E se engana quem achava que a “Final Confrontation” foi a única música do Castlevania: Lords of Shadow tocada no Festival Cine Ubeda 2011. Para servir como contraponto à magnitude da anterior, foi executada uma faixa mais calma, a “Maze Gardens”, com um solo lírico pungente e fielmente executado por uma cantora que não consegui identificar… isso até voltar a pompa com o coral pouco depois da metade da performance. Mas no começo e no final, quando regressa o vocal solo, prevalece o clima etéreo. Outra bela atuação da Orquesta Filarmónica de Málaga e do Coro Zyriab.
Por consequência do aumento da participação de compositores cinematográficos nas trilhas dos jogos, a game music acaba ganhando espaço também em concertos de músicas de filmes. Ainda é uma tendência recente, ou não sei se é até prematuro demais chamar de tendência: calhou de tocarem algumas faixas do Castlevania: Lords of Shadow no espetáculo Festival Cine Ubeda 2011 na Espanha. Não por coincidência; o compositor é o espanhol Óscar Araujo que esteve presente no concerto e assistiu à exímia performance da Orquesta Filarmónica de Málaga e do Coro Zyriab na regência de Arturo Díez Boscovich.
Nota-se pelo vídeo, de uma qualidade pelo menos duzentas vezes melhor que a média dos registros amadores, a magnitude da orquestra e do coral. Uma grandiloquência que julgo necessária, visto que devem ter usado a mesma partitura da gravação da trilha que foi executada pela Bratislava Symphony Orchestra, com cerca de 120 instrumentistas.
Por isso tudo, entre tantas seleções de filmes e seriados, a faixa “Final Confrontation” do Lords of Shadow acaba não se distinguindo como música de videogame na apresentação. Quem não jogou ou não conhece a trilha é capaz de ouvi-la sem imaginar que o tema veio de um jogo, o que é natural, dada a origem do compositor.
Agradecimentos à Jejé Pinheiro pela valiosa descoberta.
Um dilema me consome. Na maioria das ocasiões, preparam-se arranjos novos para apresentações únicas, enquanto que nas turnês, em que os números são repetidos diversas vezes, costumam-se reciclar partituras conhecidas, a exemplo do “Castlevania Suite” do Play! A Video Game Symphony, já que um excerto do segmento é baseado no álbum Perfect Selection Dracula ~New Classic~.
Mas isso vem mudando. O Play! está se aperfeiçoando. Como prometido, e com número maior de composições que o anunciado, foi mostrado um arranjo inédito da série vampiresca no concerto em Dayton. Antes de embarcar no vídeo, adianto duas coisas: 1) Em nenhum instante do medley senti o mesmo deleite nostálgico da “Dracula’s Castle” do Castlevania the Concert; 2) Ainda gosto mais, falando de miscelâneas de toda a saga, do enxuto “Castlevania Medley” do Press Start 2007, apesar de que alguns possam achar que as faixas foram socadas pelo pouco tempo total. De jeito algum isso fere o trabalho de Chad Seiter, que sinaliza um novo passo no processo de maturação dos arranjos dos concertos de games, sem a obrigação de se prender à literalidade, percurso capitaneado pelos concertos Symphonic da Alemanha.
De cara se nota isso: a “Vampire Killer” é homenageada brevemente, o suficiente para vir à mente a melodia. “Moonlight Nocturne” surge calmamente com as coristas femininas, as flautas, os coristas masculinos, no momento em que o Play! tem um momento Video Games Live no telão, com a aparição da impagável mensagem “What a terrible night to have a curse” do Castlevania II: Simon’s Quest, arrancando risadas do público. “Iron Blue Intention” surge de leve e, com as batidas da percussão, vira uma marcha e fica sublime nas cordas e melhor com o coral. “Message of Darkness” adiciona um clima de nervosismo, especialmente quando, de novo, o coro invade a performance, o que também acontece com a “Bloody Tears”, que ficou fantástica dividida entre os sussurros, os metais e os violinos. A “Vampire Killer”, em nova rendição, é emendada naturalmente, fechando com a “The Last Battle”, que não soou deslocada como temia por ser do Lords of Shadow, de um compositor de estilo diferente dos demais, Óscar Araujo.
Se na “Terra’s Theme” a orquestra é que mostrava excelência, agora o coral que causa admiração, especialmente porque, pelo alto custo de contratação, nem sempre são usados os melhores corais em apresentações de turnês. É, Play!, seja bem-vindo de volta.
P.S.: Eventualmente, posso ter esquecido de alguma música ou me confundido de faixa do Lords of Shadow. Caso isso aconteça, não deixe de bradar nos comentários.
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