Por Alexei Barros
O mundo dos concertos de games, apesar de ter crescido muito nos últimos cinco anos, ainda é consideravelmente pequeno, por isso lamento quando acontece uma baixa nesse nicho, como foi o caso da série holandesa Games in Concert encerrada em 2008, mesmo que todos os comentários relatassem casas cheias e os vídeos mostrassem uma qualidade invejável.
Eis que do nada surge uma iniciativa promissora na Inglaterra, como se já não bastassem as visitas por lá das turnês The Legend of Zelda 25th Anniversary Symphony dia 21 de outubro e Distant Worlds dia 5 de novembro. Intitulado Video Game Heroes, o concerto se deu 2 de setembro no Royal Festival Hall em Londres com a execução da London Philharmonic Orchestra, que possui em sua história longa relação com games, por álbuns como Gradius in Classic I e II, Xenosaga Original Soundtrack e uma plêiade de discos de Dragon Quest. Compositor de filmes e seriados, Andrew Skeet foi o maestro.
O set list é no mínimo interessante. A parte japonesa é bem básica, levando-nos de volta para meados da década passada, na época em que espetáculos de games eram raros fora do arquipélago nipônico: Zelda e Mario (em versões do OGC), tema principal de Final Fantasy, “Liberi Fatali”, tema do Metal Gear Solid 2: Sons of Liberty e Tetris. Como exceções, “Wind Garden” (Super Mario Galaxy) e especialmente, uma surpresa completa, a “The Last Movement” (Enemy Zero). Embora seja assinada pelo renomado compositor inglês Michael Nyman – motivo que talvez explique a escolha da faixa –, é daquele jogo de Saturn e PC do Kenji Eno. Inclusive foi no Enemy Zero que certo gênio começou sua carreira como animador: Fumito Ueda, o diretor de ICO, Shadow of the Colossus e The Last Guardian.
Do lado ocidental, ficou incrível, considerando as importâncias dos jogos: Little Big Planet, Tom Clancy’s Splinter Cell: Conviction, Dead Space, Fallout 3, Call of Duty: Modern Warfare, Call of Duty: Modern Warfare 2 e até Angry Birds. Menos empolgantes por já terem sido tocados em outras oportunidades: Advent Rising, Battlefield 2, The Elder Scrolls IV: Oblivion, Mass Effect, Halo 3, BioShock e por aí vai.
Dessa leva, para mim, a música que mais me fisgou é a “Athens Harbour Chase”, por ser de autoria do competentíssimo Richard Jacques. Pouco importa se o James Bond 007: Blood Stone não foi lá grande coisa. É a melhor do jogo, com as trombetas em efervescência como manda o estilo musical 007. Ouça e repare na quantidade de instrumentistas: isso é um concerto, isso é uma orquestra de verdade. Mais uma vez evoco o Games in Concert, que havia, aliás, tocado a “Bond Theme”. Uma das virtudes das performances holandesas era a capacidade de conciliar banda e orquestra com pleno êxito. Não dá escutar com perfeição por ser um registro amador, mas note que há baixo elétrico. E tem bateria também.
Antes que apareça um comentário padrão “queria estar lá, torço pelo lançamento do CD”, saiba que o concerto originou uma gravação em estúdio, e o álbum correspondente será lançado apenas digitalmente ainda em 2011. Tudo bem que a maioria das faixas usa as mesmas partituras das trilhas e não sei se vai dar para incluir todas as músicas executadas por prováveis empecilhos de licenciamento, mas é para ficar animado.
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