “Palco”, do Gilberto Gil, foi cantada por ele na companhia do Pepeu Gomes  na guitarra, Oswaldinho do Acordeon e do Casiopea, conforme mostra o vídeo. Ao descobrir tudo isso tantos anos depois, me sinto um fã completamente tardio, juvenil e amador, como já havia muitos fãs brasileiros antes de mim (vide o comparsa Eric “Cosmonal” Fraga, do Cosmic Effect).

Nessa segunda visita, a Folha fez outra reportagem no dia 24/06/1988:

Casiopea faz show acompanhando Gil

Um brasileiro influi nos rumos de um grupo japonês. É o que os integrantes do grupo de jazz-rock Casiopea deram a entender ao falar sobre seu último LP, na coletiva que concederam ontem à tarde no Ginásio do Ibirapuera. O grupo está no Brasil para fazer sua segunda turnê pelo país. A estreia da temporada, hoje no mesmo local, contará com a participação do compositor, cantor e candidato à prefeitura de Salvador, Gilberto Gil. O show em São Paulo integra a Expo Brasil/Japão, que prossegue até 3 de julho.

Foi Gil, ausente da coletiva, o responsável pela primeira vinda do grupo, em 87. E foi também o baiano que sugeriu a orientação que o grupo tomou em seu último LP, Euphony, lançado no Japão em abril e o 16º em 11 anos de existência da banda. Segundo o tecladista Minoru Mukaiya, Gil teria aconselhado o grupo a tentar transmitir mais da cultura japonesa contemporânea, para diferenciar o som da banda. Tal feito eles fazem ter alcançado no uso de sons de instrumentos típicos japoneses nos muitos teclados e sintetizadores de última geração que utilizavam. Nos dias 13 e 14 de julho, deverão estar no Rio para a gravação de duas faixas do próximo disco do cantor, com lançamento previsto para outubro.

Sem definição

Atrasados pelo voo, os quatro integrantes do Casiopea (além de Mukaiya, Issei Noro, guitarra, Tetsuo Sakurai, baixo e Akira Jimbo, bateria) só deram respostas gerais às perguntas dos jornalistas. Não definiram quais ou quantas músicas tocarão com Gil, dizendo que a decisão final ficaria para o ensaio de hoje à tarde. Só adiantaram que iriam submeter à aprovação do cantor alguns arranjos, querendo “respeitar as características” de Gil. O repertório da excursão pelo Brasil vai ser só de música instrumental, se concentrando em “Euphony”, e incluindo uma seleção das principais músicas de outros dicos, como Halle, único lançado no Brasil.

Gil não é o único contato dos quatro nipônicos com a música brasileira. Revelam gosto eclético ao desfilarem nomes como Tom Jobim, Milton Nascimento, Gal Costa, Joyce, Djavan e Sergio Mendes. Alguns eles conheceram pessoalmente quando se apresentaram no Rio, ano passado.

Nascidos e criados em Tóquio, os músicos do Casiopea dizem ter recebido influências musicais muito variadas. Antes de formar o grupo, todos tinham preferência por pop e rock. Afirmam ser um dos poucos grupos no Japão atual a insistir na música instrumental e contribuir para impor uma imagem positiva do gênero, quando a maioria se dedica a acompanhar cantores. Também acham que investem na evolução musical ao não se debruçarem sobre as raízes da música de seu país.

Como podemos ver abaixo, a vinda do Casiopea em 1988 atraiu bastante atenção não só da Folha, como de toda a mídia brasileira. Uma façanha, dada a obscuridade de artistas japoneses – o que dirá japoneses de música instrumental!

Para completar, há músicas do Casiopea em português (“Samba Mania”, “Teatro Saudade” e outras) e até o Djavan participou da música “Me Espere” do álbum Platinum (1987). Com toda essa proximidade com o Brasil – isso que não vou me aprofundar nas histórias e participações dos álbuns solo Vida do Issei Noro e Cartas do Brasil do Tetsuo Sakurai –, foi incrível perceber que todos os seus integrantes estavam relacionados de alguma forma com game music. Muitas dessas participações eram em performances de álbuns e, naquela época, não existia o VGMdb, então tentar compilar informações do tipo exigia buscar várias fontes japonesas. Hoje, dá uma alegria ver tudo organizado, reunindo as discografias de cada instrumentista, e saber: que o baterista Akira Jimbo e o baixista Tetsuo Sakurai tocaram em álbuns como Kukeiha Club, Rockman X Alph-Lyla with Toshiaki Ohtsubo e The King of Fighters ’96 Arrange Sound Trax. Ou então que o baixista Yoshihiro Naruse participou do Sorcerian Super Arrange Version. Melhor, que o guitarrista Issei Noro arranjou e tocou a “Rush a Difficulty” no álbum Super Sonic Team -G.S.M. Sega 3- da S.S.T. Band, arranjando músicas nos CDs seguintes e ainda participando como convidado em shows da banda. Como uma espécie de homenagem, a “Galactic Funk” inclusive foi tocada no bis no Game Music Festival 1992.

E, para completar, o tecladista Minoru Mukaiya, que efetivamente compôs trilhas para games, colaborando para Koei para jogos como Romance of the Three Kingdoms III e Romance of the Three Kingdoms II, cujo “Main Theme” inclusive foi tocado no Orchestral Game Concert. Mais do que isso, Mukaiya é o CEO do estúdio Ongakukan, que produz simuladores de trem para videogames. O mundo é pequeno mesmo. Aliás, o bônus de um desses títulos (não me pergunte qual) traz como bônus a performance de uma música do Casiopea (exclusiva do jogo):

Se tamanha contribuição por si só não fosse suficiente, enfim chego ao terreno das influências. Pesquisando a respeito e muitas vezes trombando sem querer com esse detalhe, sei que nomes como Ayako Saso, Motoaki Furukawa, Shoji Meguro, Hiroyuki Iwatsuki e nada menos do que Koji Kondo assumidamente se inspiraram no Casiopea ao longo de suas carreiras.

Dito tudo isso, entre várias novas apresentações, o show do dia 19 de outubro rendeu um DVD, de nome Casiopea 3rd Live Liftoff 2012. Quem achou que a banda voltaria em peso pode se decepcionar um pouco, já que Minoru Mukaiya, o primeiro tecladista da fase profissional da banda (na era amadora, teve antes o Hidehiko Koike, que chegou a participar do show 20th, de 20 anos de aniversário) deixou o Casiopea. Em seu lugar, entrou a Kiyomi Otaka, a primeira mulher do grupo. Fica a torcida para que ele participe dos shows comemorativos de aniversário, como aconteceu com ex-membros em outras ocasiões (como o Tetsuo Sakurai) para tocar algumas de suas composições. Minha sugestão: a “Lucky Stars” do álbum Material (1999), o meu preferido.

Inicia-se, portanto, a terceira fase do Casiopea – daí o “3rd” no nome –, sendo a segunda etapa a iniciada em 1990, quando, na ocasião, Tetsuo Sakurai e Akira Jimbo deram lugar a Yoshihiro Naruse e Masaaki Hiyama para formar a dupla Jimsaku.

Meu único desapontamento é com a falta de novidades do set list do DVD. Aliás, isso eu até esperava, como o último álbum, Signal, é de 2005. Mas o problema é a obviedade das seleções musicais, pegando mais as famosonas, embora eles mereçam um desconto por não tocarem essas músicas juntos há vários anos.

Metade do espetáculo pode ser conferido abaixo, como o show foi transmitido na TV japonesa (inveja? Magina…). Os cabelos do guitarrista Issei Noro deram uma boa esbranquiçada, caso você não o tenha visto durante esses seis anos. Dá para ver que o Yoshihiro Naruse no baixo e o Akira Jimbo na bateria também estão tão bons quanto antes – o que é óbvio. Com a entrada da Otaka, a sonoridade da banda mudou bastante, causando um certo estranhamento, confesso – pudera, depois de 27 anos de Mukaiya não tinha como ser diferente. A maior diferença, além das preferências de timbres, é que a Otaka gosta de centrar as atenções no órgão Hammond e aparentemente ela não se arrisca no vocoder. Todavia, ela já mostrou um grande entrosamento com o restante da banda.

No mais, já na expectativa pelo provável próximo álbum em 2013, inclusive para ver melhor como a nova tecladista vai se sair.

Seja bem-vindo de volta, Casiopea!

Final Fantasy Orchestral Album: o Blu-ray de áudio comemorativo de 25 anos da série

Final Fantasy Orchestra Album
Por Alexei Barros

Com o aniversário de 25 anos de Final Fantasy, qualquer fã acostumado com as tradições fantasiosas estranharia a ausência de álbuns e concertos relacionados à série. Bom, espetáculo, especial mesmo, vai ser ano que vem com o Final Symphony. Mas a série FF é tão grande que tem o luxo de receber outra comemoração de uma frente diferente: a dos responsáveis pela turnê Distant Worlds, equipe liderada pelo maestro Arnie Roth.

Desta vez, o pessoal exagerou: em vez de um CD, o Final Fantasy Orchestra Album, disco que celebra o ¼ de século da série, é um ignorante Blu-ray de áudio que sai hoje, dia 26 de dezembro, no Japão. A edição limitada vem com um vinil, que contem cinco faixas já presentes no Blu-ray. Além de, evidentemente, permitir mais do que 74 minutos de música, o álbum conta com a estúpida qualidade 24bit/96kHz para contemplar a performance da FILMharmonic Orchestra Prague, conhecida pela participação na série alemã de concertos Symphonig Game Music Concert em Leipzig.

De nada isso tudo ia adiantar se a track list não fosse interessante. Bom, eu diria que é parcialmente interessante. Lamentável que, das 23 faixas, 18 sejam meros repetecos já registrados, inclusive, nos dois álbuns em estúdio Distant Worlds e no DVD Returning Home. Espero que, com a desculpa da melhor qualidade, seja a última oportunidade em que haverá músicas como “One-Winged Angel” e “Eyes on Me”. Já deu, né? A segunda canção, aliás, será gravada pela cantora Crystal Kay, que é filha de americano com uma coreana. Além da discografia como cantora J-pop, a artista já gravou temas de Pokémon e Fullmetal Alchemist. Não entendi bem o motivo, mas essa música tem, no arranjo, creditado o nome do Tsutomu Narita, tecladista da Earthbound Papas, então é provável que a partitura tenha sido modificada. Outro número requentado é a ópera do FFVI, que também traz o crédito do Narita. Pelo que vi nos vídeos, agora a ópera tem… narração, recurso que esteve presente na versão dos Black Mages. É, fazer o quê….

Já as cinco restantes, as inéditas em álbuns orquestrados de Final Fantasy, são promissoras, embora menos impactantes para quem acompanhou a sequência de posts da apresentação da turnê em Londres. “The Dreadful Fight” (FFIV), “The Mystic Forest” (FFVI), “The Dalmasca Eastersand” (FFXII), todas já publicadas aqui, recebem versões em estúdio para plena apreciação. Somadas a essas três, temos a “Unfulfilled Feelings” (FFIX), que, pelo que me consta, jamais foi tocada ao vivo por concertos antigos e pela turnê Distant Worlds, aparecendo agora em um arranjo do Hiroyuki Nakayama. Completando a conta, há outro segmento não executado: o “Battle Medley 2012”. O detalhe é que essa miscelânea vai do FFI ao FFXIV, passando por músicas do Nobuo Uematsu, da Kumi Tanioka, do Masashi Hamauzu e até do Hitoshi Sakimoto. Morri!

Todas as 23 faixas do álbum podem ser parcialmente apreciadas nos samples do site, e a “Battle Medley 2012” (a última da lista) já mostra a que veio, pegando o trecho da “The Decisive Battle” (FFVI), seguida pela “Those Who Fight” (FFVII), que mesmo após as rendições do Symphonic Fantasies e do Symphonic Odysseys, conseguiu me cativar de novo.

Ouça os samples aqui. Veja no VGMdb a track list completa e, abaixo, o vídeo promocional.

“Four Nations, One Sky ~ A Tribute to the Cities” – Final Fantasy XI (Final Fantasy XI Vana♪Con Anniversary 11.11.11)

Por Alexei Barros

Aos poucos, os concertos de Final Fantasy vão se desgarrando da supremacia de Nobuo Uematsu para se lembrar das músicas de outros compositores. Hitoshi Sakimoto (FFXII) e Masashi Hamauzu (FFXIII) são os caras que mais fácil vêm à mente por honrar a camisa da série com belas composições. Mas tem mais gente. Meio que relegada a segundo, terceiro plano está o nome da Kumi Tanioka, que fez a trilha de FFXI com Naoshi Mizuta e o próprio Uematsu.

Mas no concerto Final Fantasy XI Vana♪Con Anniversary 11.11.11, realizado na efeméride dos dez anos do MMORPG, a compositora recebeu os merecidos holofotes quando, depois de apresentar músicas solo no piano, acompanhou a Tokyo Philharmonic Orchestra no mesmo instrumento com o “Four Nations, One Sky ~ A Tribute to the Cities”. Melodias belíssimas, solos belíssimos, intervenções belíssimas. Tudo belíssimo. Me deu até vontade de jogar o FFXI… não, deu não. Das quatro faixas, apenas uma é de fato assinada por ela, sendo o restante de autoria do Naoshi Mizuta, como veremos a seguir.

“The Kingdom of San d’Oria” tem timbres do que parece ser uma gaita de fole um tanto quanto áspera. Quando esse mesmo trecho passa a ser reproduzido na graciosidade dos clarinetes, oboés e fagotes, a faixa melhora 100%. Como se não bastasse, a Tanioka se aproxima da celebração musical, com o seu piano, seguido pela imponência dos metais. Viajando pelo mundo de FFXI, chegamos a “The Republic of Bastok”, a única assinada pela Tanioka – que melodia, que pintura. Nessa parte, o piano não se destaca tanto, ficando emparelhado com as flautas. No momento em que surge a “The Federation of Windurst”, após uma transição, devo confessar, no mínimo pouco criativa, a Tanioka mostra a que veio, com uma passagem cintilante no piano, instrumento que inexistia entre os timbres presentes na original. Simplesmente sublime. E é ela que faz a transição que culmina na formidável “The Grand Duchy of Jeuno”, praticamente uma valsa. Tanioka volta a ficar em evidência em certo trecho e no finzinho a peça dá uma acelerada. O arranjo da Sachiko Miyano não se desprendeu muito das originais, mas apenas a felicíssima seleção de faixas garante uma bela turnê musical pelo mundo online de Final Fantasy XI.

E o melhor: tudo isso pode ser visto na gravação com o mesmo nível de precisão do DVD do Monster Hunter, com vários ângulos e cortes precisos de câmera. Assistir ao vídeo em 720p é uma ordem. Faça o favor:

“Four Nations, One Sky ~ A Tribute to the Cities”
“The Kingdom of San d’Oria” ~ “The Republic of Bastok”“The Federation of Windurst” ~ “The Grand Duchy of Jeuno”

The Greatest Video Game Music 2: desfalcado, mas, ainda assim, um pouco aproveitável


Por Alexei Barros

Quando os concertos e álbuns orquestrados de game music começaram a se popularizar no Ocidente na década passada, eram poucos os nomes que se aventuravam nesse nicho. Hoje, entre tantas iniciativas amadoras e profissionais, a quantidade de produções deve ter triplicado. Dessa nova safra, destacam-se os álbuns The Greatest Video Game Music, cujo segundo volume foi lançado em novembro de 2012.

A track list a mim muito chamou a atenção. Castlevania, Street Fighter II, Sonic e Super Metroid são nomes que de cara me fazem arregalar os olhos. Mas… nem tudo saiu como esperado. Eu sempre disse aqui que a Nintendo e a Square Enix são as empresas mais chatas para liberar as licenças das músicas em coletâneas com jogos de outras produtoras, certo? Pois, se agora as duas não causaram nenhum problema – o álbum inclui faixas de The Legend of Zelda: The Windwaker, Luigi’s Mansion e Super Metroid da primeira e Final Fantasy VII, Chrono Trigger e Kingdom Hearts II Final Mix +  da outra –, desta vez foram as donas Capcom e Konami que deram para trás, conforme noticiado pelo IGN. Resultado: diferentemente do divulgado, nada de Castlevania, Street Fighter II e também Metal Gear Solid 3 no álbum. Muito estranho se considerarmos que o Video Games Live Level 2, lançado em 2010, tem músicas de Mega Man e Castlevania.

Elucidada essa questão (ou não, já que o motivo não ficou claro), a track list conta com um generoso número de faixas: 17, garantindo uma boa variedade de estilos, jogos e produtoras. Quanto às seleções de músicas, ao mesmo tempo em que o álbum foge de temas mais manjados, também tromba com as músicas mais mastigadas do universo. Por exemplo: a seleção mais óbvia do Skyrim seria a “Dragonborn”, não seria? Em vez disso, tem a “Far Horizons”. Kingdom Hearts: “Hikari” seria o mais lugar-comum. No lugar, há a “Fate of the Unknown”. Enquanto isso, o álbum traz novos arranjos da “One-Winged Angel” e a “Main Theme” do Chrono Trigger como se eles fossem necessários (até porque não superaram arranjos mais consagrados).

Outro problema recorrente, esse presente no primeiro álbum, é a inclusão de faixas já orquestradas em suas trilhas originais, como é o caso da citada “Fate of the Unknown”. Para quê? Por isso, vou me dar o direito de abordar apenas os números que julguei mais interessantes para serem comentados, infelizmente apenas 4 das 17 faixas: dois medleys inéditos e dois arranjos de faixas sintetizadas. Ah, pode parecer que dei preferência para os jogos japoneses, mas não parece não: dei preferência mesmo.

03 – “Legend of Zelda – The Wind Waker: Dragon Root Island”
Original: “Dragon Root Island”

Esta aí uma escolha totalmente fora dos padrões, tanto o jogo como a música, mas que faz sentido, como a faixa original era sintetizada. Começa no violão, depois vai para as cordas em toda a sua majestade. Mais para frente, o piano dá uma quebrada na música, quando parece entrar, creio, o som de um bandolim e, logo em seguida, um saxofone. As cordas retornam num crescendo até confluir no apoteótico retorno de todos os instrumentos. Se não é a mais estrondosa performance de Zelda, ao menos fugiu do básico – básico que já constava no álbum anterior, a batida “Legend of Zelda: Suite”.

07 – “Sonic the Hedgehog A Symphonic Suite”
Originais: “Title” ~ “Super Sonic” ~ “Casino Night Zone” ~ “Sky Chase Zone” ~ “Aquatic Ruin Zone” ~ “Hill Top Zone” ~ “Title” (Sonic the Hedgehog 2)

Considerando que o arranjo “Sonic the Hedgehog: Staff Credits” feito pelo Richard Jacques para o Video Games Live é, não tem jeito, insuperável, não precisaria nem tentar fazer algo melhor: bastava seguir para o Sonic 2. Mesmo que o nome da faixa não diga isso, a suíte abrange sim faixas da sequência. Só que quem fez o arranjo devia estar morrendo de sono: a peça é de uma monotonia ímpar, parada demais, nada a ver com a velocidade sugerida por qualquer coisa relacionada ao Sonic.

Vamos ver música por música. Depois da “Title” em uma rendição toda pomposa, surge não a “Emerald Hill Zone”, que seria a melhor escolha, mas a “Super Sonic” nos xilofones, nos clarinetes e nas flautas sem a metade da empolgação da original. Abruptamente (ruim a transição), nasce a “Casino Night Zone” muito suavemente, com acompanhamento da bateria e melodia tocada pelo clarinete e depois pelo trombone. Para dormir de vez, a “Sky Chase Zone” é tocada, quase parando. O solo de violino tristonho transita a suíte para a “Aquatic Ruin Zone”, quando você imagina já o Sonic chorando de tristeza. Inesperadamente, a percussão dá uma animada em um raro trecho com cara de Sonic, com direito a solo de saxofone e um baixo elétrico mais incisivo. Piano e xilofone alternam rapidamente na breve alusão à “Hill Top Zone” e, em um crescendo, a “Title” termina essa agonia. Além de sonífero, o arranjo ignora completamente a “Emerald Hill Zone” e a “Chemical Plant Zone”, que para mim são as mais icônicas do Sonic 2. Uma lástima.

09 – “Luigi’s Mansion: Main Theme”
Original: “Luigi’s Mansion”

Talvez para embarcar no anúncio do Luigi’s Mansion: Dark Moon e na representação do jogo no Wii U, o álbum resgata a música desse jogo que nunca foi orquestrada e provavelmente nunca apareceria em um concerto – se já é muito sonhar com Mario Kart, que é bastante popular, imagine Luigi’s Mansion. O arranjo me faz lembrar muito algum tema de desenho animado (da Disney?), deixando um clima de suspense e terror, mas, no fundo, fundo, tudo aquilo não passa de uma brincadeira, mesmo que sem o Luigi murmurando a música como na versão do jogo. Mas a coisa fica (um pouco) mais séria com o coral, que chega rasgando e depois volta em um momento grandioso da performance.

11 – “Super Metroid: A Symphonic Poem”
Originais: “Theme of Super Metroid” ~ “Opening (Destroyed Science Academy Research Station)” ~ “Brinstar – Red Soil Wetland Area” ~ “Maridia – Rocky Underground Water Area”“Theme of Super Metroid” ~ “Opening (Destroyed Science Academy Research Station)” ~ “Samus Aran Appearance Fanfare” ~ “Theme of Super Metroid”

Se antes só existia o medley do OGC4, de uma hora para outra, todo mundo quis apresentar um arranjo do Super Metroid, o que é curioso, pois poderiam também dar mais espaço para o primeiro Metroid e a trilogia Metroid Prime. Além do Symphonic Legends e LEGENDS (em arranjos diferentes, o primeiro do Torsten Rasch e o outro do Jonne Valtonen), recentemente a turnê Play! A Video Game Symphony também apresentou uma (boa) versão. Mesmo com essa fartura, ainda não dá para nem começar a falar de alguma saturação de Metroid, pois o jogo sempre ficou atrás de Mario e Zelda nos concertos (e ainda falta o Press Start mostrar o seu arranjo).

“Theme of Super Metroid” foi usada para abrir o poema sinfônico e não causa o mesmo impacto para quem já conhecia a versão do OGC4. Mas o trecho correspondente à “Opening (Destroyed Science Academy Research Station)”, na tela-título, é brilhante, com todos os ruídos fielmente reproduzidos e o clima de ficção científica estabelecido no ar. Muito sutilmente, em uma transição perfeita, essa faixa vai para a “Brinstar – Red Soil Wetland Area”, que cresce de uma maneira contagiante. Para dar aquela acalmada, nada melhor do que um tema de um ambiente aquático, e, nesse caso, o clarinete mergulha na “Maridia – Rocky Underground Water Area”. A harpa lembra a “Theme of Super Metroid”, o piano a “Opening (Destroyed Science Academy Research Station)” e a “Samus Aran Appearance Fanfare” anuncia a chegada da Samus, primeiro com as mulheres, depois os homens em uma rápida participação do coral e mais uma vez com as madeiras. Fechando o arco, tem a “Theme of Super Metroid” vindo com tudo. No fim das contas, é uma peça admirável, a que mais me agradou do álbum, conseguindo transmitir por meio da orquestra a alma sonora de Super Metroid. (É capaz que eu tenha me perdido ou me esquecido de alguma faixa e, caso você tenha reparado em um erro, por favor grite nos comentários.)

“Sakimoto Medley” – Final Fantasy Tactics e Final Fantasy XII (Video Game Orchestra ~Live at Boston Symphony Hall~)

Por Alexei Barros

Ainda nem sequer publiquei todas as quatro faixas do Grandia executadas na apresentação da Video Game Orchestra em Boston, mas me sinto no dever de trazer antes outro segmento diante da comoção causada pela inesperadíssima inclusão de uma faixa do Final Fantasy XII na turnê Distant Worlds assinada pelo Hitoshi Sakimoto.

O compositor ganhou um medley próprio no espetáculo da VGO, embora, talvez o título possa provocar certa decepção: seria mais apropriado “Sakimoto Final Fantasy Medley”, ou ainda melhor, “Sakimoto Ivalice Alliance Medley”, como a peça é toda dedicada às composições de FF Tactics e FFXII, deixando no ar a vontade de ouvir outras franquias que podiam aparecer – Radiant Silvergun é o jogo que vem em primeiro na minha lista.

Há uma boa alternância de temas mais calmos e mais nervosos e, mesmo que a maioria das escolhidas penda para a música ambiente, a peça é capaz sim de evocar memórias e até provocar arrepios, apresentando uma clara divisão de faixas do Tactics e do FFXII.

Com as cordas de fundo e as notas cintilantes do teclado, a “Bland Logo ~ Title Black”, como não poderia ser diferente, abre o medley, caminhando cada vez para o clima militar. A “Backborn Story” que não é uma composição do Sakimoto, mas do Masaharu Iwata, surge de mansinho com a participação do coral, elemento que a original sintetizada não sugeria. O clima vai esquentando e, quando as coisas pareciam acalmar, surge o grande momento dessa parte, com a lembrança da “Trisection”, arrancando gritos da plateia. De novo com o coral, temos a “Ovelia’s Worries” para finalizar a metade tática do medley.

Já no FFXII, a “Sorrow (Liberation Army Version)” aparece extremamente relaxante nas cordas e, em seguida, a “A Moment’s Rest” é rememorada com a flauta. Toda essa calmaria é compensada com o impacto da “Boss Battle”, uma das minhas faixas preferidas do FFXII especialmente pela segunda metade, que deixa no ar uma sensação de que a vitória da batalha está na iminência.

É, aos poucos o Sakimotão vai ganhando a simpatia da galera (basta ver os aplausos efusivos no final).

“Sakimoto Medley”

“Bland Logo ~ Title Black” ~ “Backborn Story”  ~ “Trisection” ~ “Ovelia’s Worries” (Final Fantasy Tactics) ~ “Sorrow (Liberation Army Version)” ~ “A Moment’s Rest” ~ “Boss Battle” (Final Fantasy XII)

Alex Kidd em Sonic Transformed

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Por Claudio Prandoni

Durante muito tempo perdurou a dúvida: estaria Alex Kidd, o príncipe de Radactian, mestre do Shellcore, devidamente confirmado nas pelejas automobilísticas-voadoras-e-aquáticas de Sonic & All-Stars Racing Transformed?

A questão corroeu meu sono, o do Geraldão Figueras e de mais uma meia dúzia de fãs do herói, mas não mais. Agora, com o jogo no mercado e um punhado de truquinhos à solta deu pra soltar o grito de É Tetra! emoção e sair pro abraço já que o guri orelhudo está sim no game – temos até ibagens, saca só.

Não para por aí, na mera presença. Alex Kidd só é habilitado no jogo no dia 25 de dezembro – nada que uma pequena viagem temporal pelo relógio interno do seu PS3, X360 ou até Wii U não resolva.

Presente de Natal? Sim, provavelmente é a história oficial que a Sega vai ventilar. Pessoalmente, prefiro pensar que é o presente da empresa para celebrar os 6 anos de vida desta humilde bodega virtual, que chega a tal marca um dia antes, no 24 de dezembro.

De qualquer maneira, contemple – e comemore! – conosco a presença de Alex, o Kidd, no jogo.

“The Mystic Forest” – Final Fantasy VI (Distant Worlds 2012 em Londres)

Por Alexei Barros

Completando o trio de adições inesperadas e bombásticas da turnê Distant Worlds em Londres, a Royal Philharmonic Concert Orchestra tocou também a fantasmagórica “The Mystic Forest” do Final Fantasy VI. A mesma faixa esteve presente na suíte da série no Symphonic Fantasies no arranjo de Jonne Valtonen que também contou com a participação assombrosa do coral – por isso, muitos consideraram essa abordagem uma reminiscência da suíte de Secret of Mana apresentada no mesmo concerto que trazia essa característica peculiar, considerando que a original não sugere vozes.

Desta vez, o arranjo instrumental, sem participação do coral, é obra de Hiroyuki Nakayama, que entre tantas releituras e performances para coletâneas de piano, já orquestrou músicas do Nobuo Uematsu nas trilhas originais do Blue Dragon e Lost Odyssey. A flauta faz a vez do timbre dominante da sintetizada com maestria, enquanto as cordas ajudam a sustentar o ambiente atmosférico. Sutis intervenções das madeiras também deixam o clima mais assustador neste competente arranjo.

“The Dreadful Fight” – Final Fantasy IV (Distant Worlds 2012 em Londres)

Por Alexei Barros

Espera aí: então quer dizer que no mesmo concerto em que finalmente foi tocada uma música do Hitoshi Sakimoto no Distant Worlds, do nada estreou um novo arranjo de uma música da era do SNES? Sim, e do Final Fantasy IV ainda por cima, talvez o jogo com a trilha de maior qualidade menos homenageada da série.

Depois que três faixas do RPG foram arranjadas no Orchestral Game Concert, somente a “Theme of Love” apareceu no 20020220, época em que a maioria dos fãs já clamava por mais faixas do FFVII. Esse descaso melhorou um pouco em 2011, quando o Press Start 2011, em comemoração dos 20 anos do jogo, executou um medley que ainda não me conformo de não ter ouvido; e em breve alusões no terceiro movimento no concerto para piano de FF no Symphonic Odysseys. Em ambas as situações, esteve presente a “The Dreadful Fight”, tema de chefe imbatível do qual não consigo me cansar.

Essa mesma faixa milagrosamente foi tocada no Distant Worlds em Londres, agora em um segmento todo voltado para ela, com o arranjo da novata Rika Ishige. O fato de termos uma arranjadora nova e não o próprio maestro Arnie Roth, como no caso da faixa do FFXII, garantiu que a releitura não fosse uma simples adaptação dos timbres para instrumentos de orquestra, mas um arranjo mesmo, que não tem a pretensão de seguir os passos da original. Ainda mais uma música curta como a “The Dreadful Fight”, que tem apenas 1 minuto e 39 segundos, sobrando tempo para diferentes interpretações na peça.

Com participação contundente da percussão e dos metais, a performance começa bombástica, apresentando também um naipe de cordas refinado. Antes de o primeiro looping completar, aos cerca de 54 segundos do vídeo, o clima da uma acalmada para, aos 1:12, voltar com tudo. Essa dinâmica continua até 2:20, momento em que a outra metade da faixa finalmente dá o ar da graça, seguido por novas alternâncias entre momentos calmos e nervosos. Um arranjo muito bom, mas talvez preferisse um mais tradicional no estilo do Shiro Hamaguchi.


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