Por Alexei Barros
Um dos fatores que sempre me queixei no Video Games Live é a ausência quase que completa de compositores japoneses nos eventos e nas performances. Que me desculpem os ocidentais, mas os nipônicos são, a meu ver, os mais talentosos. As aparições do Koji Kondo e Jun Senoue no VGL 2007 em São Francisco foram milagrosas. Até por isso, pela falta de identificação do show com o Japão, causa tanta incerteza a realização do VGL em Tóquio.
O PLAY! A Video Game Symphony – não resisto à tentação de comparar as duas turnês mundiais –, em contrapartida, não só tem o costume de trazer diversos japoneses (o PLAY! de estreia, que aconteceu em Chicago em 2006, teve a proeza de reunir o dream team da game music oriental Nobuo Uematsu, Koji Kondo, Yasunori Mitsuda, Yuzo Koshiro, Akira Yamaoka e Takenobu Mitsuyoshi), como muitas vezes os próprios compositores participam da performance. Exemplo: Akira Yamaoka na guitarra de “Theme of Laura”.
As participações especiais do VGL se resumem a fãs que, com todo o respeito, são apenas fãs. Ocasionalmente, eles podem até tocar melhor (claro que o Martin Leung toca o tema do Mario mais rápido que o Koji Kondo), mas ter os compositores na execução confere singularidade ímpar. Então chegamos ao momento raro: compositor japonês em um palco do Video Games Live. Norihiko Hibino no saxofone de “Snake Eater”.
Minha hesitação quanto à instrumentação se confirma. No palco, não há guitarrista. Não há baixista. Não há baterista. Enfim, não há banda. Como de praxe. E o que causa maior espanto: não há sequer uma cantora. Além disso, como o VGL tem o reprovável hábito de usar playback, não dá para saber o que está sendo feito na hora (a bateria, o baixo e até os enfeites da introdução no piano em 1:00 e 1:11 são aparentemente sintetizados).
Mas eis que vejo Hibinão, o autor da música, entrando com o seu inebriante saxofone que faz a vez do vocal, e que só não é melhor ouvido por causa da gritaria do público no meio da performance, ainda que justificada. Dentro dos padrões do VGL, é surpreendentemente fantástico.
Por mais que os caras pisem na bola com certa frequência, dessa vez mandaram bem. O saxofone no lugar do vocal deu um ar diferente pra música, ficou bom.
Concordo plenamente, Igor. Ficou diferente da original, e nem por isso dá para falar que uma cantora fez falta.
Por isso mesmo, esse deve ser o primeiro post que faço elogiando o VGL em uns… Três anos…
Ok super legal o Hibino tocando sax mas PORRA CADÊ A VOZ? A não importa o quão bom ficou, a Snake Eater pra mim sem voz não rola mesmo!
Interessante o seu ponto de vista, Khronny… Bom, a execução perfeita seria a VGO com a harario no vocal + o Norihiko Hibino no sax. :)
Nossa a VGO com a harario na voz e Hibino no sax iria ficar fantástico mesmo!!!
Eu falei isso sobre a snake eater porque eu acho que o que dá o clima para a música é a intensidade da voz que transforma uma simples melodia bonita em uma música sentimental e marcante. Sei lá eu posso estar viajando mais é o que eu acho da música.
Diferente, mas ficou legal. Gostei. (acostumando a fazer comentários sucintos pelo vício no twitter)
@ Khronny / Mancha
De maneira alguma você está viajando, Khronny. Tem total fundamento o seu comentário.
Apenas um extra: o fato de não haver a participação de uma cantora também comprova que não é qualquer vocalista de estilo mais erudito que conseguiria cantar a “Snake Eater”, diferentemente dos segmentos de Medal of Honor, Civilization IV, Advent Rising, God of War etc. Se não com certeza usariam uma coralista local. Aí que beira o problema: a única graça dessa performance é a participação do Hibino, e claro que ele não vai estar em todos os VGLs. Se em outros shows tocarem essa versão instrumental com um saxofonista anônimo ou mesmo sem o sax ficaria totalmente sem graça. Por isso, aposto que essa será a primeira e talvez única performance da música.
Terei que discordar de vocês. Snake Eater é fantástica não só pela melodia, mas por se tratar de uma homenagem a cultura de filmes de espião, etc. Ouvindo a música em conjunto com a abertura é difícil não lembrar de 007. Sendo assim, seria de se esperar que a ausência de vocal tirasse todo o espírito da música, mesmo. Só que acho que do jeito que foi executado, com o sax fazendo a linha do vocal, se conseguiu manter esse clima, até pela escolha do instrumento.
Ah, concordo também, Igor! Mas, assim, por mais que também tenha gostado desta versão instrumental, acho que a ausência da cantora só foi compensada pela participação especial do Hibino nesse caso. Muitas das performances do VGL têm instrumentação incompleta (para falar de uma mais conhecida, não há baixo e bateria na “Advent One-Winged Angel”, por exemplo), e a mim soaria meio picareta se a “Snake Eater” passasse a fazer parte do repertório em uma versão sem vocal e sem Hibino.
Concordo com você, Alexei. O sax na música só é legal, pois essa é uma apresentação especial com o Hibino. Eu não aprovaria qualquer apresentação de Snake Eater sem o mínimo da instrumentação que a original tem e sem o vocal, mas como é o Hibino “da pra engolir”. O pior será se a VGL transformar Snake Eater em mais um de seus seguimentos picaretas, em que a instrumentação é incompleta(algumas vezes com apenas um instrumento).
Por isso que eu digo:”Snake Eater da VGO é o que há”
Incrível! Me surpreendeu também. Ouço essa música toda semana, enquanto estou indo para o trabalho dentro do busão nosso de cada dia, hehehe. Se a tendencia continuar, Mr Tallarico e Mr Hall sairão do oriente mais fortalecidos. Estava na hora de uma guinada assim no VGL. A pergunta que fica é: será uma excessão ou tendência mesmo? Eis a questão…
Off: Alexei, eu vi no site do VGL que eles lançaram um MP3 personalizado. E para minha surpresa, junto com o kit acompanha faixas do CD. Só que para ainda mais surpresa, já consta a do Earthworm Jim. Confirma isso?
@ Marques
“Eu não aprovaria qualquer apresentação de Snake Eater sem o mínimo da instrumentação que a original tem e sem o vocal, mas como é o Hibino “da pra engolir”.”
Você falou absolutamente tudo! Assino embaixo!
“Por isso que eu digo:”Snake Eater da VGO é o que há”” (3)
A VGO tem sim baixo, bateria, guitarra e vocal. :)
@ Vinicius
Como comentei logo acima eu acho que é exceção, Vinicius, não tem cara de que a música fará parte do repertório fixo. Quanto ao MP3 Player confere mesmo isso, mas ainda não tive oportunidade de ouvir. Porém, não sei se já é o Earthworm Jim orquestrado… Aliás, a maioria dos segmentos que vem junto com o aparelho não é a mesma do CD. Mass Effect também não tem no VGL: Volume One, por exemplo. No Kotaku dá para ver a track list.
Baahhh como eu amo essa música! *___*
@ Alexei
“Interessante o seu ponto de vista, Khronny… Bom, a execução perfeita seria a VGO com a harario no vocal + o Norihiko Hibino no sax”
Como assim “harario” no vocal? Harario é a cantora da versão japa de Snake Eater? =)
Apesar de eu adorar as músicas cantadas em japonês, pra mim a Snake Eater só na voz da Cynthia Harrell, cantada em inglês. xD
@ Rebeca
Ah, sim, Rebeca, quando mencionei a harario me referia à performance do grupo amador de fãs de Boston intitulado Video Game Orchestra que linkei logo acima. A canção aparece no meio do medley “Metal Gear Solid 3”.
A versão japonesa, pelo que confirmei agora, é cantada pela Akiko Wada. Também notei agora que a “Snake Eater (Japanese Version)” tem instrumentação diferente da americana. Eu gosto muito mais da americana porque tem a cara de filme de espião como o Igor comentou logo acima por causa da participação mais efetiva dos metais. A nipônica não tem a mesma graça.
Inclusive foi baseada nessa instrumentação japonesa que a “Snake Eater (from Metal Gear Solid 3)” foi executada ao vivo no Hyper Game Music Event 2007 com a voz da Yuki Koyanagi, inclusive com o Norihiko Hibino participando da banda no saxofone. Para causar mais confusão, a Koyanagi cantou em inglês…