Goldeneye nunca morre


Por Alexei Barros

Parece que foi outro dia que ficava atiçado para alugar aquele jogo, chamar os amigos e tirar infindáveis partidas multiplayer. Infelizmente, não foi o meu caso, porque a besta aqui não teve Nintendo 64, mas foi a história de muitos, os afortunados que jogaram Goldeneye 007 nos idos de 1996. Como possuidor de um PlayStation e fã do gênero tiro em primeira pessoa, comecei uma busca por títulos similares em consoles porque era difícil ter um PC poderoso para jogar os mais recentes. Uma procura que foi parcialmente findada com Medal of Honor, claramente inspirado pelo clima de espionagem e objetivos por fase, e mais ainda pelo estupendo, genial e imbatível Medal of Honor: Underground.

Era FPS, mas não James Bond. Sim, acreditei que o trágico 007: Tomorrow Never Dies pudesse ser uma continuação digna, mesmo em terceira pessoa, quando foi uma tremenda caca. A EA Games deu continuidade à tradição nos videogames alternando entre pontos baixos e altos. Verdade seja dita, quando dão tempo à EA, ela consegue, e o maior exemplo disso é o espetacular James Bond 007: Everything or Nothing, que levou dois anos para ser feito. Enquanto isso os frutos resultavam na sequência espiritual Perfect Dark, por ser um FPS da Rare, e na ótima série TimeSplitters, do estúdio Free Radical Design (hoje Crytek UK), que inclui na sua equipe alguns dissidentes daquela época. O design ímpar das armas e a jogabilidade suave confirmam.

Tempos depois, mesmo com o visual bastante ultrapassado, pude finalizar o Goldeneye 007 e comprovar pelo emulador que se trata de uma obra paradigmática. Diria mais, triplamente paradigmática. FPSs não são jogáveis em consoles? FPSs só são atirar e atirar? Jogos licenciados são uma porcaria? Tudo foi derrubado. Para não dizer do multiplayer em tela dividida. Goldeneye 007 revolucionou, trazendo mais inteligência ao gênero – avanços que foram emburrecidos em Halo, equivocadamente tido como um sucessor no que se refere a referências nos FPSs de console.

Apesar da influência exercida por todos os títulos mencionados, quem mais sofreu pela lacuna foi a Nintendo, que nunca teve outro FPS exclusivo do mesmo quilate – Metroid Prime é um jogo de aventura, aliás, também influenciado por Goldeneye 007, ou então de onde você acha que foi inspirada a animação da câmera que mostra o cenário e entra na visão do personagem principal?

Todo este longo introito é para dizer que foi com surpresa que recebi a notícia da reinvenção de Goldeneye 007 para Wii na E3 2010, mesmo porque já se passaram seis filmes da franquia, e o ator principal nem é mais Pierce Brosnan, mas Daniel Craig, como se sabe.

Não me empolgaria mais do que o normal se não fosse por um detalhe: Goldeneye 007 é da Eurocom, a desenvolvedora britânica que fez o melhor FPS do James Bond depois da Rare, o excepcional James Bond 007: Nightfire nas versões de PlayStation 2, Xbox e GameCube – de PC era da Gearbox Software. A publicação, como o Quantum Solace, será da Activision, a atual detentora dos direitos autorais. A expectativa é muito maior do que de um Goldeneye: Rogue Agent, por exemplo, aquela picaretagem que tentou aproveitar o nome forte do olho de ouro ainda possui nos jogos.

Bem como Donkey Kong Country Returns, e também por ser uma herança da Rare, o novo Goldeneye está livre da obrigação de causar o mesmo impacto, e sim apenas trazer à tona muitas das lembranças áureas do N64. Mas que é bizarro ver Daniel Craig em vez de Pierce Brosnan no jogo, isso é.

Abaixo o trailer de revelação do título que já sai em novembro.

13 Respostas to “Goldeneye nunca morre”


  1. 1 00Agent 17/06/2010 às 1:02 am

    Realmente, Goldeneye quebrou tudo na época que foi lançado. Me tornei fã dos filmes do James Bond por causa dele. Não vai haver outro jogo que tenha me prendido tanto quanto esse – Perfect Dark quase chegou lá.

    Agora, tenho minhas incertezas se o remake causará impacto semelhante ao original. Principalmente porque, na minha opinião, o gênero FPS tornou-se extremamente saturado, e haverá diversos concorrentes de peso para o jogo da Eurocom. Ainda assim, não duvido que eles não vão deixar de fazer um trabalho excelente, como com a versão de N64 de The World is Not Enough e o Nightfire para os consoles.

    Aliás, vamos ver se as adaptações e liberdades feitas pelo roteiro do jogo em relação ao filme e o jogo original de 97 irão agradar. Pelas imagens rápidas do trailer, parece que o 006 irá junto com o James durante toda a fase da DAM, James Bond irá pular da represa sem ser de Bungee-Jumping…

    E vamos ver se o multiplayer fará jus!

  2. 2 Orakio "O Gagá" Rob 17/06/2010 às 7:39 am

    Nunca joguei Golden Eye, e só vendo as fotos não dá para entender direito por que o jogo é tão popular. Acabei de fazer um post sobre a E3 lá no Gagá Games e estava justamente pedindo ao pessoal que jogou que desse suas opiniões, dizendo por que o jogo era legal. Agora que li este post…

    ** checando a lista do Virtual Console **

    Pô, não tem… será que é algum problema com a RARE? Também não tem Perfect Dark.

    • 3 00Agent 17/06/2010 às 10:34 am

      É sim, seu Gagá. Os outros jogos da Rare (como Banjo-Kazooie, Blast Corps, Diddy Kong Racing, Conker’s Bad Fur Day) não tem no VC, tem? Então. E, mesmo se tivesse, relançar o GE antigo envolveria problema com a Rare, depois com a Microsoft, e com a EON Productions (que produz os filmes do James Bond), com a MGM/Sony, e com o Pierce Brosnan. É até surpreendente o fato deles tentarem refazer o Goldeneye – e ainda trazendo de volta personagens antigos da série de filmes, como Scaramanga e Oddjob.

  3. 4 Alexei Barros 17/06/2010 às 11:59 am

    @ 00Agent

    Ah, mas que não vai repetir o impacto eu tenho certeza que não vai, afinal todo o legado do Goldeneye já está aí. Seria o mesmo se a Nintendo lançasse um remake do Ocarina of Time hoje em dia. Vale mais pelo apelo nostálgico mesmo.

    Coincidentemente, mesmo após essa história toda que contei, também me tornei fã do James Bond depois do jogo. Só que naquelas, porque ainda não vi a maior parte dos filmes. Boa a lembrança do The World is Not Enough do N64, que era da Eurocom. Acabei não mencionando no texto porque joguei somente a versão do PlayStation, que era da Black Ops, por sinal a mesma do Tomorrow Never Dies.

    @ Orákio

    Está mais do que respondido pelo 00 Agent o motivo para não haver Goldeneye no VC, e sobre a importância do jogo, fico feliz que tenha atiçado a sua curiosidade com o meu texto.

    Eu acho que o jogo sofre um pouco da síndrome de FFVII, porque os gráficos são daquele período inicial do 3D e bastante quadradões. Mas como eu sei que você é um retro-gamer e não liga para coisas como essa, recomendo fortemente que jogue, afinal o Goldeneye sempre figura nos tops de melhores de todos os tempos. Ah, não sei também se você curte primeira pessoa… se me lembro bem, na época esse era um jogo obrigatório, e mesmo quem não gostava do gênero acabava apreciando.

  4. 5 GLStoque 17/06/2010 às 1:42 pm

    Eu acho que a melhor coisa do N64 era seu multiplayer para 4 pessoas e foi o recurso menos aproveitado no console. Todo mundo queria saber como era jogar qualquer jogo de 4. Mario Kart, StarFox e Goldneye é que seguraram a onda. O único jogo de tiro que gostei de jogar, ver as pessoas jogando e discutir foi 007. Gostei da idéia do remake.

    • 6 00Agent 17/06/2010 às 2:38 pm

      Menos aproveitado? Poooooxa… Tem tanto jogo legal com multiplayern de quatro pessoas para o console, dá pra ficar até amanhã citando! E eram tão divertidos quanto o Goldeneye!

  5. 7 Gustavo Hitzschky 17/06/2010 às 8:34 pm

    Maestro, o senhor foi preciso em sua resposta para o Orakio “Lady” Gagá. Mesmo quem não era fã de xóters na época acabou jogando o Goldeneye – esse com certeza é o meu caso. Particularmente fico muito satisfeito com esse remake, e acho que a Nintendo é perfeita na mescla que faz entre inovação e tradição.

  6. 8 Uehara 22/06/2010 às 6:30 pm

    Aí, vamo na Temple, só Goldengun!

    Eu não tive N64, mas ia na lojinha perto da escola jogar. Não sou de reclamar de gráficos, mas… esse trailer aí me deu certo desgosto. Acho que podiam dar uma melhorada na apresentação. The Conduit 2 também promete multiplayer em tela dividida, e o primeiro jogo tem gráficos decentes. Acho que o Wii é capaz de processar gráficos melhores.


  1. 1 Goldeneye nunca morre « Hadouken | Quem Morreu! Trackback em 17/06/2010 às 2:26 am
  2. 2 Gagá Games » E3: Nintendo traz um monte de velharias para a gente! Trackback em 17/06/2010 às 7:50 am
  3. 3 007: Blood Stone: a Activision parte para o tudo ou nada « Hadouken Trackback em 17/07/2010 às 1:42 am
  4. 4 “Bond Theme” – From Russia With Love (Games in Concert) « Hadouken Trackback em 30/10/2010 às 12:05 am

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