Press Start 2008: a cartada de Baten Kaitos

Por Alexei Barros

Tradicionalmente, o RPG é o principal difusor da game music: repare como a maioria dos compositores conhecidos se consagrou com o gênero. Mas um gênero não pode ser representado musicalmente somente por duas ou três séries. Você sabe, Final Fantasy, Dragon Quest e Kingdom Hearts – às vezes Chrono Trigger – são tocadas com constância nos concertos.

Na contramão das tendências, encerrando o monopólio, o Press Start 2006 não deixou de ter FF, mas incorporou PoPoLoCrois, Ys, Romancing SaGa e Mother (em menor escala, porque já se manifestara nos Orchestral Game Concert 2 e 3). KH, CT e FF compareceram ao PS 2007, é fato, só que teve Fire Emblem (relativamente aproveitada, com aparições em OGC 3 e 5, e Smashing…Live!).

A bem-vinda incursão de Wild Arms no PS 2008 mostrou como a equipe organizadora do concerto está disposta a desviar-se do óbvio, o que se comprovou a cada novidade no set list. Vislumbrando a inauguração de outras séries de RPGs em apresentações, citei nos posts anteriores e nos comentários: Grandia, Arc the Lad, Star Ocean, Valkyrie Profile, Eternal Sonata, Suikoden e Shining Force II. O mestre Fabão expandiu as possibilidades em sua wishlist, reforçando Grandia e destacando Lunar, Seiken Densetsu, Ogre Battle (certo, mais estratégia do que RPG) e Xenogears/Xenosaga.

Pois bem, nenhuma dessas, apesar dos três chutes na trave: Star Ocean, Valkyrie Profile e Eternal Sonata. Motoi Sakuraba na cabeça. Inacreditavelmente, o prolífero compositor jamais teve uma música executada por uma récita orquestrada. Baten Kaitos, série exclusiva de GameCube distinta pelo combate com cartas, é a escolha que vem coroar a sua inexpugnável produtividade. Somente no segundo semestre, concluiu as trilhas de Tales of Symphonia Dawn of the New World e Tales of Vesperia, e prepara as OSTs do anime de Tales of the Abyss, de Tales of Hearts e cuida dos arranjos dos álbuns Tales of Series Battle Arrange Tracks e Tales of Series Piano Selections.

Nobuo Uematsu abre o post com a revelação de que Motoi Sakuraba é um dos seus compositores favoritos, mas nunca teve oportunidade de assisti-lo ao vivo. Acompanha o seu trabalho por revistas e mencionou o fato de continuar a compor para games e para outras mídias. Até adquiriu o último CD solo, Forest of glass.

Em seguida, Uematsu traça um ensaio sobre a música. Fala que ela é composta de vários elementos para os quais é preciso ficar atento: a melodia, o movimento da harmonia, a diversão do ritmo, a beleza do tom, a performance do artista, seu impulso destrutivo… Mas acha que de todos os elementos a melodia é o que toca mais facilmente a sensibilidade do ouvinte. No fim, diz que Baten Kaitos já deveria ter entrado antes no Press Start, e que gostaria de apreciar a música na poltrona da platéia.

Como Uematsu não deu uma indicação sequer de qual música será tocada, vou expor as minhas vontades. Revelo que, vergonhosamente, ainda não tinha ouvido a trilha do Baten Kaitos na íntegra, e reparei a falha assim que soube da novidade do set list. O rock progressivo é exuberante nos empolgantes temas de combate “Vitriolic a Stroke” e “Violent Storm”, mas acho pouco provável que toquem, mesmo em um medley. Ah, isso me lembra do Motoi Sakuraba Live 2004, único dos três shows que ele fez na companhia do baterista Toshihiko Nakamura e do baixista Atsushi Hasegawa com músicas de Star Ocean e Valkyrie Profile em que foram tocadas faixas de Baten Kaitos, e único dos três que não foi lançado em CD. É um complô?

Dentre as peças que poderiam ser orquestradas (a trilha é sintetizada em sua maioria, somente com performances reais de oboé, guitarra, violino e flauta), gostaria de ouvir: a majestosa “To the End of the Journey of Glittering Stars”, a emocionante “Speaking with the Stars” e a nervosa “Supreme Ruler of the Nine Heavens”. Todas do Baten Kaitos ~Eternal Wings and the Lost Ocean~. O Baten Kaitos Origins deve ficar para uma próxima.

Para não correr o risco de esquecer de outra série, diria que Tales, Phantasy Star, Radiata Stories, Golden Sun, Breath of Fire, Parasite Eve, Front Mission, Drakengard, Rogue Galaxy, Etrian Odyssey, Disgaea, Odin Sphere e qualquer outro J-RPG têm chance de ser inserido no Press Start. :D

Já não tenho como agradecer o Fabão pela tradução.

[via PRESS START]

Set list até o momento:

01 – Wild Arms
02 – Super Mario Galaxy
03 – Monster Hunter
04 – Spelunker
05 – Touch! Generations Medley
06 – Samurai Shodown
07 – Uematsu’s Early Years Medley
08 – Ace Attorney

13 Respostas to “Press Start 2008: a cartada de Baten Kaitos”


  1. 1 geraldofigueras 18/08/2008 às 5:45 pm

    Boa novidade! Sempre abominei os rocks desta trilha, mas a supracitada To The End já vale qualquer coisa.

  2. 2 Alexei Barros 18/08/2008 às 5:52 pm

    Puxa, já eu aprecio sobremodo as duas que puxam para o rock que destaquei. Mas suponho então que você não goste do rock progressivo do Motoi Sakuraba em geral…

  3. 3 geraldofigueras 18/08/2008 às 6:54 pm

    Precisamente, Mestre. Sou bastante tradicional para um rockão.

  4. 4 Alexei Barros 18/08/2008 às 9:26 pm

    Ah, tá explicado! Para quem curte o estilo viajante do Sakuraba até achei acima da média os temas do Baten Kaitos.

    Como comentei com você uma vez, sendo o rock instrumental e melodioso viro fã invariavelmente. Agora gritos guturais, guitarras imundas e bateria metralhadora não é comigo não… =/

  5. 5 Uehara 19/08/2008 às 2:24 am

    Ao contrário do autor do texto, não manjo NADA de música, mas realmente, não gosto muito de gritaria e barulheira, não. Não seria justamente essa barulheira a diferença entre o rock e o metal?

    Eu gosto de rock, rock mesmo: música rápida, com guitarras e bateria na medida, sem gritaria. Ou seja, gostei das músicas destacadas no post. Não conheço Baten Kaitos, mas essas duas (Violent Storm e Vitriolic a Stroke) não lembram aquelas músicas de batalhas contra chefes nos clássicos shooters?

    Até aqui, a setlist parece boa. Ainda espero que saia em DVD.

  6. 6 Alexei Barros 19/08/2008 às 10:42 am

    Uehara, para ser sincero eu não manjo de música também, mas tento compensar lendo sobre qualquer texto referente ao assunto, mesmo que não goste do artista ou estilo, e com pesquisa. É uma boa pergunta, acredito que seja essa a principal diferença entre rock e metal, se bem que também existe o tal do metal melódico.

    Olha, confesso que, à primeira vista, não fiz a relação com os shooters. As duas músicas lembram bastante Guilty Gear, não à toa o guitarrista das duas OSTs é o Tohru Iwao da banda A.S.H. que toca no Guilty Gear Sound Alive. Falando em shooters, um que possui excelente trilha hard rock é o Lords of Thunder, como comprovam músicas como “Dezant” e “Aqual”.

    Quanto ao set list, não tenho grandes objeções. Embora os dois medleys não pareçam muito promissores, acho que vão surpreender. Eu só excluiria o Monster Hunter, que já teve no Press Start 2006. E pelo jeito vocês também devem achar o mesmo, haja vista a ausência de comentários no post, hehe.

    O DVD? :(


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