The Legend of Zelda 25th Anniversary Symphony: entre gritos e aplausos, uma efeméride exemplar


Por Alexei Barros

Enfim foi completada a primeira rodada de récitas comemorativas da The Legend of Zelda 25th Anniversary Symphony em Tóquio (10/10), Los Angeles (21/10) e Londres (25/10). Para adiantar a resposta da minha maior dúvida, o set list foi o mesmo nas quatro apresentações (duas no Japão), com 16 segmentos em um total de 80 minutos de música. Antes dos detalhes, vale ressaltar como surgiu a concepção do espetáculo. As informações vieram à tona na entrevista do produtor Jeron Moore à revista Official Nintendo Magazine.

Ele, o arranjador e orquestrador Chad Seiter e o produtor executivo Jason Michael Paul – os três principais nomes da turnê Play! A Video Game Symphony –, estavam trabalhando secretamente na ideia de levar as músicas de Zelda para uma sala de concerto. O conceito foi apresentado à Nintendo, que, por sua vez, pensava em algo similar na comemoração dos 25 anos da série. Então os projetos foram combinados, e o projeto foi levado adiante com o envolvimento dos criadores da franquia, sendo que o próprio Koji Kondo supervisionou o trabalho. Os arranjos seguiram com fidelidade as contrapartes originais, mas em versões maiores, mais grandiosas e mais imersivas.

Para você não se perder com tantas informações, detalho abaixo as particularidades de cada apresentação. Em todas houve um coral, mas, estranhamente, não estão creditados no encarte, somente a orquestra. Por um acaso, descobri que o Capital Voices foi quem cantou em Londres.

Tóquio, Japão (10/10):
Orquestra: Tokyo Philharmonic Orchestra
Regência: Taizo Takemoto
Local: Sumida Triphony Hall
Apresentação: Ryuji Miyamoto e Shoko Nakagawa
Convidados: Shigeru Miyamoto, Eiji Aonuma e Koji Kondo
Produção: Nintendo

Los Angeles, EUA (21/10):
Orquestra: Orchestra Nova
Regência: Eímear Noone
Local: Pantages Theater
Convidados: Eiji Aonuma e Koji Kondo
Produção: Nintendo e Jason Michael Paul Productions

Londres, Inglaterra (25/10):
Orquestra: Royal Philharmonic Orchestra
Regência: Eímear Noone
Local: HMV Hammersmith Apollo
Convidados: Eiji Aonuma, Koji Kondo e Zelda Williams
Produção: Nintendo e Jason Michael Paul Productions

Atente que, apesar do envolvimento do Chad Seiter nos arranjos, a produção do espetáculo japonês foi feita somente pela Nintendo como comprova o programa (主催: 任天堂株式会社). Como os espetáculos em Los Angeles e Londres foram produzidos pela JMP, ambos tiveram telão, o que não aconteceu no Japão. Muitas pessoas lamentaram nos relatos pela ausência de Shigeru Miyamoto nas apresentações ocidentais, mas já foi fantástico ter o produtor Eiji Aonuma e o compositor Koji Kondo. Nos EUA, o intérprete foi o mesmo da E3 2011, Bill Trinen. Fiquei com o receio que ele atropelasse a pessoa quem está falando como em junho. Felizmente, apenas um microfone era passado de mão em mão para cada fala. Ah, bom, então assim, sim!

No Japão, o concerto teve como anfitriões o ator e apresentador Ryuji Miyamoto (sem parentesco com o Shigeru) e a dubladora e cantora Shoko Nakagawa, que entre milhares de coisas (ela cantou vários temas do anime de Pokémon), é fã de Zelda. Na Inglaterra, a Zelda esteve em pessoa: a Zelda Williams, filha do ator Robin Williams que foi batizada assim porque o pai era aficionado pela série.


Agora me sinto mais confortável para discorrer sobre o set list, levando em conta que não sou um profundo conhecedor de Zelda (vergonha!). O encarte em inglês foi abençoadamente escaneado em alta resolução no The Bit Beacon, e é possível ver que o negócio é caprichado (essa foto do pessoal da Nintendo formando a Triforce ficou sensacional), com detalhamento das faixas dos segmentos, o que é bastante incomum em concertos ocidentais. Porém, eu achei o texto meio pobre – poderia ser um estilo mais poético, inspirado nas fábulas do jogo. E fraco em informações em alguns casos. Por exemplo: “O concerto abre com o tema de Hyrule do jogo de Super NES A Link to the Past. Aprecie a atmosfera desse arranjo maravilhoso”. Além de a primeira frase ser extremamente redundante, considerando que a música e o jogo já estão especificados logo acima deste textículo, por que não dizer que a mesma faixa (não o mesmo arranjo) foi tocado no Orchestral Game Concert 1 no dia 15 de setembro de 1991, antes do lançamento do A Link to the Past (que ocorreria em 21 de novembro daquele ano)? Seria uma justa referência ao primeiro concerto que teve Zelda no repertório.

Repare que no programa há dois movimentos sinfônicos: “The Wind Waker Symphonic Movement”“Twilight Princess Symphonic Movement”, correspondentes aos dois últimos episódios lançados da série para consoles de mesa. Segundo Moore, a turnê que efetivamente começará em 2012 terá uma sinfonia de quatro movimentos. Fica a dúvida: faltou tempo ou já é uma vontade de renovar o repertório? Será meio chato que o álbum prometido pelo Shigeru Miyamoto na E3 2011 não inclua os dois movimentos que faltam (do Ocarina of Time e Majora’s Mask, talvez? Ou do Skyward Sword?). Em oposição aos movimentos que denotam uma densidade maior, a suíte com as melodias tocadas na ocarina e especialmente a suíte de temas curtos não tem muito pé nem cabeça. Só vale pela nostalgia.


De maneira geral, o concerto cobre bem a série, não se limitando aos temas do Koji Kondo. Kenta Nagata, Hajime Wakai, Toru Minegishi e Asuka Ota também estão creditados. Em termos de jogos, dá para dizer o mesmo. Além dos óbvios – o primeiro, A Link to the Past, Ocarina of Time, The Wind Waker e Twilight Princess –, foram lembrados o sempre pedido Majora’s Mask e o único dentre os diversos capítulos portáteis, Spirit Tracks. Sei que vou querer achar pelo em ovo nesse aspecto, mas se tem alguma coisa que é boa no Zelda II: Adventure of Link é a trilha sonora. Uma que fosse não faria mal. E depois desse concerto chego à conclusão que deve ser um dos poucos que gosta da “Dark Mountain Forest” do A Link to the Past.

Os links do set list abaixo são para uma milagrosa gravação da plateia do concerto nos Estados Unidos, oferecendo uma primeira impressão, que, para mim, foi positiva da qualidade dos arranjos. No YouTube tem alguns vídeos, só que a Nintendo já mandou retirar muitas gravações pelo que acompanhei.

Você vai reparar que há intensos gritos durante a execução das faixas. Incomoda ter peças tão belas atrapalhadas por manifestações fora de hora, coisa importada do VGL para o Play! e do Play! para a The Legend of Zelda 25th Anniversary Symphony. É simplesmente deplorável em um concerto com orquestra, algo que foi muito criticado nos relatos que li. Mais lamentável foi a declaração do produtor Jeron Moore sobre isso: “Quanto aos gritos, estou contando com isso! Se você não está gritando, poderíamos ter que medir a sua pulsação!” Que tivesse uma ambulância para os Zeldistas, não um incentivo para esse comportamento incompatível com a sonoridade de uma orquestra.

Por isso, torço para que o álbum, se não em estúdio, tenha sido gravado na apresentação japonesa (até porque o coral no Japão me pareceu o maior), porque tradicionalmente o público nipônico é mais tímido e acanhado, mesmo que esteja adorando a performance.

Peço desculpas por não trazer o detalhamento das faixas dos segmentos – um misto de preguiça e falta de tempo e paciência em decorrência das diferenças de tradução dos nomes, somada à inexistência dos álbuns oficiais de outras trilhas, como do Twilight Princess e Spirit Tracks. Ainda assim, espero destrinchá-los quando comentar o CD. Apesar de o programa não especificar os créditos dos arranjos, aquela foto compartilhada no Twitter revela que os números 12, 14 e 16 foram arranjados pelo genial (repito: genial) Kousuke Yamashita. Como já dito, o restante das partituras é do Chad Seiter. O primeiro bis foi um solo de piano do Koji Kondo, que se mostrou muito mais desenvolto do que no VGL 2009 no Japão.

Pela quantidade de relatos e comentários, a turnê de Zelda mostra que a Nintendo perdeu muito tempo. Só no aniversário de 25 anos aniversário promoveu um concerto dedicado à série, coisa que os contemporâneos Final Fantasy e Dragon Quest possuem há mais de duas décadas.

Parte I

01 – “Hyrule Castle Theme”
02 – “Princess Zelda’s Theme”
03 – “The Wind Waker Symphonic Movement”
04 – “Ocarina Melody Suite”
05 – “Boss Battle Medley”
06 – “Kakariko Village”
07 – “The Legend of Zelda 25th Anniversary Medley”

Parte II

08 – “Ganondorf’s Theme”
09 – “The Legend of Zelda: Selected Shorts Suite”
10 – “Gerudo Valley”
11 – “Hyrule Field”
12 – “Great Fairy’s Fountain Theme”
13 – “Twilight Princess Symphonic Movement”
14 – “The Legend of Zelda Main Theme Medley”

Bis

15 – “Grandma’s Theme”
16 – “Skyward Sword Main Theme”

[via Official Nintendo Magazine, Zelda Informer, Destructoid, Nintendo World Report, Gamemusic Garden, smame.jugem.jp, Nintendo Universe, OSV, The Bit Beacon]

8 Respostas to “The Legend of Zelda 25th Anniversary Symphony: entre gritos e aplausos, uma efeméride exemplar”


  1. 1 DGC 28/10/2011 às 2:30 pm

    Não há pelo que se desculpar, caro Alexei.
    Quanto ao concerto, no geral eu achei fantástico e uma homenagem musical digna à série Zelda. Só é realmente uma pena toda essa gritaria atrapalhando ouvir como se deve a performance, cuja a qualidade da gravação já não é das melhores também.
    O que mais me impressionou foram a ‘Boss Battle Medley’, a surpreendente ‘Selected Shorts’ e a épica ‘Twilight Princess Symphonic Movement’.
    Umas menos grandiosas, outras mais, mas ao todo ainda atrás de coisas como o álbum Hyrule Symphony e, claro, da parte Zelda no inesquecível Symphonic Legends.
    No aguardo pelo CD agora.

    • 2 Alexei Barros 29/10/2011 às 1:22 am

      É que, modéstia à parte, eu sempre procurei detalhar os segmentos inspirados pelos sites e blogues japoneses. Com o lançamento do álbum vou poder conferir as faixas de cada número no ouvido, sem acabar me confundindo com tantas traduções diferentes (muito chato quando isso acontece). Eu estou um bocado curioso para ouvir uma gravação do concerto de Londres porque os britânicos costumam ser mais polidos. XD

      No geral, gostei mais do que esperava – leve em conta, como disse, que não conheço tão a fundo as músicas originais. Acho que o meu preferido nessa primeira impressão é o “The Wind Waker Symphonic Movement”, isso que eu passei longe de jogar o The Wind Waker.

      Você falou do Symphonic Legends. Penso que o preço pago por fazer um arranjo tão ousado, inspirado no John Williams e, por consequência, no Período Romântico, é causar opiniões bastante adversas. Pelo que acompanhei nos fóruns gringos, alguns queriam que o Poema Sinfônico fosse integrado à turnê, enquanto outros não querem vê-lo nem pintado.

  2. 3 erikamth 09/11/2011 às 1:42 pm

    É certeza que sairá um album ou DVD da orquestra? Se sim eu comprarei com certeza! Até prefiro não ver videos no youtube para poder aproveitar toda a grandiosidade sem os ruídos indesejáveis.

    Eu sou uma grande fã de Zelda e adoro as músicas! As vezes eu queria muitos estar por aquelas bandas, ou ter um jatinho e visitar concertos no Japão, em Londres ou na Alemanha. Q inveja…


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